sexta-feira, 29 de abril de 2011

TÉCNICAS DE SOBREVIVÊNCIA EM APS – A AVALIAÇÃO INDIVIDUAL

Hoje nós vamos tratar de um assunto de vital importância para o bolso do servidor do INSS – a avaliação individual. Para calcularmos o valor de nossa gratificação precisamos fazer uma análise completa do gerente em relação à chefia imediata e em relação ao servidor a ele subordinado. Da mesma forma devemos analisar os diversos tipos de servidores de acordo com o  desempenho de suas funções. Veremos que a equação daí resultante é simples e de fácil compreensão como o cálculo do fator previdenciário.
Primeiro iremos listar as espécies de gestores. Dessa vez, com mais delicadeza para não causar suscetibilidades como os havidos no capítulo a eles dedicado; quem já levou uma surra, outra não quer levar (ainda me dói o galo...). A seguir enumeraremos os variados tipos e subtipos de servidores sem patente. Do cruzamento dessas informações é que depende o resultado da avaliação. Portanto, procure identificar a classe de servidor a que você pertence e à qual pertence o seu chefe.

Os gerentes:

1.                            O gente-fina: É o tipo de chefe que agrada bastante aos seus subordinados embora não seja muito admirado por  seus superiores, o que costuma resultar em uma breve estadia no cargo máximo de uma APS. Isso porque ele é muito dedicado, não exatamente às funções inerentes ao trabalho, mas àquelas, por assim dizer, extra-curriculares, como reuniões na escola dos filhos, aniversário dos netos, cabeleireiro e manicure ou, em sua versão masculina, levar o carro ao mecânico  e pesquisar preço de pneus.
2.                            O responsável: Essa categoria de gerente possui níveis de intensidade variadas o que não altera muito a conseqüência de seus atos pois, uma vez que ele tenta efetivamente se adequar às exigências provenientes de gerência, sempre acaba sobrando mais trabalho e cobrança para a ralé da qual você, caro colega, faz parte. Ele pode ser companheiro e justo e, portanto, pedir em vez de ordenar ou arrogante e prepotente, entretanto, sob o jugo de um ou de outro, as tarefas vão cada vez mais se avolumando.
3.                            O delirante: É aquele que considera um verdadeiro trono a cadeira em que se senta e o topo de sua carreira, a coroa, logicamente, é avaliação individual onde ele pode decidir o percentual de gratificação que você vai receber. Imagine o perigo a que  fica exposto um servidor que não tem o delicado costume de lhe servir constantes cafezinhos, arrumar sua mesa e tecer incessantes e variados elogios.
                 

             Os subordinados:

1.                                       O compulsivo: É aquele servidor que trabalha o tempo todo, também conhecido como “soro & sonda”, pois não abandona o trabalho nem para ir ao banheiro imagine para fazer um lanchinho... Embora raros, já que representam apenas 0,12 % dos funcionários do INSS, a classe ainda não está totalmente extinta.
2.                                       O moderado: É aquele que cumpre suas tarefas com uma dedicação sem excessos, com correção mas sem fanatismo, porém, sempre aguardando ansiosamente o fim do expediente ou próximo feriado. Representando 22, 9 % dos servidores, a categoria está em franca decadência.
3.                                       Os outros: Para evitar desnecessários melindres não utilizaremos nenhum adjetivo, todos depreciativos, para nomear a casta majoritária dos servidores e que se divide em três subtipos:
a.         O discreto: É aquele que não trabalha mas disfarça bem, andando                            com processos de um lado para o outro e constantemente reclamando do excesso de serviço e de fadiga.
b.      O assumido: É aquele que não quer nada com o trabalho e pronto. Enrola o quanto pode e não tem medo do chicote do supervisor nem de perder pontos na avaliação.
c.       O dengoso: É o par perfeito para o gerente delirante cujas atribuições foram citadas acima embora não todas. A principal delas é a de informante, fazendo fofocas em geral além de acusar e denunciar seus desafetos pessoais.


Passemos agora a analisar a combinação desses fatores entre si:

Chefe tipo 1 com qualquer espécie de servidor é garantia de  20% de gratificação pelo simples fato de que ele, que não cumpre com seu dever, não pode exigir nada de seus subalternos. Aproveite o quanto pode...
Chefe 2 x servidor 1 e 2 = 20 pontos;
Chefe 2 x 3a corresponde de 18 a 20 pontos de acordo com a mestria do servidor em camuflar sua real competência.
Chefe 2 x 3b = variável de 15 a 17 pontos, conforme humor e boa-vontade do gerente no momento da avaliação.
Chefe 2 x 3c = impossível pois esse subproduto do funcionalismo não é compatível com tal gerente.
Chefe 3 x 1 2 3a e 3b = incógnita. É recomendado o costume de dar uma certa atenção ao superior de modo a não ter uma surpresa financeiramente desagradável.
Chefe 3 x 3c = 20 pontos com pesar já que não pode ser mais...

Após esta lição esperemos que o colega esteja qualificado para, digamos, avaliar sua avaliação de forma correta e eficaz. Qualquer erro de cálculo deve ser considerado como erro de análise do avaliado e não incorreção dos dados do presente estudo.




quinta-feira, 21 de abril de 2011

TÉCNICAS DE SOBREVIVÊNCIA EM APS – OS EXERCÍCIOS


Embora a Previdência Social não propicie certos cuidados médicos preventivos em forma de exames periódicos, ela, de modo algum, descuida da saúde de seus servidores. Utiliza, para isso, de métodos peculiares e sutis, tendo por base a prática de atividades físicas regulares que todos sabemos serem essenciais para uma vida saudável, diferentemente do sedentarismo de que se crê  ser vítima todo o funcionalismo público.
O que a muitos pode parecer desleixo ou despropositada economia tem como finalidade a melhoria da qualidade de vida do cidadão-servidor. Quando, por exemplo, os elevadores do prédio ficam com defeito e jamais são consertados, não é por má administração do gerente executivo ou qualquer entrave burocrático e, sim, para que o servidor se exercite subindo e descendo as escadarias várias vezes ao dia de modo a tonificar a musculatura dos membros inferiores e condicionar o coração e os pulmões, aumentando o fôlego. Na segunda semana de tais exercícios já é possível notar que não se chega mais arfando no sexto andar nem tem que parar mais de quatro vezes durante o percurso. Até o quarto andar, poucos são os que sofrerão um enfarto ou sentirão câimbras nas pernas.
Para os fumantes a paralisia dos ascensores é duplamente benéfica, conhecedores que somos do quão fatal é o sedentarismo unido ao fumo. Muitos fumantes preguiçosos abandonam o vício  pelo simples fato de não suportarem o sobe e desce a cada meia hora, para enfumaçar a calçada. Outros, mais corajosos, têm de fazer o trajeto duas vezes por terem esquecido o cigarro ou o isqueiro. Duplo exercício para estes, fim da dependência para aqueles.
Observem também o que acontece no caso daquela velha lâmpada  que, ao contrário de suas companheiras, ainda não queimou embora esteja em vias de, e que fica piscando sem parar,  bem em cima da cabeça do pobre servidor. Certo dia, um colega, não tolerando mais aquele tremelique luminoso, sobe na mesa a fim de fazer com que a lâmpada se decida, de uma vez por todas, entre a luz e a escuridão. Apoiado na ponta de um pé, os braços esticados à frente e para o alto, a outra perna, elevada para trás a manter o conjunto num harmonioso equilíbrio, alongando o corpo por inteiro, como uma bailarina pronta para um primeiro rodopio do Lago dos Cisnes. Imaginem a cena e me digam se esta graciosa composição anatômica não há de ser salutar tanto ao corpo quanto à alma de seu executante...
E o que dizer daqueles vírus que acometem todos os computadores e impressoras ao mesmo tempo e que, quando se manda imprimir algo, não se faz idéia em que máquina poderá ser encontrada o resultado de sua iniciativa. Percorre-se toda a agência, verifica-se na perícia, procura-se no RH, não estaria no Financeiro?, oh!, eis que a encontramos na Procuradoria. É verdadeiramente lamentável que tal estratégia para a execução de atividades físicas nunca perdure mais que seis meses, talvez por excessivo zelo e presteza dos colegas da DATAPREV, talvez por pressão dos servidores moleirões que não se divertem em se exercitar durante o horário do expediente.
Isso tudo sem contar as benesses do SISREF (Serviço Imprescindível de Sistemática Regular de Exercícios Físicos), principalmente na volta do almoço. Depois daquele lauto banquete do meio-dia, é hora de voltar para o batente, aliás, já está mesmo quase passando da hora, e o servidor tem que galopar de volta à agência. À sua frente, invariavelmente, encontra uma fila interminável de B87* e B88**, logicamente indo ao mesmo destino que você. Leve tudo na esportiva. Se você for do tipo atlético, imagine-se numa corrida de obstáculos, desvie de um e de outro com maestria e perícia. Nunca, em hipótese alguma, imagine-se num jogo de boliche prestes a fazer um strike, pois, uma meia hora depois, quando os retardatários chegarem à APS poderão dedicar-lhe uma bengalada ou muletada, conforme o caso.
A prática constante dessas involuntárias atividades é garantia de perda de dois quilos por mês. Eficiente como um SPA permanente e, melhor ainda, gratuito.


*Benefício Assistencial ao Deficiente
             **Benefício Assistencial ao Idoso

quinta-feira, 14 de abril de 2011

TÉCNICAS DE SOBREVIVÊNCIA EM APS – ESTATÍSTICAS

Números, índices e porcentagens são elementos que não podem faltar em livros técnicos como este, pois dão credibilidade a uma matéria uma vez que essas minúcias revelam um exercício criterioso e detalhado de pesquisa, trabalho de campo e análise profunda do tema. Embora 72,5 % das pesquisas não possam ser confirmadas, deixando no ar uma certa dúvida sobre sua veracidade, esse pormenor é insignificante e não ofusca o brilho de letreiro luminoso que a combinação de números oferece.- 72,5 %! Uau! - dirá o leitor. As pessoas gostam de acreditar no que ouvem ou leem.
O servidor da Previdência, por exemplo, em sua reunião mensal, é inteirado de todos os índices que permeiam o atendimento e o processamento de benefícios, muitos deles conflitantes como, por exemplo, o tempo médio de atendimento X resolutividade. Muito bem sucedidos em retórica, os criadores dessas equações são um tanto ineficazes em cálculos simples e desconhecem a base das grandezas diretamente proporcionais que, de acordo com o rigor científico, conclui que, quanto mais tempo é gasto no atendimento, maior a possibilidade de resolução do problema, no caso, um benefício, e preconizam exatamente o contrário, exigindo mais rapidez no atendimento e mais alto índice de resolutividade, tudo ao mesmo tempo. Mas quem de nós não se emociona ao ouvir falar que o TMA (tempo médio de atendimento) deve ser de 30 minutos e nós alcançamos a média 28 minutos e 32 segundos? Ou que o IRES (índice de resolutividade) ideal é de 45 % e estamos em 46, 78 %? E ficamos a imaginar o que se pode mais fazer para quebrar recordes e alcançar o mais alto degrau do podium previdenciário.
Então, hoje nós vamos aqui oferecer alguns números para o regozijo e informação dos colegas e que poderão ser usados para fazer  boa figura em conversas com amigos e familiares, entreter crianças e até mesmo iniciar um namoro com intenções matrimoniais, dado o interesse comum e elevado grau importância, comparáveis aos índices acima citados.
·                                  38% das senhorinhas contempladas com um Benefício Assistencial ao Idoso (LOAS) - que, à época do requerimento do benefício, ao apresentarem uma certidão de casamento,  juraram de pés juntos não terem notícias do cônjuge há mais de 40 anos - retornam em pouco tempo, com a mesma certidão com a finalidade de obter uma pensão por morte. 93% destas pobres viúvas ficam absolutamente espantadas quando lhes é mostrada a declaração de separação de fato anexada ao processo de LOAS. Os 7% restantes afirmam que a assinatura não é delas.
·                                  63% dos aspirantes a um Benefício Assistencial ao Deficiente sofrem apenas de hipertensão ou cefaléia. 89% dos requerentes que se declaram vítimas de síndrome do pânico são vistos regularmente passeando pelas ruas da cidade ou tomando cerveja com os amigos.
·                                  São em média de cinco as tentativas de aposentadoria por idade antes que o cidadão resolva compreender que não tem direito ao benefício e se aventure a um pedido de LOAS. Já os pedidos deste último chegam a oito antes que o mesmo cidadão resolva compreender que também não faz jus a este benefício.
·                                  99,8% daqueles segurados que conseguem um auxílio doença desejam mantê-lo a todo custo e, de preferência, engatar com uma aposentadoria por invalidez; 0,2% falece antes do término do  benefício.
·                                  96% dos segurados que ficam desempregados por mais de 30 dias recorrem ao INSS em busca de um benefício de modo a garantir um equivalente a férias remuneradas. O primeiro deles é o auxílio-doença e sua motivação principal é algum problema de coluna. A partir de terceiro mês de desemprego, 74% das seguradas engravidam a fim de usufruírem o salário maternidade e 25% dos segurados se esforçam por conseguir uma vaga num presídio com o objetivo de assegurar o sustento da família através do auxílio-reclusão.


                95,7% das cifras acima são verdadeiras e baseadas em pesquisas realizadas em diversos estados, ao longo do tempo; os 4,3% restantes podem ser considerados como um arredondamento de crédito...



quinta-feira, 7 de abril de 2011

TÉCNICAS DE SOBREVIVÊNCIA EM APS – O NOVO AUXÍLIO DOENÇA

Hoje nós vamos tratar de um assunto muito sério e atual e seus possíveis desdobramentos e agradáveis conseqüências: o auxílio-doença sem a necessidade de perícia médica até um total de 120 dias. Quatro meses de férias para o segurado, tempos de paz para os peritos. Livres, ambas as partes, daquele encontro, algumas vezes fatal, cujo resultado nem sempre é agradável ao requerente. Em breve, bastará um simples laudo médico para a consagração do benefício. Afinal de contas, como sempre reclamaram os cidadãos de bem e os nem tanto, só mesmo o paciente é capaz conhecer tudo a respeito de seu estado de saúde; como pode um terceiro, no caso, um perito médico, avaliar suas condições físicas e mentais, suas idiossincrasias, disposição social, ânimo para o trabalho, enfim, sua capacidade laborativa? Um indivíduo que tem acessos de espirros de segunda à sexta, numa verdadeira reação alérgica ao trabalho, não deveria ter reconhecida sua incapacidade para a vida produtiva?
 Talvez, em futuro não muito distante, nem mesmo esse “decreto médico”, o laudo, será mais necessário; tudo se baseará na presunção de boa fé. Afinal, o povo brasileiro, dos seus mais humildes cidadãos aos ocupantes das mais  altas hierarquias, cada vez mais dá mostras de ser movido pela honestidade, pelo respeito ao bem público e ao patrimônio social.
Este conveniente e singular acordo entre as partes conflitantes, fruto da sabedoria de nossos dirigentes, se dará para evitar o desagrado do segurado, figura que deve ser protegida de todo o dissabor, e poupar integridade física do perito, muitos dos quais não gostam de apanhar.
Entretanto, é importante que esse benefício seja estendido também para os demais servidores da APS. Não só os peritos sofrem ameaças. Quantos de nós já não habilitamos uma pensão por morte de uma companheira que veio junto com um verdadeiro leão de chácara, dois metros de altura por dois de largura, uma presença nada sutil, contudo sugestiva, que tenta nos induzir a uma flexibilidade analítica dissonante da legislação vigente? Ou um candidato à aposentadoria, de precário CNIS, paramentado com uma rebrilhante peixeira na cintura, brilho esse que trai uma procedência pouco amistosa  e menos ainda paciente?
É necessário que seja igualmente facilitada a concessão de aposentadorias e pensões, além de outros benefícios de menor porte como o auxílio-reclusão e o salário maternidade. Mais que documentos como carteiras profissionais e carnês de recolhimento, deve se levar em consideração a “documentação oral”, sempre embasada na presunção de boa fé. O que o segurado diz é sempre verdade. Se ele diz que trabalhou  45 anos mas perdeu todas as carteiras, o simples fato de não constar nada no CNIS não quer dizer que ele esteja mentindo, talvez esteja um pouco enganado e ainda que isso lhe possa causar uns dez anos de prejuízo em seu tempo de contribuição não significa que ele não faça jus à aposentadoria. O mesmo ocorrerá com uma viúva que tenha perdido o companheiro e não tenha as provas materiais de vida comum.
Veja como ficará simplificado o trabalho de um servidor da Previdência Social. Nada mais de ficar quebrando a cabeça analisando processos nem perder noites de sono imaginando como pôr fogo no arquivo de modo a apagar alguma incorreção processual. Simplificada também ficará a Instrução Normativa correspondente e já agora, por sucinta que será, adiantamos o seu texto:
“Artigo Único: Todo e qualquer benefício requerido deverá ser concedido, vetado apenas a acumulação de dois benefícios da mesma espécie.”
Observem  que, apesar da parcimônia literária, continuarão mantidas as incoerências habituais. Se a primeira parte do período afirma que todos os benefícios serão concedidos, a segunda, desqualificando a anterior, reage afirmando o contrário, uma vez que esclarece que, sendo da mesma espécie, mais de um benefício não poderá ser concedido ao mesmo requerente.
Mas, de tudo o que foi apresentado, a incógnita mais persistente é a que diz respeito àqueles seres periféricos, nem segurados nem servidores, que, após um up grade nominal, passaram a se auto-denominar consultores previdenciários: com tanta facilidade para se obter um benefício será que eles ainda irão encontrar um jeito de arranjar clientes?