quinta-feira, 20 de dezembro de 2012


INSSaNews
  Papai Noel visita APS
     Inesperadamente, nesta sexta-feira, Papai Noel, em traje atípico, semelhante a uma burca (veja foto abaixo), apresentou-se na APS de Conceição dos Remédios e distribuiu vários brindes e presentes para todos os que ali se encontravam.




      Toda a equipe de ‘consultores previdenciários’, também conhecidos como catadores de papel, em maior número na agência que a soma de servidores e segurados juntos, foi amplamente agraciada com passagens de ida para a Lapônia. Foram todos colocados no grande saco vermelho do bom velhinho, depositados no trenó e calorosamente recebidos pelas renas que abanaram os respectivos rabicós e soltaram delicados bolinhos em tom verde escuro em homenagem aos viajantes.
     Também foram contemplados com a viagem para o polo Norte diversos segurados que tiveram bom comportamento durante o ano, comparecendo diariamente à agência, calorosos e efusivos em sua relação com os servidores, alguns fugidos do Pinel outros, a caminho dele.
       
 

     Segurados altruístas, que se esmeram em  ensinar o  trabalho  ao  servidor mesmo à sua revelia, também ganharam  a oportunidade  de  refrescar as  ideias em paragens mais refrigeradas.

  Modestos e empáticos,  os servidores já se sentiam perfeitamente  presenteados por saberem seus assíduos clientes embarcados em tão prazerosa jornada. Mas mesmo assim não foram esquecidos pelo bom velhinho que lhes trouxe, desenvolvido a seu pedido, pela Dataprev, o mais recente evento tecnológico da Previdência – o CNISI – ou CNIS Inteligente. Esse prodigioso programa, além de anunciar o tempo de contribuição e carência do segurado, ainda faz um relatório de todos os possíveis benefícios que ele pode pedir no momento. Esclarece se ele está apto para uma aposentadoria integral, proporcional ou por idade, auxílio doença ou se o seu caso é para LOAS; demonstra se o cidadão está apto para instituir pensão por morte ou auxilio reclusão ou se a segurada pode requerer salário maternidade.
    Encantados com a explanação do Papai Noel, os servidores quiseram ver em prática tal fabuloso invento, porém, não se sabe porque, o sistema não funcionou.
     Envergonhado, Papai Noel afirmou que o presente não fora produzido na China, tampouco no Paraguai e que era autêntico produto da Datprev nacional, pelo que foi  compreensivelmente  perdoado.
   Despediu-se distribuindo bombons de camomila e levando sua encantadora carga humana rumo ao seu território gelado.

 

quinta-feira, 13 de dezembro de 2012

                        ESPECIAL  DE ANIVERSÁRIO

                
         A REVOLTA DE DONA CONCEIÇÃO






quinta-feira, 29 de novembro de 2012

ESPECIAL DE NATAL







Hoje vamos apresentar O CHILIQUE DE DONA CONCEIÇÃO, uma produção  INSSano Movies.
Agradecemos ao ator Bruno Ganz que nos prestigiou com uma belíssima interpretação de Dona Conceição além de doar integralmente o seu cachê para o Fundo de Previdência Complementar dos Desvalidos do INSS, também conhecido por Loas-servidor.
Com o patrocínio das Pipocas Dona Conceição, que faz pular o seu coração e Riso Solto, a única água mineral com gás hilariante.

Depois que começar a ver o filme, de dois cliques para assistir em tela cheia.



sexta-feira, 23 de novembro de 2012

              INSSaNews
          EDUCAÇÃO E CULTURA

ESCOLINHA DA DONA CONCEIÇÃO

  A Escolinha da Dona Conceição prepara você para enfrentar as metas do próximo ciclo de avaliação. Saiba como conviver tranquilamente com todas as siglas incompatíveis que infernizam a sua vida. Aprenda como dispensar os segurados sem dar entrada nos benefícios e, com isso, alcançar 100% no índice de resolutividade além de bater recordes de tempo médio de atendimento, garantindo, assim, a manutenção das 30 horas. Prepare-se para o próximo NENEM (Nunca Estive Numa Encrenca Maior).


CANTINHO LITERÁRIO

PARÁBOLA PROFÉTICA DO PARAFUSO 

 
No Reino das Ferramentas existiam dois tipos de funcionários: os pregos e os parafusos. Ambos tinham a função de perfurar e fixar duas peças de madeira; os primeiros, sem nenhuma especialização, trabalhavam na Carpintaria Geral,  eram assentados de um só golpe, muitas vezes se entortavam durante o ato e não conseguiam cumprir a sua tarefa; outros, com o passar do tempo, enferrujavam e se deterioravam, desfazendo a união das partes. Os parafusos, ao contrário, eram aplicados com cuidado, espetados, para seu maior conforto, em uma bucha, torcidos com vagar e precisão e amparados por porcas. Eram servidores mais qualificados,  exerciam funções estratégicas, trabalhavam na Marcenaria Real, tinham alguns privilégios e ganhavam bem mais do que os pregos.Embora exercessem o seu ofício com maior mestria e durador resultado, os valores pagos pelo trabalho dos parafusos acabaram por ser considerados superiores ao esforço despendido.

 Foi, então, criado pelo Ministério dos Instrumentos um Grupo de Trabalho para estudar  a situação e promover um maior aproveitamento dos trabalhadores rosqueados e, de preferência, tirando-lhes todos as vantagens consideradas  excessivas de modo a fazer por merecerem cada centavo recebido. 

 Este GT, posteriormente alcunhado  de Grupo de Tortura, era presidido pelo Ministro Martelo e o secretário Marreta, que nomeou um conjunto de Chaves de Fenda destinado a torcer o máximo possível cada parafuso.

De início estipularam que se algum parafuso rangesse ao ser torcido, seriam retiradas as buchas e roscas de todo o grupo, o que em breve alcançou o resultado almejado quando um parafuso, não suportando a pressão exercida pela chave de fenda, rompeu a bucha, soltando um som áspero e nervoso.
A seguir, foi determinado que, caso não mantivessem a junção das tábuas, perderiam parte do salário e, com afinco, continuaram as chaves de fenda a torcer suas vítimas. E tanto assim procederam que alguns dos parafusos corroíam e atravessavam a madeira, desmantelando o conjunto. Muitos deles percorriam ambas as tábuas e caíam no chão, extenuados uns, doentes outros, desiludidos todos. Os que restavam, porém, cumpriam mal e mal a sua função, entortados e combalidos, só por mero acaso resistindo ainda.
Tudo isso aconteceu com o consentimento da rainha Bigorna que, embora convencida pelo filósofo da corte de que vivia no melhor dos mundos possíveis, longe de qualquer problema econômico ou social,  via com bons olhos a economia praticada no setor de marcenaria, principalmente porque era resultado da incompetência dos funcionários e não efeito de uma decisão superior.
Com a falta de material competente que se seguiu à queda dos parafusos, foram convocados  pregos para ocuparem os lugares vagos, apesar de sua notória incapacidade. Uns, entretanto, eram tão menores que as cavidades deixadas pelos antecessores que atravessavam, com maior ou menor facilidade, o espaço vazio e caíam no chão. Outros, ao contrário, sendo mais robustos, na primeira martelada fendiam a madeira, danificando-a definitivamente. Não obstante, bem ou mal, estavam presentes, tapavam  o buraco vazio e, com essa aparência de normalidade, o trabalho prosseguiu, com péssimos resultados, é verdade, mas, desde que se fizesse economia e tivesse aparente eficiência, isso já não tinha importância.



sexta-feira, 9 de novembro de 2012

TÉCNICAS DE SOBREVIVÊNCIA EM APS – NENEM



 
         Enfim chegou o grande dia! Depois de dez anos de espera e de muito trabalho, o SIBE veio à luz.  Que esta data memorável jamais seja esquecida! Agora é só esperar pelo dia em que ele funcione. E quando finalmente isso acontecer, deveremos ainda nos lembrar do curso preparatório que fizemos ao longo da semana e para este dia, Dona Conceição desenvolveu o recomendadíssimo Sibemorial,  um tônico que mantém sua memória em dia até depois da aposentadoria.

                                                 ***
        Apesar do procedimento no SIBE ser idêntico ao do SABI, ele traz muitas novidades  substanciais como, por exemplo, o fato de que, agora, o servidor não abrirá exigência quando o requerente deixar de apresentar algum documento necessário; ele irá, a partir de então, vincular uma exigência. Sinta a evolução do termo – de abrir para vincular. Embora o resultado seja igual e a papelada requerida seja a mesma, não se pode negar que esta alteração vocabular traz imenso avanço para literatura previdenciária.

                                                  ***
Todo servidor do INSS pode e deve testar e aprimorar seus conhecimentos participando do NENEM (Nem É Necessário Estudar Muito) e, para tanto, basta responder às seguintes questões:

1)    Observamos uma certa indecisão dos realizadores do curso do SIBE no que tange à palavra correta a ser usada em relação à renda de cada componente do grupo familiar. Assinale a alternativa correta.
(  ) renda per capta
(  ) renda per capita
(  ) latim pra mim é grego
(  ) se deu para captar a mensagem, tá valendo
 
2)    Quando serão implantadas todas as funcionalidades do SIBE?
(  ) No sesquicentenário da Previdência
(  ) Após o Dilúvio
(  ) Em 13/13/2013, bastando para isso um pequeno ajuste no calendário        gregoriano
(   ) Só Deus sabe
(   ) Nem Deus sabe


3)    Por que o SISREF dá mensagem de erro e bagunça o nosso ponto justamente no período em que estamos pagando o recesso?
(   ) Por incompetência do administrador
(   ) É pegadinha da Dataprev
(   ) Tem o objetivo de testar a paciência do servidor
(   ) A, B e C estão corretas                                     

4)    A expectativa de vida da população brasileira tem aumentado constantemente. Explique porque, na contramão da tendência, a idade mínima do requerente do LOAS idoso vem diminuindo na mesma proporção, passando de 70 anos para 67 e agora está em 65 anos.
_________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________
 
5)    Atender o público é:
(  ) Um trabalho gratificante
(  ) Uma tarefa enriquecedora
(  ) Uma oportunidade de aprimoramento pessoal
(  ) Eu quero a minha mãe!

6)    Durante o trabalho, qual a mensagem que mais se vê no monitor:
(  ) Erro de certificado
(  ) Socket error
(  ) Área insuficiente para paginação
(  ) O sistema cai sem aviso prévio

quarta-feira, 31 de outubro de 2012

Cansado de ler sobre o INSS?
Então leia o AMOSTRA GRÁTIS

É de graça e com o mesmo padrão de qualidade.........uhauhuauh
Garantido por Dona Conceição

http://amogra.blogspot.com





sexta-feira, 26 de outubro de 2012


INSSaNewsTV
           Debate do 
    Segundo Turno














    Mediador: Hoje o INSSaNewsTV tem o prazer de apresentar o programa mais ansiado que o final de Avenida Brasil: o debate do segundo turno das eleições. De um lado temos o Sr. Gerente, defendendo a faixa e do outro lado, Dona Conceição, sem censura e que, após um teste antidoping, foi verificado encontrar-se finalmente livre das substâncias ilícitas, químicas ou naturais  de seus produtos medicinais. Com a palavra, então, os dois oponentes.

Sr. Gerente: Dona Conceição de cara limpa...é difícil de acreditar...

Dona Conceição: E você? Vai dizer que não tem nenhum cupinzinho nesta sua cara de pau?

Mediador: Um eleitor gostaria de saber por que foi impedido de entrar na agência por estar em trajes de banho.

Sr. Gerente: O que seria exatamente esse ‘traje de banho’? saía ele do banho de toalha na cintura e touca na cabeça ou voltava da praia, de calção e chinelo? Eu odeio chinelo, principalmente aqueles velhos, de couro, com cara de chulé.

Dona Conceição: Isso é preconceito social! No que um sapato é melhor do que um chinelo? Meu caro eleitor, se eleita for, não farei esse tipo de discriminação, de descalços a pelados, todos entrarão, sem exceção, na APS. A pureza de coração é a melhor vestimenta, é o verdadeiro traje bons-costumes completo.

Sr. Gerente: Quanta demagogia...

Dona Conceição: um a zero pra mim...

Mediador: Um eleitor pergunta o que os dois pretendem fazer em relação às fraudes.

Sr. Gerente: Vou  continuar com minha luta contra as fraudes, como sempre tenho feito.  Não há caixa de clipes ou colchetes que eu não verifique se o conteúdo confere com a quantidade  anunciada na embalagem. Esses chineses estão sempre querendo passar a perna na gente.

Dona Conceição: O senhor não pode ser uma pessoa séria... Passa o dia contando clipes mas me impede de fazer bloquinhos de rascunho para aproveitar o papel desperdiçado em impressões desnecessárias . A depender do senhor, toda a Amazônia seria desmatada.











Sr. Gerente: A senhora, de uma hora para outra,  virou ambientalista? Mas ao gastar três copinhos de plástico por café para não queimar as pontas dos dedos, não pensa no meio ambiente.

Dona Conceição: E o senhor pensa tanto que nem dá a descarga depois de usar o banheiro, seja lá o que tiver feito.

Sr. Gerente: Ah! A senhora deu agora para frequentar o banheiro masculino?

Dona Conceição: Tenho os meus contatos...

Mediador: Senhores, não esqueçam a cortesia, por favor.

Sr. Gerente: Peço perdão, Sr. Mediador, mas não aturo a língua afiada desta minha subalterna.

Dona Conceição: Se minha língua fosse tão afiada como o senhor diz e como eu desejava que fosse, já lhe teria perfurado a jugular com um simples beijinho no cangote.

Mediador: Um eleitor deseja saber o que os senhores pretendem fazer em benefício do segurado.

Sr. Gerente:  Irei ampliar a cobertura social instituindo novas modalidades de benefícios assistenciais, sem limite de idade, como, por exemplo, o BAP - benefício assistencial do preguiçoso.

Dona Conceição: E eu vou criar o bolsa-chapinha, para as mulheres darem  um trato nos cabelos.

Sr. Gerente: Vou instituir o auxílio-celular, para que o cidadão nunca mais fique sem crédito.

Dona Conceição: E eu, o vale-esmalte.

Sr. Gerente: Auxílio-estádio, para que você, eleitor, possa assistir a todos os jogos do seu time.

Os dois candidatos, de rostinho colado, em uníssono: BRASIL, UM PAÍS DE LOAS

Mediador: Ué, não eram inimigos?

Dona Conceição: Ai!

Mediador: O que foi?

Dona Conceição: Ele me deu um tapa na bunda!

Sr. Gerente: E você me fez cosquinha...

Dona Conceição: Assanhado!

Sr. Gerente: Tolinha...

Mediador: Eita! Isso ainda vai acabar em casamento...

sexta-feira, 5 de outubro de 2012

TÉCNICAS DE SOBREVIVÊNCIA EM APS – ENRIQUECENDO O CURRÍCULO


Todos nós sabemos que, nos tempos atuais, é importantíssimo acumular conhecimentos gerais e específicos ligados à nossa área de ação, para vencer a árdua concorrência e alcançar os melhores postos no trabalho. No INSS não é diferente; quem de nós não almeja um cargo de chefia como, por exemplo, o de supervisor e ganhar a excelente comissão de mais de duas centenas de reais, fora os descontos, além de prazerosamente esticar sua jornada de trabalho por mais três horas, incluindo o almoço, pois supervisor tem direito a almoçar, coisa que o subalterno que só trabalha seis horas, não tem? E se deliciar com longas e amistosas conversações com os mais agradáveis cidadãos da comunidade que, no calor do prolixo embate verborrágico, não o cumula generosamente de delicados perdigotos?
Para isso, o dedicado e ambicioso servidor deve fazer os excelentes cursos, sejam eles à distância ou presenciais, que são farta e gratuitamente oferecidos para o aprimoramento das atividades cotidianas. A seguir, iremos listar alguns dos mais concorridos cursos que estão à disposição de todos os servidores.

GUIA PRÁTICO DE FUNCIONALIDADES DO CNIS: Neste curso o servidor irá aprender a aproveitar ao máximo o tempo em que o sistema permanece estável e usufruir de todas as suas informações. Aulas práticas em 245 módulos-tentativas de um minuto (se não cair antes).

ESPERANDO O SIBE: Este é um aprofundado estudo do mais esperado sistema da Dataprev. Nos dez primeiros anos de expectativa, que cobre o período que vai desde as primeiras notícias do portentoso evento até a data de hoje, se deu a etapa iogue do curso, onde se aprendeu a controlar a ansiedade e, em serena meditação, aceitar os defeitos dos outros sistemas, sempre tendo em mente que o SIBE, muito em breve, seria implantado. Depois de oito ou dez anunciadas datas de inauguração, é bem possível que ele venha, já nos próximos anos, povoar nossos dias em sua total e exuberante forma. É a hora, então, de se dedicar à fase de profilaxia psicológica para o caso de o SIBE apresentar alguns poucos problemas, fruto, talvez, de sua precipitada introdução.

A ESQUIZOFRENIA AO ALCANCE DE TODOS: É muito importante que o servidor esteja preparado para atender pessoas de personalidade heterodoxa, popularmente conhecidos como malucos. É preciso um pouco de prática para se fazer um atendimento resolutivo, por exemplo, com um dois-em-um, aquele indivíduo que, embora sozinho, vem acompanhado de um íntimo desafeto, com o qual troca agressões verbais e até físicas, sem que o servidor consiga ver mais do que um antagonista. Necessário se faz conhecer as técnicas de argumentação com seres impalpáveis a fim de harmonizar o diálogo e introduzir-se na conversa em tom absolutamente natural deixando de tal forma à vontade seus dois clientes que nenhum deles se negue a prestar  informações básicas necessárias para o bom termo do atendimento.

RELEITURA DA REALIDADE: Um importante estudo revelou que o servidor do INSS tem uma ideia deturpada da realidade que o rodeia no imaculado santuário da Previdência que é a APS e transfere, para o cidadão todos os seus defeitos, tanto os passageiros, como o mau-humor quanto os definitivos, como a má fé. O segurado, ser de indubitável perfeição, sempre afável, simpático e gentil, não é percebido em toda a amplidão de sua pureza. Muitos servidores pensam que existem no âmbito previdenciário pessoas arrogantes, provocadoras ou grosseiras, o que não condiz com a realidade. Para resolver esta dicotomia conceitual, ministrado por Dona Conceição, admirável terapeuta previdenciária, este curso se baseia em técnica de auto-hipnose por ela desenvolvida e que leva o servidor a perceber o segurado em toda sua gloriosa virtude.





sexta-feira, 14 de setembro de 2012

TÉCNICAS DE SOBREVIVÊNCIA EM APS – A EXONERAÇÃO


Existem dois momentos gloriosos na vida de um servidor do INSS: o de sua nomeação e o de sua exoneração a pedido. O período de tempo entre um e outro destes instantes antagônicos é preenchido pelo arrependimento em relação ao primeiro e a firme vontade de atingir o segundo. “Por que entrei? Por que não consigo sair?” são suas dúvidas mais severas.
Muitas pessoas consideram que os servidores públicos, em sua grande maioria, são insatisfeitos com o trabalho, principalmente o de atendimento ao público, por não terem conseguido se realizar em suas profissões escolhidas. Ora, ninguém entra para um serviço destes exatamente por aptidão, senão pelo salário, nem sempre dos melhores, e pela estabilidade, nem sempre tão segura.
Agora imaginemos que existisse o tão necessário curso universitário de formação de servidores da excelsa autarquia para atender à demanda daquelas pessoas que acham que sentem verdadeiro pendor para as artes do atendimento ao público, o manejo de complicados programas e tarefas burocráticas. Não bastasse ter que lutar, ao longo dos anos, com os nada funcionais sistemas utilizados, como o CNIS brincando de cair e o CNISPF se divertindo em travar, o SABI com sua ineficiência genética, o PRISMA com suas críticas sem sentido, a dezena de senhas a serem memorizadas, o portal CNIS que, quando muito é um portãozinho de beco sem saída  e o parto mal resolvido do SIBE que, se tivermos sorte, nunca virá à luz, e ainda conhecer profundamente a cambiante legislação, de preferência durante sua vigência, terá ainda o aluno, se sobreviver a tudo isso, que abandonar tais teorias indecisas e  práticas quase impraticáveis e se dedicar, com afinco, ao estágio. APS lotada, sistema inoperante, segurado que reclama, um monitor que cai no chão quase sozinho, uma navalha que reluz, um coquetel molotov que voa, gritos, correria, e lá se foi o futuro promissor de um dedicado servo do povo. Possa ainda estar vivo apesar dos sustos, porém, já estará destituído de sua frágil vocação.
Portanto, para o bem da entidade, é necessário que o futuro servidor guarde, junto às suas esperanças de um futuro melhor, a ignorância do que o espera. Certos conhecimentos não são só desnecessários como prejudiciais e a doce ingenuidade do neófito, que em breve há de se transformar em agonia e desespero, é muito bem vinda nesses momentos iniciais da carreira.
Entretanto, depois de alguns anos de intensa e sofrida labuta, há  servidores que não resistem ao apelo da liberdade e,  mesmo sem novo empreendimento à vista, pedem exoneração para se livrar da extenuante rotina. Na maioria das vezes, todavia, eles não estão emocionalmente preparados para se afastar totalmente no vicioso ambiente de trabalho. O que fazer em tal situação principalmente quando suas economias acabam?
Iremos enumerar aqui algumas possibilidades para esse novo habitante além-balcão:
       1. A melhor forma de angariar fundos é solicitar um LOAS deficiente, algo muito fácil de o ex-servidor do INSS conseguir, pois, se sua esquizofrenia era considerada normal para os padrões funcionais não lhe rendendo sequer uma semana de afastamento para tratamento de saúde, do lado de fora, o seu prejuízo mental fica evidente bem como  sua impossibilidade para qualquer trabalho. Afinal, ouvir vozes, falar sozinho, tropeçar em processos invisíveis e se sentir perseguido por segurados, sintomas comuns de inssanidade, não costuma ser visto pelos especialistas como modelo de normalidade.
2. Por outro lado, se a saúde mental não está tão abalada e o ex-servidor se sentir em condições de exercer alguma atividade, embora não longe da agência que por tanto tempo o acolheu, é sempre uma boa oportunidade experimentar a vida de um  ‘assessor previdenciário’ e passar o dia todo na APS dando entrada em benefícios e fofocando com seus pares, aproveitando o meio tempo para vender Avon e Natura para segurados e servidores, fazendo do local um verdadeira extensão de sua casa, coisa que antes, devido ao rigor de seu cargo,  lhe era interdito.
3. Porém, se por milagre, conseguir escapar ileso da antiga vida, o ex-servidor deve se esforçar por preservar intactas todas suas faculdades menos a memória para que, numa saudável e sutil alienação mental, quando, por acaso,  encontrar algum superficial conhecido que lhe pergunte se ainda trabalha no INSS possa ele, com total sinceridade,  responder com outra pergunta: - Iene o quê?

quinta-feira, 23 de agosto de 2012

TÉCNICAS DE SOBREVIVÊNCIA EM APS – MISTÉRIOS E MILAGRES



 "Há mais mistérios entre o segurado e o INSS do que   sonha nossa vã filosofia" 
                                                                  Dona Conceição



Como sabiamente filosofou nossa emérita representante acima citada, em nossa ilustre instituição ocorrem fatos muito estranhos e inexplicáveis. E não nos referimos àqueles processos sujeitos a teletransporte que somem de uma mesa e aparecem em outra, ou que se tornam invisíveis por um determinado período de tempo e depois, magicamente, reaparecem no lugar em que deveriam estar, em ambos os casos, sem que ninguém neles tivesse tocado. Falamos aqui de acontecimentos que envolvem o cidadão-segurado, tão cientificamente improváveis que ser servidor do INSS é quase um ofício religioso, repleto de dogmas de fé, nós quais devemos acreditar sem suspeição ou dúvida, em prol da presunção de boa-fé que devemos ter em relação à nossa clientela. Vejamos alguns exemplos:
Mistério da conservação do papel: Quem já não deparou com uma solicitante de pensão por morte que apresentou uma cópia, unicamente da parte da frente da certidão de casamento, e alega não ter como apresentar o documento original uma vez que este se perdeu há mais de vinte anos? É interessante notar que esta reprodução, embora tão antiga, não possua sequer um amassadinho, mancha de mofo ou cheiro de guardado, parecendo ter sido tirada naquele mesmo dia. Entretanto, sem descrer da veracidade da informação, somos obrigados a solicitar uma segunda via do documento ou a apresentação do original. Aí, muitas vezes, outro mistério se acumula ao primeiro; de tanto revirar sua bolsa, a viúva apresenta, um tanto amassado, o original da certidão, não sem fazer uma cara de susto diante da descoberta, já que o documento que julgava estar perdido estava todo esse tempo em sua bolsa. Também se espanta o servidor ao ver que o papel provém de uma bolsa que não aparenta ter, de modo algum, duas décadas de confecção. Outro mais secreto acontecimento se dá quando se lê, no verso da certidão, uma averbação de divórcio, coisa que, segundo a esposa, nunca ocorreu e que, de forma alguma, poderia estar ali gravado.
Mistério da dissolução familiar: Uma situação infeliz e estranhamente recorrente acontece nos Benefícios Assistenciais. Muitas senhorinhas idosas, de uma hora para outra, são abandonadas pelos seus maridos aposentados e pelos seus filhos solteiros e acabam por ir morar de favor em uma casa cedida por pessoas que mal a conhecem. E todo esse infortúnio ocorre no espaço de mais ou menos um mês, entre um pedido de LOAS e outro. Felizmente, tal situação de exílio não é definitiva como comprovam requerimentos de pensão por morte destas mesmas senhoras, reintegradas aos seus lares para o amparo de desvalidos e arrependidos cônjuges que, em seus abnegados braços, soltam seus últimos lamuriosos suspiros.
Milagre do CNIS redentor: Quantos não são os segurados que, tendo perdido todos os carnês, apegam-se às informações do CNIS para conseguirem se aposentar? Infelizmente, trágica coincidência, alguns deles perdem os carnês dias depois de todos os dados terem sido inseridos no sistema. Porque não estavam lá antes, não se sabe, é um enigma. Porque tais documentos foram perdidos na enchente em época de estiagem, é outro.
Para todos os casos acima citados, por mais complexos que possam ser, a solução é uma só: uma bem elaborada cartinha de exigência para que os futuros beneficiários providenciem, lá com seus santos, a complementação de seus feitos extraordinários a fim de levar a bom termo seus requerimentos.
Outro caso especialíssimo embora não totalmente incomum é a cura pela aposentadoria. Acontece quando aquele segurado, depois de perpetuar-se no auxílio doença com a ajuda de laudos médicos cada vez mais dramáticos, é contemplado com uma aposentadoria por invalidez, digamos, pelo conjunto da obra. Esse momento tão ansiosamente esperado traz-lhe tão grandes benefícios que sua coluna se desentorta, suas veias se desentopem, a depressão acaba, todos os sentidos são amplamente recuperados e, em breve já se pode ver, esses renascidos senhores ou senhoras, muito bem dispostos, fazendo aqui e acolá alguns trabalhinhos, senão propriamente filantrópicos, que lhes engrandeçam o espírito, pelo menos suficientemente rentáveis para lhes estimular os rendimentos.

sexta-feira, 10 de agosto de 2012

TÉCNICAS DE SOBREVIVÊNCIA EM APS – OS INDICADORES

Hoje nós iremos estudar as novas estratégias que serão implementadas pelos servidores do INSS que, além de fazer uma maratona de serviços para cumprir as metas institucionais e individuais para garantir o IMA, têm ainda que lidar com uma série de indicadores de desempenho.É necessária uma preparação olímpica para alcançar esses índices dificílimos de se conquistar e que não podem ser vencidos apenas pelo esforço individual. É importante uma equipe bem treinada e afinada para que o trabalho em conjunto chegue a resultado satisfatório.
Evidentemente não se pode responsabilizar apenas o servidor pelo TMEA (tempo médio de espera de atendimento) já que os segurados levam, em média, cinco minutos para encontrar a mesa onde será atendido. Também se deve levar em conta da demora do atendimento, que resulta em mais espera para os atendimentos seguintes, ao atraso do segurado em apresentar seu documento de identidade ou de expor o motivo de sua presença. Ora, se em um serviço que deve durar dez minutos, gasta-se cinco para se obter a identidade do cidadão e outros dez para se inteirar do assunto, evidentemente extrapola-se o prazo de execução.
É para melhorar o desempenho do segurado e aumentar seu índice de resolutividade (IRES) que todas as APS irão ser municiadas de um treinador de segurados designado pela Escola da Previdência, escalado especialmente para orientar os cidadãos nos procedimentos básicos como, por exemplo, reconhecimento da senha no painel de chamada (RSPC), a localização das mesas e o caminho mais curto e com menos obstáculos para alcançá-la, que reduzirá consideravelmente o TDS (tempo de deslocamento do segurado) e a apresentação da identificação concomitantemente à exposição oral de sua vontade.
Fica subentendido que apenas o conjunto segurado/servidor não é o suficiente para assegurar o bom desempenho do atendimento já que não se pode ignorar a necessidade do conveniente funcionamento dos sistemas da Dataprev. A orientação é para tentar abrir o CNIS apenas três vezes por atendimento e, se ele refugar em todas as tentativas, que se dê por finalizado o mesmo. Por tais faltas o CNIS poderá ser punido com a obrigação de permanecer em funcionamento por cinco minutos consecutivos sob pena de ser desclassificado.
Também haverá um curso preparatório para que o servidor incorpore o IRES em amplo aspecto melhorando seu índice de resolutividade no banheiro, no fumódromo e na cozinha, eliminando gestos supérfluos de desperdício de tempo. No primeiro quesito levam os homens total vantagem sobre a equipe feminina, uma vez que, quando muito, lavam a mão após o uso do sanitário, enquanto as mulheres aproveitam a oportunidade para arrumar os cabelos, passar batom, pintar as unhas e pôr cílios postiços, tudo para bem impressionar a assistência masculina, composta, sobretudo, de sedutores segurados. O servidor aprenderá também a consumir um cigarro inteiro com uma única tragada de forma a atingir seus níveis  de nicotina em tempo cada vez menor. Aprenderá igualmente a tomar café sem açúcar para evitar perda de tempo na colocação e dissolução do produto e não fazer biquinho para esfriar a bebida.  Como estímulo, dentre aqueles que aprimorarem a execução das tarefas acima, será selecionado o recordista do mês que será agraciado com uma medalha de honra ao mérito. 

sexta-feira, 27 de julho de 2012

INSSaNewsTV

          Faça a sua pergunta

Apresentador: No programa de hoje Dona Conceição vai...

INTERROMPEMOS NOSSA PROGRAMAÇÃO PARA APRESENTAR A
PROPAGANDA ELEITORAL GRATUITA

No meu governo eu vou mudar a vida tanto dos servidores do INSS como de todos os demais eleitores.

Vou instituir o PAC (Programa de Aceleração do CNIS) porque na minha gestão o CNIS vai ter que funcionar, o Prisma e o SABI não irão mais fazer o servidor de pateta com as suas pegadinhas de mau gosto.

Eu vou fazer com que as APS permaneçam vazias, pois  desenvolvi uma receita caseira de ingredientes secretos – o Chá de Sumiço da Dona Conceição. O segurado toma e nunca mais aparece na agência. (Não me pergunte como...)

E é pensando em você, caro trabalhador, que vou formalizar a aposentadoria em 30 segundos. O cidadão terá apenas que ligar para o 135 e, ao fim da conversa com um de nossos atendentes, já estará aposentado.

E  o companheiro que nunca teve ânimo para arranjar um emprego não precisará mais ficar doente para conseguir um Loas Deficiente. Vamos criar especialmente para você o LOAS Boa vida – o BOAS (Com 13º salário!)
Porque eu cumpro o que prometo e não tenho nada a esconder.
Meu nome é CONCEIÇÃO!


  
- Ficou bom, não ficou?

-Ficou, Dona Conceição, ficou mas a senhora não devia usar o seu programa para se autopromover e horário eleitoral ainda nem começou, eles vão desconfiar.

- Ai, você é tão chato...

- E como é que  a senhora vai fazer tudo isso aí  que prometeu?

- Isso é promessa de campanha, depois o povo esquece e eu também.

- Que feio, Dona Conceição, que feio!

- GENTE, O SOM TÁ VAZANDO!

- Ai, caramba!


VOTEM EM MIM! VOTEM EM MIM!








sexta-feira, 20 de julho de 2012

INSSaNewsTv
Dona Conceição conta tudo

Apresentador: Ligue já e tire suas dúvidas com Dona Conceição. Participe do programa “Dona Conceição responde” e fique por dentro dos novidades do INSS.

Servidor: Dona Conceição, ando meio desesperado porque cada vez fica mais difícil  alcançarmos as metas, a cada ciclo de avaliação as coisas se complicam mais...
Dona Conceição: Não se preocupe, meu jovem, que isso era de se esperar. Como em qualquer joguinho eletrônico, os colegas inssanos vão se aprimorando e acumulando pontos e, consequentemente, mudando de fase e passando a níveis mais elevados e de maior dificuldade. Mas nunca se esqueça de que, como em  qualquer pinball da vida, sempre se consegue um bônus. Um enfarte ou um colapso nervoso resultam em pontos extras. Também o produto aparentemente desastroso de encontros com certos segurados podem render bônus, desde que devidamente comprovada a origem das cicatrizes. Uma facada ou um tiro, dependendo do lugar atingido, pode lhe proporcionar de quebra, dois ou três dias de abono, totalmente livre de taxas ou redução salarial, para a sua tranqüilidade e  total recuperação. E assim, o que a principio parece difícil, resulta em uma experiência bastante vantajosa além de edificante.


Servidor: A senhora tem alguma notícia a respeito de aumento salarial para nossa classe?
Dona Conceição: Sim, vem aí a oportunidade de o servidor 
ganhar um salário de 100 mil reais mensais. Basta, para isso, participar do programa de franquia que a Previdência irá instituir em breve. O servidor que  desejar poderá abrir, em sua própria casa ou outro local de sua escolha, uma filial de APS. Ele deverá captar novos contribuintes pela vizinhança e tudo o que faturar além de seu salário, agora aumentado para 100 mil reais, virá em forma de lucro, enquanto seus colegas menos competitivos, continuarão com sua labuta presencial e sem aumento de salário. Caso o afortunado servidor não consiga atingir a meta de conquistar, no mínimo, tantos contribuintes que correspondam ao seu salário, o débito se acumulará para o mês seguinte e assim por diante. Nada que assuste o perseverante e empreendedor colega que tudo faz visando um bom aumento salarial além de colaborar com a redução do déficit da Previdência.

 
Servidor: Dona Conceição, cada vez a Previdência lança um tipo de contribuição com valor mais baixo; primeiro veio a contribuição de 11% do salário mínimo, agora, a de 5%...onde vamos parar?
Dona Conceição: Ora, em zero por cento...em breve não se precisará contribuir para ser contribuinte, nem pagar para receber. Aqueles que trabalham subsidiarão os que, coitados, nunca conseguiram um emprego. Uns trabalham, outros faturam e todos ficam felizes. Salário mínimo: você ainda vai ter um!



sexta-feira, 29 de junho de 2012

TÉCNICAS DE SOBREVIVÊNCIA EM APS – O SUPERVISOR


       Não existe, nos tempos atuais, servidor mais infeliz que o supervisor de APS. Essa pobre criatura, além de ter de trabalhar quarenta horas semanais, a despeito de seus colegas subordinados fazerem apenas trinta, ganha uma gratificação de função que, se fosse paga em moedas, mal encheria um modesto e diminuto porta-níqueis e, ainda por cima, tem as atribuições mais penosas de toda a agência, como aturar os segurados  mal-humorados e fazer trabalhar os colegas preguiçosos.
Essa primeira e árdua tarefa listada, acalmar um segurado enfurecido, é a mais assustadora das incumbências de um supervisor. Este cidadão, que já passou por dois ou mais servidores, não contente com as respostas recebidas, ou por sua excessiva semelhança, que não lhe é benéfica ou, por outro, por disparatadas diferenças, que o deixa, com razão, cada vez mais desinformado, resolve, enfim, falar com o chefe, neste caso aqui, o infeliz supervisor.
- O senhor aí  - sempre tem um colega dedo-duro a apontá-lo - diz o cidadão irritado,  encaminhando-se para o supervisor que, disfarçadamente, olha para os lados, tentando achar outro senhor que o substitua em tão penoso momento. Não encontrando ninguém avança um relutante passo na direção de seu suplício:
- Pois não...
Eis chegado o instante de ouvir estóica e cerimoniosamente a indignação do segurado. Notemos que intensidade e o tempo levado na desairosa narrativa é o resultado de uma fórmula bem simples como a do fator previdenciário. É a soma do TEA (tempo de espera do atendimento) como o NVA (número de vezes que o segurado já foi atendido sem obter o resultado esperado) e o MHC (mau-humor congênito) dividido por CPS (cara de panaca do supervisor) multiplicado por PSL (paciência sem limites). Este delicado momento costuma durar de dois a cinco minutos de acordo com as variáveis envolvidas, quando o segurado ainda não está preparado para ouvir qualquer explicação, precisando apenas aliviar sua revolta, seja ela justa ou não.
Duas pequenas técnicas de distração voluntária podem ser usadas pelo supervisor para que esse lapso de tempo passe sem muito dano à sua configuração mental, já de si avariada pelos longos dos anos de trabalho. Uma delas é relembrar cantigas infantis, não mais cantadas desde tenra idade, como esta,  da formiguinha:

“Um, dois, três, saco de farinha,
Quatro, cinco, seis, saco de feijão,
Trabalhando, Dona Formiguinha,
Vai enchendo, aos poucos, seu porão,
E o saco da Dona Conceição”

Não, não, este último verso não pertence à canção; tenha-se em conta de um ato falho.
Outra peculiar arte de ouvir bronca sem reclamar, esta mais sofisticada e interativa, é a da tradução simultânea, quando o servidor vai vertendo para o idioma que melhor domine, a reclamatória do segurado, permitindo-lhe inteirar-se dos fatos ao mesmo tempo que deles se mantém à segura distância. Se o discurso se alongar em repetições, poderá experimentar idiomas alternativos, traduzindo uma ou outra palavra para uma língua de incipiente conhecimento, arriscando-se entre o árabe, o  hebraico e o mandarim.
Passados esses trágicos minutos do preâmbulo catártico, o cidadão mais tranqüilo e o supervisor mais relaxado, pois, enquanto um disse o que quis, o outro, apesar do silêncio monástico, se distraiu a valer, a comunicação tende a ser mais produtiva e eficiente.
Entretanto, mais difícil ainda que enfrentar, esporadicamente, um segurado nervoso, é ter que aturar, no dia a dia, aqueles colegas que, por um motivo ou outro, todos escusos, não querem nada com o trabalho, apenas se beneficiando do esforço alheio para o cumprimento das metas institucionais. Esses servidores, sejam eles, relapsos, folgados ou que se fazem de incompreendidos, sofrem de incapacidade laborativa perene e necessitam passar por uma séria reabilitação profissional. Uma boa solução é a cadeira elétrica interativa. É um confortável mimo para o seu coleguinha molenga, que gasta meia hora para entregar um  extrato de pagamento para o segurado. Acionada automaticamente, assim que o servidor ultrapassa o tempo determinado pela senha, começa a levar um sequencia de choques no traseiro, que vão aumentando de intensidade à medida que o tempo passa.  Em pouco dias o colega estará mais ativo e ágil  e sempre que finalizar o atendimento no prazo, a cadeira liberará um amendoim torradinho em suas próprias dependências elétricas para o servidor bem sucedido. Esse sistema de castigo e recompensa contribui bastante para o bom êxito do adestramento dos colegas pouco comprometidos com o trabalho.
Para facilitar a difícil empreitada do supervisor, Dona Conceição elaborou uma fórmula especial, o chá do santo dai-me paciência que, por seus poderosos componentes, não deve ser tomado em quantidade superior a dez xícaras diárias evitando, assim, tornar-se tão moleirão e relaxado quantos os servidores que pretende curar.

sexta-feira, 15 de junho de 2012




            INSS


FORMA FARMACÊUTICA E APRESENTAÇÃO
É oferecido em  embalagens proporcionais  de um servidor para cinquenta      segurados ou de um servidor para vinte processos represados.

USO ADULTO
Quanto mais tardio for o início de sua utilização, menor o risco de ocorrência de                      inssanidade prematura.

USO TÓPICO
            Deve ser estritamente utilizado no local de trabalho e mediante a apresentação de senhas.

INFORMAÇÕES AO PACIENTE
Conservar a temperatura ambiente entre 19° e 22°, caso o ar condicionado esteja funcionando.
Não pedir exoneração antes de encontrar um novo emprego.
Prazo de validade da sanidade mental: 6 meses
Siga as orientações de seu psiquiatra.


INDICAÇÕES
Desempregados em estado avançado de penúria.


COMPOSIÇÃO:
Cada porção contém:
10 % de servidores estressados e trabalhadores.
5%    de servidores tranquilos, sorridentes e moleirões
3% de sistemas de informatização que não funcionam
a contento
0% de sistemas de informatização que funcionam 
perfeitamente
80% de segurados aguardando há mais de duas horas
2% de chefes que tudo olham e nada veem

INFORMAÇÕES AO PACIENTE:
 Aconselha-se o uso concomitante de pastilhas alienantes e chá de camomila (fórmulas de Dona Conceição) para neutralizar efeitos deletérios.

CONTRAINDICAÇÕES:
Pacientes com histórico de hipersensibilidade a cobranças; níveis reduzidos de    tolerância aos segurados; taxas elevadas de preguiça e sonolência; tendência à acomodação e lentidão operacional; impaciência crônica com o CNIS.

PRECAUÇÕES
Deve-se ter sempre um novo concurso público em vista.

INTERAÇÕES MEDICAMENTOSAS
O uso concomitante de sistemas ineficientes, segurados malcriados e chefes intolerantes pode provocar apatia  ou acessos de fúria, de acordo com a natureza do servidor.

REAÇÕES ADVERSAS
O atendimento ao público geralmente não é bem tolerado por períodos superiores a seis meses, o que pode acarretar os seguintes efeitos colaterais: mau-humor; cefaleia crônica; estresse pós-traumático; depressão; síndrome do pânico e aposentadoria precoce.

POSOLOGIA
Aconselha-se o uso de, no máximo, seis horas diárias para o bom gerenciamento mental do servidor.


SUPERDOSE
O uso obrigatório e contínuo de jornada de oito horas para supervisores pode causar danos irreversíveis ao turno estendido.