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EDUCAÇÃO
E CULTURA
ESCOLINHA DA DONA
CONCEIÇÃO
A Escolinha da Dona Conceição prepara você para
enfrentar as metas do próximo ciclo de avaliação. Saiba como conviver
tranquilamente com todas as siglas incompatíveis que infernizam a sua vida. Aprenda
como dispensar os segurados sem dar entrada nos benefícios e, com isso,
alcançar 100% no índice de resolutividade além de bater recordes de tempo
médio de atendimento, garantindo, assim, a manutenção das 30 horas. Prepare-se
para o próximo NENEM (Nunca Estive Numa Encrenca Maior).
CANTINHO
LITERÁRIO
PARÁBOLA PROFÉTICA DO PARAFUSO
No Reino das Ferramentas
existiam dois tipos de funcionários: os pregos e os parafusos. Ambos tinham a
função de perfurar e fixar duas peças de madeira; os primeiros, sem nenhuma
especialização, trabalhavam na Carpintaria Geral, eram assentados de um só golpe, muitas vezes
se entortavam durante o ato e não conseguiam cumprir a sua tarefa; outros,
com o passar do tempo, enferrujavam e se deterioravam, desfazendo a união das
partes. Os parafusos, ao contrário, eram aplicados com cuidado, espetados,
para seu maior conforto, em uma bucha, torcidos com vagar e precisão e
amparados por porcas. Eram servidores mais qualificados, exerciam funções estratégicas, trabalhavam
na Marcenaria Real, tinham alguns privilégios e ganhavam bem mais do que os
pregos.
Foi, então, criado pelo Ministério dos Instrumentos um Grupo de Trabalho para estudar a situação e promover um maior aproveitamento dos trabalhadores rosqueados e, de preferência, tirando-lhes todos as vantagens consideradas excessivas de modo a fazer por merecerem cada centavo recebido.
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Este GT, posteriormente alcunhado de Grupo de Tortura, era presidido pelo Ministro Martelo e o secretário Marreta, que nomeou um conjunto de Chaves de Fenda destinado a torcer o máximo possível cada parafuso.
De início estipularam que se
algum parafuso rangesse ao ser torcido, seriam retiradas as buchas e roscas
de todo o grupo, o que em breve alcançou o resultado almejado quando um
parafuso, não suportando a pressão exercida pela chave de fenda, rompeu a
bucha, soltando um som áspero e nervoso.
A seguir, foi determinado que,
caso não mantivessem a junção das tábuas, perderiam parte do salário e, com
afinco, continuaram as chaves de fenda a torcer suas vítimas. E tanto assim
procederam que alguns dos parafusos corroíam e atravessavam a madeira,
desmantelando o conjunto. Muitos deles percorriam ambas as tábuas e caíam no
chão, extenuados uns, doentes outros, desiludidos todos. Os que restavam,
porém, cumpriam mal e mal a sua função, entortados e combalidos, só por mero
acaso resistindo ainda.
Tudo isso aconteceu com o
consentimento da rainha Bigorna que, embora convencida pelo filósofo da corte
de que vivia no melhor dos mundos possíveis, longe de qualquer problema
econômico ou social, via com bons
olhos a economia praticada no setor de marcenaria, principalmente porque era
resultado da incompetência dos funcionários e não efeito de uma decisão
superior.
Com a falta de material competente que se seguiu à queda dos parafusos, foram convocados pregos para ocuparem os lugares vagos, apesar de sua notória incapacidade. Uns, entretanto, eram tão menores que as cavidades deixadas pelos antecessores que atravessavam, com maior ou menor facilidade, o espaço vazio e caíam no chão. Outros, ao contrário, sendo mais robustos, na primeira martelada fendiam a madeira, danificando-a definitivamente. Não obstante, bem ou mal, estavam presentes, tapavam o buraco vazio e, com essa aparência de normalidade, o trabalho prosseguiu, com péssimos resultados, é verdade, mas, desde que se fizesse economia e tivesse aparente eficiência, isso já não tinha importância.
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NENEM nunca estive numa encrenca maior, heheheh
ResponderExcluircertissimo, cada dia a situação se complica mais.
Gostei, tem até um toque poético no texto.
ResponderExcluirMas, aproveitando o ensejo do assunto, o que o INSSano e a Dona conceição acham da nova proposta de carreira do inss proposta pelo GT? Se atualmente são 17 classes, salvo engano, com tempo de 1.5 ano entre cada uma, dá 25.5 anos pra topar a carreira. Mas o gt, em uma ótima e genial ideia, propõe que a nossa carreira passe a ter 40 (!!!) padrões com interstício de 1 ano. O tempo mínimo pra topar é 32 anos, "condizente com o tempo mínimo esperado de trabalho no serviço público federal", segundo o relatório do GT. E ainda, a depender das avaliações da chefia, você pode ter de pagar pedágio pra passar de uma classe pra subsequente. Eu acho brilhante, não vai espanar nem parafuso mais.
vamos acabar sem fenda nem espiral........huauhauah
ExcluirÓtimo !!
ExcluirPerfeito!!!
ResponderExcluirGenial. É nessas horas que a gente vê que ainda tem como rir de nossa situação auhauhauahua
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