Os sistemas elaborados pela Dataprev, como todos sabem, são praticamente perfeitos. É fato que nunca funcionam todos ao mesmo tempo, nem durante o dia todo e que toda versão nova é pior do que a anterior. Mas não se trata aqui de tecer criticas ao sistema. O que cabe a nós, servidores do INSS, fazer nos dias em que todos os programas estão fora do ar e sem previsão de retorno? Cabe a você, colega de labuta, entreter os segurados nessa hora de desamparo e abandono.
Se você estiver habilitando um beneficio e, a meio caminho, o sistema cair, não se desespere! Se o segurado for mulher, pegue seu tricô (tenha sempre um par de agulhas de reserva) e aproveite para ensinar ou aprender um ponto novo. O tempo passa que é uma maravilha e pode ser até que o sistema volte. Se o segurado for do sexo masculino, nada melhor que fazer umas embaixadinhas para recordar os velhos tempos. Mas, atenção, sem chutes para não correr o risco de atingir a senhorinha que faz aulas de ponto de cruz na mesa ao lado. Uma alternativa mais tranquila e que atende a ambos os sexos, é o jogo de gamão.
Passada a primeira hora sem sistema, o segurado pode se aborrecer com o passatempo inicial e fazer menção de ir embora. Não permita que ele se vá pois certamente irá reclamar pelo 135 do mau atendimento. Então é hora de mudar de atividade. Podemos começar com workshops de trabalhos manuais como pintura em porcelana, para elas, e carpintaria, para eles.
Ao meio dia, depois de quatro horas sem sistema e muita atividade manual, é hora de servir um almoço. Mas nada de feijoada! A comida deve ser leve e saudável, lembre-se que muitos deles têm idade avançada. E você também não poderá se dar ao luxo de uma soneca de depois do almoço. Uma salada com frango grelhado é o mais aconselhável.
Às duas e meia, depois da sesta, se o sistema ainda não tiver voltado, é hora de se fazer um teatrinho experimental com temas edificantes que levem o segurado a compreender que não deve matar o médico perito nem jogar os computadores da agência no chão.
Às dezesseis horas, depois de oito horas sem as benções da Dataprev, para o encerramento do dia, nada mais agradável que um baile da terceira idade. Apague as luzes, coloque um Lupicinio Rodrigues na vitrola, e deixe aflorar o romantismo dos aposentados.
O único problema de todo esse entretenimento é que os segurados poderão retornar no dia seguinte para repetir a atividade e encontrarem os sistemas todos em funcionamento. E corre-se o risco de eles, frustrados, ligaram para o 135 e reclamarem de que foram mal atendidos...