sábado, 18 de dezembro de 2010

TÉCNICAS DE SOBREVIVÊNCIA EM APS – A MATEMÁTICA


 Dizem que, antes de perder a paciência, deve-se contar, no mínimo,  até dez . Muitas vezes, entretanto, dependendo do humor do segurado, a contagem tende a se expandir ao infinito e você correrá o risco de se desconcentrar e perder aquela aparente tranquilidade que pretende transmitir ao atormentado interlocutor. O que fazer, então, quando o segurado insiste que tem direitos que efetivamente não tem ou aqueles que julgam ter maior conhecimento de legislação previdenciária do que você? Ou aqueles que estão sempre prontos a lhe ensinar o seu serviço ou os que vêm escoltados por familiares ou advogados preparados para uma guerra em que você, sem conhecimento prévio  e sem chance de defesa, é o único oponente? Nessas horas, caro colega, é que você deverá abandonar  a aritmética e enveredar para uma matemática mais avançada como, por exemplo, a geometria.
Tente  começar por um problema elaborado mas de fácil solução como calcular a hipotenusa de um triângulo retângulo. Ora, é sabido que o quadrado da hipotenusa é igual à soma dos quadrados dos catetos, não é, portanto, nada muito complicado,  principalmente se você ainda se recordar do que são hipotenusa e cateto.
Entretanto, para atingir esse estágio pós-aritmético, é necessário uma certa concentração e um pouco de treino.  O seu cérebro deve estar preparado para responder automaticamente a estímulos ativados pelo interlocutor através de palavras recorrentes tais como aposentadoria, beneficio, dinheiro e banco entre outras. E, ao mesmo tempo em que se distrai com equações algébricas ou  relembra o valor de pi vai respondendo, com  pequenas frases, em sequência tal que conduza suavemente ao encerramento da entrevista, como por exemplo:
-   Sei....
-   Entendi...
-   Vou verificar...
-   Agora é só aguardar a correspondência em casa.

Para conferir seu grau de aprimoramento nesta técnica, faça, ao fim de cada atendimento, as seguintes perguntas:
1.  Qual era mesmo o questionamento do segurado?
2.  Ele saiu satisfeito embora nada tenha sido resolvido?

Se você responder “não sei” à primeira pergunta e “sim” à segunda, nunca o contrário, terá atingido o ponto de equilíbrio entre a paz de espírito e a excelência de atendimento, estará livre de todo stress e qualquer remorso e pronto  para o próximo embate. Mas não se esqueça de, antes, encontrar um novo tema para o envolvimento mental como, quem sabe, a visualização da tábua de logaritmos.



17 comentários:

  1. Gente, vc é mto bom msm!!!
    Vou colocar um atalho de acesso no meu Blog. SUCESSO!

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  2. Triste ler essa falta de respeito. Gente assim não merece passar em concurso e ser servidor.

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    1. Só sendo servidor para se divertir muito. Só quem vive essa realidade pode se dar o luxo de rir muito e relaxar depois de viver 5 dias por semana nesse stress.

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  3. Penso diferente, pessoa assim, capaz de ironizar com tanta competência, é que está capacitado a servir ao cidadão. Eu, como utilizador de serviços públicos, espero ter a sorte de ser atendido por pessoa tão inteligente quanto essa, não pelos medíocres que costumeiramente encontro.

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  4. Bom, Marcelo, nós cidadãos somos, em 90% dos casos, atendidos por servidores assim, que na hora do café zombam dos coitados que estão lá procurando solução para os seus casos. A capacidade de ironizar e transcrever isso não faz de ninguém mais capacitado ou não, pelo contrário. Uma das características dos bons servidores públicos, principalmente de órgãos que lidam com situações complexas e pessoas muito simples como no INSS, deve ser a empatia. E ironia e empatia são, meu amigo, incompatíveis.

    Mas tudo bem, talvez no dia em que VOCÊ estiver "pendurado" com sua aposentadoria e alguém te falar "espere pela cartinha" com um sorriso falso no rosto, vc vai rever essa sua posição. E vai querer ter sido atendido por aquele "mediocre" que realmente iria dar um pouco de atenção ao seu caso. Ah! Sou funcionário público, e quando mais imaturo eu agia um pouco daquela forma também. A maturidade me ensinou muito e hoje me arrependo de um ou outro caso que tratei com impaciência ou ironia. Hoje, quando um senhor ou senhora analfabeto, todo sujo, chega para me explicar o que quer, eu ouço e me coloco no lugar, e tento atender da melhor forma possível.

    A vida ensina muito... e é por isso que não consigo endossar ou achar engraçado isso aí. A prova de que nem sempre os merecedores entram no lugar certo através de concurso... decorar código, saber matemática ou escrever razoavelmente bem não garantem competência a ninguém.

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  5. Prezado anônimo, também trabalho com atendimento a público de diferentes níveis, principalmente os descritos com ironia pelo autor. Posso assegurar que me porto com muito respeito e total consideração por todos com que tenho de tratar, pois tenho prazer em atendê-los. Posso estar enganado, mas não creio que seja o desejo do "Inssano" a aplicação de seus ensinamentos, mas talvez um desabafo de quem que, também como eu, seja cobrado excelência sem lhe ser dado um mínimo de condição para exercê-la. Muito embora trabalhe há mais de 30 anos na mesma atividade, não tenho nada do que me envergonhar.
    Não vejo sentido em criar polêmica sobre um texto divertido e inteligente. Se gostou acompanhe, se não gostou... .
    Obs. Não sou funcionário público e nem anônimo.

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  6. Apesar da ironia não ser algo útil no atendimento ao cidadão, pois a empatia realmente é a melhor conduta no atendimento social, não significa, necessariamente, que o autor do blog não seja empático com os usuários do sistema. A ironia pode sim, ser uma maneira divertida de compartilhar o lado difícil do servidor público. As condições dadas ao funcionalismo, muitas vezes, estão aquém das necessidades do trabalho. Alia-se a isso a pressão sofrida por eles para o cumprimento de metas não realisticamente elaboradas. Ser apenas empático e não ser capaz de resolver as questões que o segurado necessita, de nada adianta. No mais, o blog trata das situações estressantes em que os servidores do INSS se submetem no dia a dia. Funciona como uma válvula de escape para que o profissional possa servir com mais satisfação. Parabéns pelas publicações!

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  7. Putz... perdi dois preciosos minutos (que não voltam mais) da vida lendo isso!

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  8. ...Bom...As pessoas não entendem que os servidores públicos só podem atuar se a lei permitir e exatamente como ela determina. Por isso, não adianta tentar ferir o servidor...ele não pode fazer nada. Pensa estar diante de uma injustiça? Vá procurar o Judiciário. Só uma ordem judicial para afastar ou dar um sentido diferente a uma norma.

    É muito cansativo ter que ouvir reclamações, suportar "barracos", ver o sujeito duvidar de tudo o que vc responde para ele...ou, ainda, ser acusado de agir com "má vontade".

    Eu odeio profundamente atender o público. Na verdade, jamais gostei de pessoas na minha vida...procuro manter distâncias delas. A maioria das pessoas que eu atendo, ou são ignorantes, ou querem me enganar, estão lá fraudando um benefício, e pensam que eu não sei que estão mentindo. ¬¬"

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  9. "Putz... perdi dois preciosos minutos (que não voltam mais) da vida lendo isso! "

    e mais dois para comentar.....huahahuahuahauahua

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  10. Toda área de trabalho tem suas piadas e o seu texto é muito engraçado, um desabafo pela falta de condições que trabalhamos, mas que apesar de tudo isso ser verdade nos esforçamos para fazer o melhor que podemos pela sociedade que é a maior prejudicada pelo descaso do governo de não contratar mais funcionários e lhes oferecer condições de trabalho!

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  11. Olá, tudo bom? Conheço o sisref e se descobri uma forma de bater o ponto de entrada, almoço e saída uma vez só: Digite 1234 e depois Enter, pronto, seu ponto está batido por um mÊs. Só vale se vc fizer no primeiro dia do mês.Abraços.

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  12. Com certeza terá algum servidor que tentará (burlar o sisref), sem sucesso algum!!!rs!!!

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  13. Pois eu adorei..seria mais cômico ainda se não fosse trágido né...rsrsrsrsrsr.
    Mas é isso povo: enquanto existir hipocrisia por parte de muitos servidores, que simplesmente negam esta realidade, ela continuará assimm: ruim para segurado e pior para o cidadão.
    Acordaaaa povo!

    Sugestão: por favor , nos ensine a tolerar certos "tipos" de colegas????
    Abraços!

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  14. Gente, penso que nós, previdenciários, devíamos ter obrigatoriamente, um curso prático de teatro (ou de circo) antes da atuação nas agências. Isto iria facilitar sobremaneira o nosso dia-a-dia no atendimento ao cidadão (afinal nós também somos cidadãos), pois a instituição - representada por uma chefia - ou seria chefria? - despreparada e tantas vezes cruel, lidam conosco como se fossemos robôs - e que muitos se toram com o tempo - a serviço deles... alguém aí concorda ? Façamos aqui uma campanha pra aprovar os 80% da GDASS pra aposentar essa "galera" que já pode aposentar e não sai de jeito algum - Ai, ai, precisamos de sangue novo, gente jovem, capacitada e em condições de motivar os servidores em suas tarefas diárias - fica aqui a minha sugestão. abraços

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  15. Meu Deus!!! Como existem pessoas que não sabem distinguir um tom sério de um tom irônico... Perco o amigo mas não perco a piada!

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