O jornalismo investigativo do INSSaNewsTV descobriu um vídeo de Dona Conceição que revela que ela, ainda em tenra idade, já possuía certas características comportamentais que a acompanham até hoje, tais como um certo desequilíbrio emocional e uma hiperatividade agressiva. É um elucidativo registro familiar que agora vocês irão assistir.
quinta-feira, 9 de outubro de 2014
INSSaNewsTV ESPECIAL - O SURTO DE DONA CONCEIÇÃO
Certo dia, ao ir para o trabalho. Dona Conceição se deparou com a curiosa, embora nem tão inesperada cena:
Dona Conceição estava, naquele dia, com o Rivotril atrasado e a simples visão de um segurado em pleno e descuidado exercício de falta-de-vergonha-na-cara levou-a a um nível de irritação e descontrole nunca antes vivenciado por nossa tranquila servidora. Ela, então, sequer entrou em sua APS e, ali mesmo na rua, se pôs a agredir todos os segurados que encontrou pela frente, fossem eles inocentes ou não. São cenas fortes as que verão a seguir.
Felizmente, depois de algumas horas de incontrolável violência, Dona Conceição recebeu um dardo com tranquilizante em pleno lombo e, reagindo da forma esperada, caiu dura e apaziguada na calçada. Levada para uma casa de repouso onde passou os últimos quinze meses em revigorante reconstituição do equilíbrio mental e prestes a ter alta médica e retornar ao trabalho, concedeu esta gentil entrevista a nosso repórter.
quinta-feira, 18 de setembro de 2014
TÉCNICAS DE SOBREVIVÊNCIA EM APS – ENCONTRANDO SOLUÇÕES
A
ASSEDE (Associação dos Servidores Desesperados), após muito deliberar, concluiu
que, devido à endêmica falta de servidores, a única forma de cumprir as metas e
realizar um bom trabalho seria investir em peso em ficção científica de ponta.
Dois programas foram especialmente desenvolvidos para melhorar a qualidade do atendimento
e ao mesmo tempo liberar o servidor para
o serviço de retaguarda.
Um
desses excelentes experimentos é o Projeto Avatar em que o servidor real
permanece na retaguarda analisando processos enquanto uma encarnação sua atende
a população com uma tranquilidade padrão rivotril de qualidade. É um sistema de
duplicidade, sem custo extra para a
União e que dá um merecido descanso ao servidor em faixa crítica que, com
sorte, poderá até abandonar seus remedinhos controlados.
Outro
programa muito interessante também é o Clone Confusion. É um grande sucesso na
padronização do atendimento uma vez que todos os atendentes possuem exatamente a
mesma aparência, oriunda de uma matriz comum. É igualmente divertido, pois
deixa os cidadãos um tanto confusos e também um tanto inibidos no que tange a
reclamar do atendimento do servidor de outra mesa já que ele é igualzinho ao que
o está atendendo no momento, bem como aos demais que o ladeiam.
Evidentemente
até mesmo clones e avatares necessitam de uma certa paz para exercer suas
funções previdenciárias e para distrair as criancinhas pequenas e as não tão
pequenas que ficam correndo e gritando pelo salão foram criados emanações
ectoplásmicas cibernéticas, disponíveis em três modelos: Chucky, Jason e
Freddy Krueger.
Também
para manter o ambiente livre de outras modalidades de inconveniências tais como
as causadas pelo celular, como conversas em voz alta e joguinhos irritantemente
sonoros, bem como por aqueles segurados criadores de caso, foi projetada a
máquina de teletransporte representada por um tubo virtual que envolve o
cidadão incomodante e, de acordo com o grau de chatice, o envia a lugares de
variada distância, a saber, esquina mais próxima, casa do cliente e deserto de
Gobi.
Infelizmente
todas essas fabulosas invenções ainda se encontram em fase experimental, o que
acarreta alguns inconvenientes e, no que concerne à nossa exemplar servidora,
Dona Conceição, que serviu de cobaia a tais experimentos, temos
duas notícias a dar - uma boa e outra ruim. A boa é que já se encontra à
disposição para venda os clones de nossa nobre colega. A ruim é que, após ser
submetida a um teste na máquina de teletransporte, por algum erro de
programação, ela não foi ela encontrada em nenhuma esquina próxima tampouco em
sua casa...
domingo, 6 de julho de 2014
APS X DATAPREV - A DECISÃO
O ATAQUE DA APS |
- Bem, amigos, chegamos ao
momento decisivo da disputa pelo turno estendido. As arquibancadas da
Arena Previdência estão todas coloridas com o azul e branco da APS,
parece até a torcida da Argentina, mas os torcedores da DATAPREV,
embora em menor número, estão bastante animados. A diferença
numérica é um fator de vantagem para a APS, Casagrande?
A DEFESA DA DATAPREV |
- Certamente que sim,
Galvão. Mas não devemos menosprezar o valor do grupo de torcedores
do DATAPREV, todos os três são cartolas de renome.
- Você saberia explicar
por que são tão poucos os torcedores da DATAPREV numa partida tão
importante, Casagrande?
- O agendamento de ingressos
foi feito exclusivamente na APS, portanto se nota uma ligeira
preferência de marcação para os torcedores da agremiação.
- O SIBE, que chegou como
promessa para esta copa, continua no banco de reservas sem ter
conseguido se firmar no lugar do PRISMA nem do SABI. Isso facilita ou
dificulta a tarefa do adversário?
- Em se tratando do PRISMA,
isso facilita muito a tarefa. Já em relação ao SABI, seria
preferível para a APS que o SIBE estivesse em campo.
- O SABI é mesmo tinhoso,
mas Dona Conceição se diz preparada para o confronto. E já tem
bola rolando... O Auxílio Reclusão Sem Declaração de Cárcere
tenta tomar a bola do TMA, que conclui que o instituidor não tem
qualidade de segurado e não quer dar entrada no benefício. O
Auxílio Reclusão insiste, o TMA resiste e o juiz dá bola presa e
manda decidir com a bola ao alto. Isto está na regra, Arnaldo?
- O juiz 135 está
completamente equivocado, está agindo como se estivesse apitando uma
partida de basquete.
- Dona Conceição recebe um
Acerto de Atividade, passa o TMA que percorre todas as etapas do
processo, devolve para Dona Conceição que analisa, marca para
deferimento, chuta para homologar e o Portal CNIS cai no momento
exato, impedindo a conclusão da jogada. E, agora, Dona Conceição
chega por trás, dá um chute nas costas do Portal CNIS, tira-lhe a
bola e a atira para a rede. O juiz 135 se aproxima do jogador
derrubado, parece que a coisa foi séria, hein, Casagrande?
- O CNIS está fazendo cera
para ganhar tempo já que o empate é favorável à DATAPREV.
- O juiz contou até dez, o
CNIS não se levantou e ele então validou o gol da APS. Arnaldo,
explica pra gente o procedimento do juiz.
- Mais uma vez o juiz 135
parece estar misturando as informações esportivas e agiu como se
estivesse mediando uma luta de boxe. E é incrível também que
Garibaldo e Lindolfi, os dois bandeirinhas, não fazem nada para
melhorar a performance da arbitragem.
- Não dá mais para o
Portal CNIS que vai saindo do campo de maca. O técnico Assumpção
manda o CADPF para o aquecimento. E aí, Casagrande, o que você acha
dessa troca de goleiros?
- Vai facilitar muito a vida
da APS porque ele tem
dificuldade com as bolas altas, colaborando para encerramento de
atividade
- Lá vai o SISAGE
dificultando a marcação do TMEA, impedindo o avanço do Agendamento
da Aposentadoria. Novamente
vem Dona Conceição, perigosamente por trás, e outra vez dá um
pontapé nas costas do adversário. O SISAGE fica caído no chão, se
contorcendo de dor. A bola quica, Dona Conceição ajeita a pelota
com a mão e enfia no gol. O CADPF nem percebeu a bola entrar. O juiz
135 valida o gol enquanto o SISAGE é carregado para fora do campo,
de maca. Vai ser substituído pela Agenda SAE. Gol
de mão pode,
Arnaldo?
- No handebol, pode, Galvão.
O juiz 135, pelo visto, conhece a regra de muitos jogos, menos aquele
que está apitando.
- E,
agora, o juiz consulta o SISREF e encerra a partida
intempestivamente. E isso, agora, Arnaldo, como você explica?
- Ele deve ter um bom banco
de horas, Galvão.
- O importante é que, com
essa vitória, a APS conquistou, em definitivo, o turno estendido,
não é Casagrande?
- Podemos dizer que sim,
pelo menos até o final do ciclo, se as regras não mudarem no meio
do caminho.
- E fiquem agora com mais um
capítulo da novela Vale a Pena Chutar de Novo. E até o nosso
próximo encontro.
quarta-feira, 25 de junho de 2014
APS X DATAPREV
-
Mais um grande jogo pelas eliminatórias do turno estendido. A APS
já chega com uma desvantagem na agenda de 42 dias, comprometendo o
IMAGDASS, o que vai pressionar muito a zaga, principalmente o goleiro
TMEA. O que é que você acha, Casagrande?
-
Com uma defesa fraca, a APS tem que contar muito com o ataque,
principalmente com o camisa 10, IRES, para ver se o time consegue
passar para a próxima fase. Já a DATAPREV vem com o grupo afinado,
com o CNIS contundido, o SABI com seu comportamento errático e o
goleiro HIPNET prometendo barrar qualquer ataque que conseguir
passar pelo zagueiro CNISVR. O jogo vai ser duro, Galvão.
-
Tem bola rolando... Aproxima-se a aposentadoria da mesa de Dona
Conceição e passa para ela onze carteiras profissionais. Isso pode,
Arnaldo, não é muita carteira, não?
- A
regra é clara: o segurado deve apresentar quantas carteiras
profissionais ele tiver.
-
Dona Conceição tenta driblar o CNIS mas ele resiste com quinze
vínculos extemporâneos. Retomada a pelota, Dona Conceição, passa
pelo CNISVR, chuta para o gol, mas o goleiro HIPNET cai, fora do ar,
no momento decisivo. E agora vem um LOAS, sem requerimento nem
formulário de grupo familiar preenchidos. Dona Conceição está
fazendo cera para ver se o SIBE cai antes de gerar o número do
benefício e, com isso, forçar um novo agendamento. O juiz deu jogo
perigoso! Pode isso, Arnaldo?
- É,
Galvão, parece que o juiz entendeu que Dona Conceição quer
provocar um novo agendamento sem garantir a DER do segurado.
- E
o que você acha, Casagrande?
-
Dona Conceição está preocupada com o TMA, marcado sob pressão o
tempo todo, o que pesa nos indicadores. Já que ela não deve perder
tempo esperando que se preencha os formulários, deveria abrir
exigência.
-
Eh, fora do lance, o CNIS caiu! Terá sido o vento, Casagrande?
-
Pode ser. O CNIS sofre com todo o tipo de variação atmosférica.
Cai com o vento, a chuva ou o tempo bom.
- É
agora, é agora! Dona Conceição mata no peito um salário
maternidade redondinho, contribuinte individual, certidão de
nascimento, cadastro completo, não precisa mudar nem a DER. Tá amadurecendo o gol da APS. Agora vai. Ah! O PRISMA não se comunica
com o CNIS que permanece caído em campo. Casagrande, o que tanto o
CNIS faz que fica mais tempo no chão do que de pé?
- O
CNIS é o elemento estratégico para ligar a defesa ao ataque e
impedir a movimentação do IRES e IMAGDASS.
- Tô
sentindo cheiro de gol. Dona Conceição conseguiu fazer com que o
PRISMA reconhecesse os recolhimentos da segurada. Imprimindo resumo,
formatando e é GOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOL da APS! Golaço, aço, aço de
Dona Conceição. E o CNIS parte pra cima de Dona Conceição e
dá-lhe uma mordida no ombro. O juiz mostra o cartão vermelho para o
agressor. O CNIS está expulso, vai pro chuveiro mais cedo. Era caso
para expulsão, Arnaldo?
- O
juiz agiu corretamente. O CNIS, pela sua conduta em campo, já
deveria ter sido expulso muito mais cedo. Só serve para atrapalhar o
jogo.
-
Dona Conceição recebe uma procuração. De SABI. Para renovar.
Tenta renovar, o SABI informa que o benefício não se encontra na
base. Entra no controle e faz um povoamento. O benefício retorna
como cessado. Dona Conceição corta para a esquerda, corta para a
direita até que, felizmente, o juiz apita o final da partida.
Casagrande, suas considerações finais.
-
Uma magra, mas expressiva vitória da APS, tendo em vista as pressões
sofridas por uma bem articulada DATAPREV. Com o placar de 1 a 0 nos
indicadores, a APS garante mais seis meses de turno estendido.
- E
fiquem agora com mais um capítulo inédito de Vale a pena ver de
novo, com a novela “Eu já vi este jogo”.
sexta-feira, 23 de maio de 2014
GUIA PRÁTICO DE CONDUTA EM APS
Para
você que faz parte daquele reduzido grupo de segurados relaxados, que não se
prendem a horários, são materialmente tão desprendidos a ponto de não se
importar com próprios documentos ou têm
um senso moral bastante elástico, produzimos este pequeno teste preparatório
para enfrentar as dificuldades promovidas pelos cruéis servidores do INSS.
1-
Quando o servidor pergunta por que você chegou
cinco horas atrasado para o seu agendamento, você responde:
a.
( ) O
pneu do ônibus furou.
b.
( ) Ué,
pensei que estava chegando adiantado.
c.
( ) Eu já
estou aqui há oito horas, só não sabia que tinha que pegar senha.
d.
( ) Eu
não gosto dessa coisa de ter que acordar cedo.
2- Ao ser
indagado sobre por onde andam as páginas de identificação de sua carteira
profissional, a sua resposta é:
a.
( ) O
cachorro comeu.
b.
( ) Ué,
não estão aí, não?
c.
( ) Meu
filho rasgou, mas o resto tá tudinho aí.
d.
( ) Sou
desmazelado e não cuido de meus pertences.
3- Em
relação à solicitação dos carnês e CICI do NIT em faixa crítica , assinale a melhor resposta:
a.
( ) A
enchente carregou.
b.
( ) Perdi
tudo na mudança.
c.
( )
Carnê? O que que é isso?
d.
( ) Sou
desmazelado e não cuido dos meus pertences.
4- Quando
o servidor menciona aquela sua aposentadoria cessada por fraude após 10 anos de
plena atividade, você argumenta:
a.
( ) Pois
é, fiquei sabendo disso outro dia. Como tem gente safada neste mundo!
b.
( ) Deve
ter sido aquele cara que pediu todos os meus documentos, não sei pra quê. Eu
nunca recebi nada. Como tem gente safada neste mundo!
c.
( ) Clonaram todos os meus documentos, fizeram
essa aposentadoria aí e ainda depositaram os vencimentos na minha conta! Como
tem gente safada neste mundo!
d.
( ) Isso
aí que você está me contando é novidade para mim e eu quero saber quem foi o
meliante que falsificou a minha assinatura.
Como tem gente safada neste
mundo!
5- Quando
o servidor descobre, pesquisando os dados cadastrais do cônjuge que abandonou o lar há 35 anos e do
qual você afirma desconhecer o paradeiro, que ele mora, coincidentemente no mesmo
endereço que você, você responde:
a.
( ) Como
é que pode uma coisa dessas, hein?
b.
( ) Que
velho mais sem-vergonha, dando o meu endereço como se fosse o seu!
c.
( ) É
porque o carteiro não vai até onde ele mora e então eu emprestei o meu endereço
para ele receber a correspondência.
d.
( ) Eu
sabia que isso não ia dar certo...
Gabarito comentado:
1- Letra A,
porque levanta possibilidade de se estar falando a verdade, embora a letra D
seja talvez a mais condizente com a realidade, seu nível elevado de franqueza
não inspira muita simpatia pelo seu caso. Observe-se que alguma resposta
semelhante como ‘o pneu do trem furou’ compromete totalmente a sua história.
2- Letra C. É possível facilmente comprovar a
veracidade das palavras do cidadão analisando o que resta da carteira
profissional. A letra D resume bastante claramente todos os fatos anteriores.
3- Letra A
que, pelo seu forte apelo emocional, elimina
o desleixo sugerido pelas letras B e D e
a total alienação representada pela letra C.
4- Todas
as respostas podem ser consideradas corretas, principalmente considerando-se a
frase final, comum a todas elas.
5- Letra D
porque não adianta nem espernear porque o seu benefício vai pro saco.
sexta-feira, 9 de maio de 2014
TÉCNICAS DE SOBREVIVÊNCIA EM APS – O ATENDIMENTO SIMPLES
Um
grande mistério envolve o mais comum dos tipos de atendimento do INSS, o
orientação e informações, aquele que a senha determina que deve utilizar no
máximo 10 minutos do tempo do atendente e cuja duração, na realidade, varia de
2 a 45 minutos. Intrigados com tal disparidade, foi realizada uma minuciosa análise
do problema e verificou-se que as causas são bastante variadas, como
exemplificamos a seguir:
1 –
Senhas aleatórias: O segurado comparece ao balcão para pegar uma senha e faz
uma longa, complexa e ininteligível explanação que pode significar qualquer
coisa, desde a solicitação de um extrato como o cadastramento de uma procuração
ou um demoradíssimo cálculo de diferença de valores a ser pagos. Para
simplificar tal densidade problemática, o ilustre distribuidor de papeizinhos
numerados, sem querer se aprofundar no relevante tema, oferece ao cidadão uma
singela senha de 10 minutos. Ou, então, o segurado se refere vagamente a algum
papel e sem se importar se o mesmo é para ser retirado como, por exemplo, o
CNIS ou se é para ser entregue, podendo resultar no cumprimento de uma
exigência de SIBE, o que faz absurda diferença, o solícito colega, sem grandes
considerações, oferece-lhe a famosa senha de atendimento expresso.
2 – O
servidor sofisticado: É aquele colega que não consegue, de forma alguma, ser
objetivo no atendimento. Um bom exemplo é uma solicitação de extrato de empréstimos
que, apenas com o CPF do segurado,
encontra-se o número do benefício, copia, cola na página do Consigweb e
pronto... Tempo gasto, dois minutos. Já o nosso colega divagante pega o RG do
cidadão, lê um nome complicado como, por exemplo, o do cineasta Krzysztof Kieslowski,
pergunta se o nome é russo, ouve em reposta que é polonês, fica pensando em
algo interessante sobre a Polônia para puxar assunto e exibir conhecimento, não
encontra nada na cachola e pergunta, finalmente, o que o cidadão deseja. Então
insiste, em lugar de fazer a busca do número do benefício pelo CPF, em
pesquisar pelo quase impronunciável nome; evidentemente só acerta na décima
quinta tentativa. Conhecedor do número desejado, em vez de copiar e colar,
transforma-o em dezenas do jogo do bicho e, num exercício de memoria, tenta
gravar a sequencia e colocar tudo no lugar devido. Avestruz, águia, burro,
elefante, urso. Não. Águia, elefante, burro, avestruz, urso. Não, não. Águia,
elefante, avestruz, burro, urso. Também não. Acho que tinha borboleta no meio.
Borboleta, pavão, urso, burro e avestruz. Oitenta e oito minutos mais tarde eis
que surge, finalmente, o esperado extrato. Agora é só acordar o segurado e
entregar-lhe o produto do exaustivo esforço intelectual.
3 –
Atendimento infinito: A cidadã pede um extrato de pagamento de benefício.
Quando o servidor, depois de se levantar, ir até a impressora, voltar, sentar e
entregar o papel, ouve da segurada que ela quer também o extrato de
empréstimos. Ele repete a operação e ela lembra que precisa também do extrato
para o imposto de renda. Tudo isso
temperado por tapinhas na mão do atendente no momento em que ele usa o
mouse, fazendo o cursor entrar em órbita. “Foi você que me atendeu no outro dia,
lembra?” Tapinha na mão. “Foi é muito gentil” Tapinha. O servidor, sobrevivente
de tudo isso, ainda não está liberado porque, para aproveitar a ocasião ela
quer saber se a prima da vizinha tem direito à pensão por morte; se o tio da
irmã da amiga da senhora que mora na rua debaixo pode receber LOAS ou se o cachorro
do marido e aí o colega, já tonto de tantas perguntas, fica sem saber se se
trata de uma ofensa marital ou alguma consulta veterinária.
4 –
Protocolo zero: A segurada quer apenas informações sobre o andamento de um
processo. Só que não tem protocolo nem sabe de que tipo de benefício se trata.
Então o servidor, de posse do documento de identidade da requerente, vai de um
sistema ao outro pesquisando e não encontra absolutamente nada em nome ela.
Pergunta, pois, se o benefício não seria para o filho. Sim. Bingo! Ela completa
dizendo que é aposentadoria do filho. De três anos de idade. Este aparente
contrassenso revela a inequívoca informação de tratar-se de um LOAS. Enigma
resolvido, em menos de meia hora o simpático sistema SIBE oferece o campo para
se colocar o nome do beneficiário. Como se já não bastassem os tormentos
vividos até o momento, o nome da criança
muito se assemelha ao do cineasta polonês citado acima. Algo como Kristorfeson
ou Cristiofersohn ou Khriteferson ou Kristioteverson, a mãe não tem muita
certeza da grafia que, com boa vontade e muita perseverança, através de árduos
exercícios de tentativa e erro, o servidor há de descobrir qual é.
quinta-feira, 10 de abril de 2014
TÉCNICAS DE SOBREVIVÊNCIA EM APS - OS MAIS IGUAIS
Com o
início do regime especial de atendimentos aos advogados, Dona Conceição foi
designada para a honrosa tarefa. Contribuíram para isso dois fatores
importantes: um, o fato de a servidora não simpatizar com advogados e, o outro,
o fato de o chefe da agência não simpatizar com Dona Conceição. Ela viu tal
destino como sinal de provocação e ameaçou dar cabeçadas na parede até
conseguir um traumatismo craniano. E foi às vias de fato, uma vez que o gerente
não fez nada para impedi-la. Já na quarta pancada, caiu desmaiada e sem
alcançar o seu objetivo, o que demonstra que ela era cabeça dura não apenas em sentido figurado. Quando se recuperou, teve de ir para o balcão...
No
começo era apenas uma fila de três ou quatro engravatados senhores. Com o
tempo, a notícia foi se espalhando e a fila aumentando. Os segurados comuns
sustinham resignados as suas senhas e espichavam o olho para a fila dos
doutores.
Em
pouco tempo os honrados senhores acharam por bem que era necessário que fossem
atendidos em um lugar especial porque eram pessoas de superior estirpe. O
gerente, muito a contragosto, deu-lhes a sala de JA e em sua porta foi colocada
uma simpática plaquinha com os desenhos de uma gravata e um sapato de salto
alto, indicando que o local era reservado para pessoas elegantes. É verdade
que, de vez em quando, por erro de interpretação, entrava ali alguém apressado,
pensando tratar-se de um banheiro, mas, fora isso, as acomodações estavam mais
ou menos ao gosto da sofisticada clientela.
Não
demorou muito para os segurados se associassem aos advogados para, através
deles, obter os privilégios só a eles destinados. Todos, então, compareciam à
APS escoltados por determinados defensores da lei, da ordem e da justiça, sem a
intervenção dos quais, acreditavam eles, sequer um extrato de pagamento era
emitido pelos desleixados servidores. A carreira jurídico-previdenciária
florescia a olhos vistos. As gravatas, antes discretas, tornaram-se
extravagantes, com estampas coloridas e até com desenhos do Mickey Mouse. A
senhoras de tailleur abusavam dos
saltos altíssimos que iam do vermelho fluorescente ao dourado.
O
resultado de tudo isso é que dobrou o número de pessoas na agência. E, como era
de se prever, as controvérsias começaram. Damos abaixo, a título de exemplo,
uma muito interessante discussão ocorrida numa tarde de sexta-feira.
-
Embora o senhor tenha chegado antes de mim, por uma questão de cavalheirismo,
deve ceder-me a sua vez – disse uma advogada e recebeu como resposta:
-
Dar-me-ia imenso prazer, mas, como a senhora pode notar, minha cliente também é
uma mulher e, portanto, também tem a mesma prerrogativa que a senhora.
- Mas
eu sou mais velha do que ela...
- Pode
ser, mas minha idade somada à dela é superior à sua somada a do seu cliente.
- Alto
lá – soou uma voz atrás deles; era o Dr. Gravatinha, já nosso conhecido. Quem
tem que entrar na frente é a minha cliente que já está quase com dez meses de
gravidez!
- Dez
meses?! Então o senhor tem de leva-la imediatamente a um hospital porque esta
criança está encruada! – replicou a advogada.
- Ora,
é mesmo? Então vamos tratar do parto imediatamente. Preparem a perícia para o
evento! – exigiu Dr. Gravatinha, dirigindo-se ao gerente que se aproximara para
informar-se sobre o tumulto.
Ao
ouvir a explicação de que o ambiente não era propício a um parto e que os
peritos não estavam ali para isso, o advogado gritou:
- Nós
vamos entrar com uma ação contra o INSS por omissão de socorro!
Um
tanto nervosa, a parturiente segurou o Dr. Gravatinha pelo braço e disse que
estava grávida de oito meses apenas e não de quase dez, como afirmara ele.
Imediatamente se ouviu uma voz atrás deles a reclamar:
- Ora,
então minha cliente deve entrar na frente da sua, pois já está com oito meses e
meio de gravidez e, além do mais, eu puxo da perna.
- Data venia,
mas e eu tenho um calo que muito me dói e que aposto incomoda mais do que a sua
perna que não está submetida ao aperto de um sapato de couro – resmungou o Dr.
Gravatinha.
Depois
desta histórica data foi criada, de comum acordo, uma complicadíssima tabela de
critérios para o atendimento prioritário cujos itens deveriam ser combinados de
modo a precisar com exatidão a necessidade ou não de ser atendido como
prioritária prioridade. Vejamos um exemplo: Um segurado com 30 anos de idade,
com dor de dente e acompanhado de um advogado com 50 anos e uma pasta muito
pesada poderia passar à frente de um segurado de 40 anos, sem dor de dente e
cujo advogado tivesse 56 anos, mas que não carregasse uma pasta tão pesada
quanto à de seu colega. Porém, se a pasta do segundo for acrescida de novos
documentos de forma a pesar mais do que a pasta do primeiro advogado e a dor de
dente do primeiro segurado melhorar durante a espera pelo atendimento, as
posições deveriam ser invertidas. Note-se que há um certo grau de subjetividade
na análise de componentes da equação como, por exemplo, a intensidade de uma
dor de dente, o que resultou em
ocasionais divergências e algumas altercações.
Passado alguns meses nesse complicado processo
de seleção e após uma dúzia de reuniões, chegaram os advogados ao curioso consenso
de que a melhor forma de atendimento seria através da distribuição de senhas.
sexta-feira, 31 de janeiro de 2014
TÉCNICAS DE SOBREVIVÊNCIA EM APS - A PROPAGANDA
Dizem que
a propaganda é a alma do negócio. Evidentemente ela rende bons frutos
financeiros e, portanto, deve ser utilizada abundantemente e sempre que
possível. O não aproveitamento deste recurso constitui franco desperdício de
oportunidades orçamentárias. É por isso que a Previdência Social está se
preparando para a implantação de um programa de interação entre sistemas e
segurados.
A base
de teste é o correio eletrônico que, como observamos, passou disparar alucinadamente mensagens sem
sentido ou, pior ainda, com sentido um tanto equívoco, como ocorreu com nossa
dedicada servidora Dona Conceição.
Sabemos
que Dona Conceição é uma senhora de idade provecta e muito pudica. Qual não foi
o seu constrangimento ao tomar conhecimento do fato de que um e-mail, enviado à
sua revelia e com o seu nome, percorreu a lista Brasil oferecendo um kit de
produtos que prometia milagrosas ampliações anatômicas para o público masculino.
Ilustrado. E tornou-se ela ciente disso quando, por brincadeira, alguns colegas
formaram uma comissão de interessados que a procurou com a declarada intenção
de obter descontos na compra por atacado. Corou até a burca de tanta vergonha!
Ora,
todos nós sabemos que o que segue pelo e-mail institucional é de fácil acesso aos
representantes da alta gestão executiva nacional, de um modo geral, e pelo
Barack Obama, em particular, o que pode transformar um simples teste de sistema
de transmissão em um vexame internacional.
Outro
novo programa a ser lançado é o Prisma Association que exibirá, tanto no
protocolo do benefício como na carta de exigência ou na carta de concessão, um
anúncio de todas as financeiras existentes em sua cidade de forma a bem
orientar o segurado para que possa, assim que tenha seu direito reconhecido,
comprometer a sua renda mensal em um espetacular empreendimento de crédito
consignado.
E
também a nova versão do CNIS, mediante um simples cadastramento, o CADCAT,
exibirá uma listagem completa de todos os catadores de papel, autodenominados
assessores previdenciários, que atuam em sua APS e adjacências.
Toda essa proeza
tecnológica trará benefícios já a curto prazo, como podemos comprovar pelo
sucesso financeiro de Dona Conceição que, superando os pudores iniciais, passou
a comerciar sua mercadoria virtual com bastante desembaraço e, até mesmo, sem
grandes preocupações a respeito da eficiência da mercadoria oferecida. O mesmo,
evidentemente, ocorrerá com as demais novidades anunciadas.
quinta-feira, 9 de janeiro de 2014
TÉCNICAS DE SOBREVIVÊNCIA EM APS – DECIFRANDO OS SINAIS
Verão!
Férias! Nada melhor do que mudar de ares e levar a família para passear. E
entre um passeio e outro, entre o café da manhã e o jantar, nada mais agradável do
que passar umas deliciosas horinhas usufruindo o ar condicionado e água gelada
de uma APS. Evidentemente quando ambos os aparelhos, ar condicionado e
bebedouro, funcionam. E se o banheiro não estiver interditado, pode-se até fazer
um lanche nas refrescantes dependências previdenciárias. E, de quebra, pegar o
CNIS, saber o dia do próximo pagamento, solicitar umas informações quaisquer e,
logicamente, pedir um “papel pra viagem” para poder voltar para casa com toda a
comodidade e sem pagar nada.
Esse
salutar intercâmbio entre servidores de uma determinada APS e segurados de
outras GEX demonstra que todos os segurados são iguais e agem da mesma maneira em
todo o território nacional e os servidores devem estar atentos aos sinais que
eles emitem para saber o que esperar do atendimento. Tanto o atendimento quanto
os segurados podem ser classificados de diversas formas, como enumeramos a
seguir.
Quanto
à apresentação de documentos o atendimento pode ser:
a.
ágil – quando o segurado já vem com os
documentos na mão;
b.
mais ou
menos lento – de acordo com a quantidade de embalagens em que os documentos
estiverem envolvidos como, bolsa, sacola plástica, carteira, porta-documentos,
enfim, achei!;
c.
complicado – quando depois de todo o trabalho
acima, o segurado descobre, no meio de toda a papelada envolvida, apenas uma
cópia não autenticada do documento necessário e declara que é a mesma coisa que
o original, que o fulano da mesa tal sempre o atende com uma cópia e coisa e
tal;
d.
agilíssimo – documento? não sabia que precisava,
deixei em casa...
Quanto
ao nível de estresse do segurado:
a.
sociável e feliz – corresponde àquele segurado
que, mesmo depois de muito tempo esperando sua vez, quando vê reluzir no
monitor o seu número, vai em direção ao atendente, numa animada corridinha,
senha em punho, como se tivesse tido sorte no bingo e vai buscar o seu prêmio;
b.
levemente irritado – é aquele que, exagerando um
pouco o tempo de espera, diz que já estava aguardando há mais de duas horas,
fato desmentido pelo horário de distribuição impresso na senha. Não é
aconselhável discordar do comentário equivocado do oponente para que ele não
passe subitamente ao grau “muitíssimo irritado”;
c.
muitíssimo irritado – é relativo ao segurado
que, estando sentado à frente do
servidor, olhando-o com cara feia, resmungando ou falando sozinho ou, pior
ainda, falando ao celular e, por tabela, distribuindo adjetivos pouco
lisonjeiros democraticamente a todos os
servidores e em voz bem alta para que ninguém deixe de ouvi-lo, quando vê sua
senha no monitor, transporta-se de sua cadeira para a do atendente e desaba
nela com tanta vontade como se tivesses estado em pé por umas três horas e ainda
dá um longo, profundo e rancoroso suspiro. Ele não menciona a demora do
atendimento, mas faz questão que o servidor seja informado de seu desagrado
através da pouca sutiliza de seus gestos. Convém ao servidor, em casos como
este, mover-se muito pouco e falar menos ainda para acalmar o ambiente e não
correr maiores riscos.
Quanto
ao grau de dificuldade da solicitação:
a.
fácil – solicitação de extrato de consignação.
Para tanto é necessário apenas o servidor dominar a nomenclatura do documento
que pode ser chamado de hiscon, íscon, excon, skol, skate, entre outras
bizarrices mais;
b.
médio – a frase chave para avaliar a dificuldade
é: “eu já estive aqui hoje mais cedo”, o que significada que o problema ainda
está pendente;
c.
difícil – normalmente começa com uma frase
similar a “eu já estive aqui umas dez vezes”, o que revela que, muito
provavelmente, irá retornar uma décima primeira vez, pois o problema não tem
solução, ou melhor, o segurado é o problema.
Quanto
ao estado da senha:
a.
intacta – o segurado esteve aguardando por muito
pouco tempo e deve estar com um humor amigável;
b.
amassada – o cidadão esperou mais de meia hora e já está um pouco
alterado;
c.
dobrada ou rabiscada – demonstra uma certa
animosidade em relação ao atendente desconhecido. Se tiver ambas as
características, dobrada e rabiscada, o nível de agressividade se eleva sobremaneira;
d.
faltando um pedaço - fome. Ofereça um biscoito para o seu cliente
que seu humor há de melhorar.
domingo, 5 de janeiro de 2014
PUBLIQUEI UM LIVRO DE CONTOS... PARA QUEM QUISER DAR UMA ESPIADA.....
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