Um
grande mistério envolve o mais comum dos tipos de atendimento do INSS, o
orientação e informações, aquele que a senha determina que deve utilizar no
máximo 10 minutos do tempo do atendente e cuja duração, na realidade, varia de
2 a 45 minutos. Intrigados com tal disparidade, foi realizada uma minuciosa análise
do problema e verificou-se que as causas são bastante variadas, como
exemplificamos a seguir:
1 –
Senhas aleatórias: O segurado comparece ao balcão para pegar uma senha e faz
uma longa, complexa e ininteligível explanação que pode significar qualquer
coisa, desde a solicitação de um extrato como o cadastramento de uma procuração
ou um demoradíssimo cálculo de diferença de valores a ser pagos. Para
simplificar tal densidade problemática, o ilustre distribuidor de papeizinhos
numerados, sem querer se aprofundar no relevante tema, oferece ao cidadão uma
singela senha de 10 minutos. Ou, então, o segurado se refere vagamente a algum
papel e sem se importar se o mesmo é para ser retirado como, por exemplo, o
CNIS ou se é para ser entregue, podendo resultar no cumprimento de uma
exigência de SIBE, o que faz absurda diferença, o solícito colega, sem grandes
considerações, oferece-lhe a famosa senha de atendimento expresso.
2 – O
servidor sofisticado: É aquele colega que não consegue, de forma alguma, ser
objetivo no atendimento. Um bom exemplo é uma solicitação de extrato de empréstimos
que, apenas com o CPF do segurado,
encontra-se o número do benefício, copia, cola na página do Consigweb e
pronto... Tempo gasto, dois minutos. Já o nosso colega divagante pega o RG do
cidadão, lê um nome complicado como, por exemplo, o do cineasta Krzysztof Kieslowski,
pergunta se o nome é russo, ouve em reposta que é polonês, fica pensando em
algo interessante sobre a Polônia para puxar assunto e exibir conhecimento, não
encontra nada na cachola e pergunta, finalmente, o que o cidadão deseja. Então
insiste, em lugar de fazer a busca do número do benefício pelo CPF, em
pesquisar pelo quase impronunciável nome; evidentemente só acerta na décima
quinta tentativa. Conhecedor do número desejado, em vez de copiar e colar,
transforma-o em dezenas do jogo do bicho e, num exercício de memoria, tenta
gravar a sequencia e colocar tudo no lugar devido. Avestruz, águia, burro,
elefante, urso. Não. Águia, elefante, burro, avestruz, urso. Não, não. Águia,
elefante, avestruz, burro, urso. Também não. Acho que tinha borboleta no meio.
Borboleta, pavão, urso, burro e avestruz. Oitenta e oito minutos mais tarde eis
que surge, finalmente, o esperado extrato. Agora é só acordar o segurado e
entregar-lhe o produto do exaustivo esforço intelectual.
3 –
Atendimento infinito: A cidadã pede um extrato de pagamento de benefício.
Quando o servidor, depois de se levantar, ir até a impressora, voltar, sentar e
entregar o papel, ouve da segurada que ela quer também o extrato de
empréstimos. Ele repete a operação e ela lembra que precisa também do extrato
para o imposto de renda. Tudo isso
temperado por tapinhas na mão do atendente no momento em que ele usa o
mouse, fazendo o cursor entrar em órbita. “Foi você que me atendeu no outro dia,
lembra?” Tapinha na mão. “Foi é muito gentil” Tapinha. O servidor, sobrevivente
de tudo isso, ainda não está liberado porque, para aproveitar a ocasião ela
quer saber se a prima da vizinha tem direito à pensão por morte; se o tio da
irmã da amiga da senhora que mora na rua debaixo pode receber LOAS ou se o cachorro
do marido e aí o colega, já tonto de tantas perguntas, fica sem saber se se
trata de uma ofensa marital ou alguma consulta veterinária.
4 –
Protocolo zero: A segurada quer apenas informações sobre o andamento de um
processo. Só que não tem protocolo nem sabe de que tipo de benefício se trata.
Então o servidor, de posse do documento de identidade da requerente, vai de um
sistema ao outro pesquisando e não encontra absolutamente nada em nome ela.
Pergunta, pois, se o benefício não seria para o filho. Sim. Bingo! Ela completa
dizendo que é aposentadoria do filho. De três anos de idade. Este aparente
contrassenso revela a inequívoca informação de tratar-se de um LOAS. Enigma
resolvido, em menos de meia hora o simpático sistema SIBE oferece o campo para
se colocar o nome do beneficiário. Como se já não bastassem os tormentos
vividos até o momento, o nome da criança
muito se assemelha ao do cineasta polonês citado acima. Algo como Kristorfeson
ou Cristiofersohn ou Khriteferson ou Kristioteverson, a mãe não tem muita
certeza da grafia que, com boa vontade e muita perseverança, através de árduos
exercícios de tentativa e erro, o servidor há de descobrir qual é.
aiai como sempre muitas risadas por aqui rsrsrsrs
ResponderExcluirTriste verdade....mas vamos rir para não chorar né. Parabéns pelo texto, é sempre um prazer ler.
ResponderExcluirkkkkkkk, vc trabalha na minha aps ???
ResponderExcluirEm todas as aps aue passeu ha servidores assim.
ResponderExcluirComo sempre, ótimo!
ResponderExcluirTriste realidade!! Não tenho esperança que isso mude....
ResponderExcluir"Tudo isso temperado por tapinhas na mão do atendente no momento em que ele usa o mouse, fazendo o cursor entrar em órbita. “Foi você que me atendeu no outro dia, lembra?” Tapinha na mão. “Foi é muito gentil” Tapinha."
ResponderExcluirRi alto! kkkkk Parabéns pelo trabalho! Fazia tempo que não dava uma gargalhada assim! ;-)
BOA NOITE, COLEGA INSSANA!
ResponderExcluirEITA... SÓ POR DEUS, NÉ? FIQUEI IMAGINANDO A CENA. É DE DAR NOS NERVOS, NÉ? LIDAR COM PÚBLICO É TAREFA COMPLEXA, REALMENTE...
COMO ESTÁ VOCÊ, MOÇA? ESPERO QUE ESTEJA TUDO BEM. :)
TE ENVIEI UM E-MAIL AGORA A NOITE E TEM A VER COM INSS TAMBÉM.
A VIDA É MESMO CHEIA DE PEPINOS (SUFICIENTES PRA UMA "SALADA DE ITU")! KKK
APAREÇA NAS MINHAS PÁGINAS E BLOGS. CÊ É UMA DAS COLEGAS QUE FAZEM FALTA. ;)
ABRAÇÃO PRA VOCÊ!!!