sexta-feira, 28 de janeiro de 2011

TÉCNICAS DE SOBREVIVÊNCIA EM APS – OS CURSOS


Para se tornar um bom servidor da Previdência Social são necessários diversos e constantes cursos de capacitação. Todo dia há uma novidade importante na legislação previdenciária da qual somos inteirados com considerável atraso, o que nos leva a concluir que todo nosso procedimento de um semestre estava totalmente incorreto. Com o objetivo de sanar essa defasagem de conhecimento, são providenciadas, com a urgência possível, ligeiras reuniões técnicas, de, no máximo, uma semana, antes que os erros apresentados sejam substituídos por outros antes mesmo de serem corrigidos.
A princípio isso pode parecer um tanto assustador para o servidor em início de carreira. Nos primeiros dez anos, muitas coisas nos assustam... Pairarão, sobre o novato, os fantasmas da auditoria, corregedoria, cárcere e morte. Mas, dessa sequência trágica, quase todos escapam, por isso não há muito o que temer. O bom servidor é audacioso, temerário e...louco.
Esses benéficos cursos que nos põem a par das alterações da legislação, atualizações de procedimentos e outras mais inovações costumam ser divididos em duas partes: a informação e a cobrança. São etapas muito elucidativas ao fim das quais o colega estará sabendo tudo aquilo o que deverá fazer embora não exatamente como o fará. Os problemas a resolver ficam todos explicitados, já as soluções ficam por conta de sua imaginação e criatividade, como, por exemplo, convencer um sistema a agir em conformidade com algum novo entendimento de lei ou decreto e para o qual ele ainda não está programado. É coisa para muita psicologia, sem dúvida, porém, nada muito complicado para alguém que já atingiu certo grau de insanidade.
De modo geral, essas reuniões de oito horas diárias são bastante interessantes, pelo menos até o primeiro cochilo. Com a repetição deles fica mais difícil o entendimento daquelas frases entrecortadas de bocejos e pestanejares pesados. Após o almoço, que transforma toda voz em cantiga de ninar e quando o ronco do vizinho embala o seu sono, é hora, finalmente, de entrar em ação o T&D, já nosso conhecido desde a lição anterior.
Nesses momentos de constrangimento coletivo, quando é impossível  manter-se desperto, sempre aparece alguém na sala para atrapalhar a tranqüilidade da sesta. Então, tem-se que jogar bola, dar ridículas corridinhas pelo salão, cantar, dançar, pular de forma a sacolejar o almoço que nem bem assentou no estômago. O resultado de toda essa agitação tende a ser desastroso mas não vamos entrar em detalhes para não nos distanciarmos de nosso tema.
Daremos aqui um exemplo de um dos jogos realizados nessas ocasiões: cada um tem que encher uma bola de gás (o gás, no caso, é o oxigênio de seus pulmões – cuidado com o esforço...), dar um nó para mantê-lo cheio e eis que você acaba de ganhar um velho e grande amigo o qual deve ser protegido de todo e qualquer ataque do exterior. Agora você ganha um alfinete com o qual deverá eliminar, explodir, o velho e grande amigo de seu colega. Essa atividade de dúbia e precária moral sacode o corpo e espanta, momentaneamente, o sono. Entretanto, tão logo volta à aula, arrotando a comida remexida,  você já estará novamente lutando contra as pálpebras. Não resista. Durma á vontade, babe, se for o caso, aproveite, porque já estará quase chegando a hora do lanche da tarde.





Um comentário:

  1. Olha colega, você escreve muito bem e retrata com uma fidelidade impressionante. Seus textos deveriam ir para o book de 21 anos do INSS.

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