sexta-feira, 20 de setembro de 2013

O CASAMENTO DE HISCRE


Era uma vez uma senhorita chamada HISCRE que tinha uma união que já durava há mais de dois anos com o Dr. SABI.  Era um 31* estável que, ao gosto da moça, deveria sem demora evoluir para os laços matrimoniais de um 32* e para isso se empenhava ela. Afinal, tinham créditos em comum. E não eram poucos ao longo de todo esse tempo; a cada mês mais um fruto vingava e a família crescia. E a cada mês a cobrança de um casamento aumentava também.
Entretanto, o Dr. SABI não via com bons olhos o interesse crescente da companheira em abrigar-se em definitivo sob a sua tutela pecuniária. Tampouco aceitava que os persistentes males da coluna não tivessem uma cura, sequer uma melhora, após tantos tratamentos.
Para escapar de situação constrangedora a que vinha sendo submetido, procurou uma saída digna e correta, embora pouco benevolente.  A fim de revisar seu anterior julgamento passou a observar com um olhar clínico rigoroso a casadoira paciente; deteve-se em sua indumentária e concluiu que muitas das dores seriam sanadas se ela descesse do seu equilíbrio precário resultante de quinze centímetros de salto e alcançasse o chão com os próprios pés; que se reduzisse os dez quilos de bugigangas femininas que trazia na bolsa muito amenizaria sua escoliose e que,  por fim,  se aumentasse em cinquenta por cento o resquício de tecido que a envolvia, não teria ela a necessidade de se equilibrar dentro de tão pouco pano a fim de tentar não expor o que exposto invariavelmente estava. O conforto lhe devolveria a saúde.
E assim, após muito analisar prudencialmente a situação com um rigor de ministro de STF, certo  da retidão de seus princípios, com formulação de tese detalhada e adequada ao espirito da lei, para espanto e horror de HISCRE, indeferiu o seu  pedido de prorrogação.
Houve choradeira e ameaças, mas o Dr. SABI permaneceu impassível e não teve recurso que devolvesse a HISCRE os créditos suspensos. E nem cabiam embargos infringentes – uma total injustiça!
Após essas infrutíferas tentativas de reconciliação, a senhorita HISCRE viu-se sem noivo e sem centavo. Não sabia o que fazer. Aliás, sabia, mas não lhe agradava o fato de ter de trabalhar para manter-se. Era tão jovem e bonita, não lhe parecia justo ter de gastar tais predicados atrás de um balcão de loja ou mesa de escritório.
E saiu em busca de um novo pretendente. Para tanto, elevou a altura dos saltos, aumentou o peso da bolsa e diminuiu ainda mais o tamanho das roupas. Entrementes, para seu infortúnio, depois de um tropeção seguido de solavanco, envergou de vez. Tanto que não conseguia se aprumar nem de chinelos e pijama. Teve de recorrer novamente ao Tio INSS, porém, não tinha mais qualidade de segurado e o Dr. SABI não quis mais assunto com ela.  Entretanto o generoso Dr. SIBE dela se apiedou, depois se enamorou e ambos se uniram na harmoniosa e definitiva aliança de um 87* e foram felizes para sempre.


                       
31 auxilio doença
32 aposentadoria por invalidez
                   87 benefício assistencial ao deficiente
                  

6 comentários:

  1. O CV3 sumiu de vez hoje lá pelo meio dia. Podia ter uma fábula com ele como Mestre dos Magos, né...

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  2. Muito criativo. Novela da vida real mesmo.

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  3. kkkkkkkkkkk.... trabalhar dá tanto trabalho........

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  4. kkkkkkk também pode acontecer do judiciário reativar o beneficio que ficará sujeito a avaliações periódicas a cada seis meses!!

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