Era uma
vez um processo de aposentadoria por tempo de contribuição que tinha uma enorme
autoestima e, embora nenhum de seus PPPs
tivesse sido enquadrado pela análise médica, ele lutava por ser reconhecido como
especial. Ele não era de se entregar facilmente e mesmo tendo sido indeferido
por falta de tempo de contribuição, lutava por seus direitos. E a cada
tentativa, ganhava mais algumas páginas, todas elas numeradas e rubricadas, que
o tornava cada vez orgulhoso.
É de
conhecimento geral que os processos têm variáveis graus de personalidade. A
maioria deles, entretanto, é tranquila, acata pacificamente a sua sorte e
adormece em qualquer gaveta de arquivo sem criar problema para os companheiros
nem para os servidores. Sabemos também que existem aqueles rebeldes, que não
aceitam ouvir um não em resposta à suas demandas e que se sentem superiores aos
outros processos. Este era o caso do nosso exemplo, o processo --- --- 999-9.
Ele era
viajado, já tinha ido para a cidade grande, passara lá três meses entre outros rechonchudos e experientes
processos. E, ainda que tenha sido inútil a viagem, pois o parecer desfavorável
de Junta de Recursos o mantinha
indeferido, ganhara no intento mais algumas páginas.
Já na
viagem de volta, em pleno malote, entrou em atrito com um processo magricelo e
tagarela que estava muito satisfeito porque ia ser concedido. Era um
insignificante salário maternidade de poucas páginas, de tempo limitado e sem
muitas pretensões e esse vangloriar verborrágico deixou 999.9 tão irritado que
ele lhe deu um empurrão tão forte que lhe rasgou a capa.
-
Covarde! Em mulher não se bate! – gritou
uma pensão por morte, muito exaltada.
Um
auxilio reclusão com cara de poucos amigos e que parecia querer apenas um
motivo para procurar briga, partiu para cima da aposentadoria agressora e quase
lhe arrancou um colchete. A turma do deixa disso se aproximou e tranquilizou o
ambiente. Porém, já em casa, quando todos estavam na caixa à espera de seu novo
destino, 999-9 saltou para fora, com certa dificuldade porque estava um tanto
gordo, saltitou até o arquivo e entrou
numa gaveta onde os colegas aguardavam processamento.
Lá não deixou ninguém dormir, ficou falando de suas experiências
extra-municipais e cheio de vaidade anunciou que ia agora para Brasília, porque
tinha se tornado muito importante, quando, na verdade, ia era tentar um último
recurso junto à CAJ.
E
falava com tal persuasão que todos ficaram admirados com a pseudo trajetória vitoriosa de um amigo de gaveta. Nunca antes
nenhum deles havia saído da APS, tampouco sido indeferido, mas isso era mero
detalhe.
Na
manhã seguinte, quando Dona Conceição foi organizar os processos viu que
faltava um e pediu a um estagiário para procurá-lo. O pobre do rapaz revirou
toda a agência até encontrar o fujão em local totalmente inapropriado e o levou
para a mesa onde se acumulavam seus desafetos da Junta de Recursos onde ele aprontou
outros tantos rebuliços até que seguiu viagem para Brasília onde passou seis
penosos meses entre outros processos igualmente revoltados. Quando retornou
estava abatido, infeliz e, ainda, indeferido, porém, não conformado e decidido a procurar a ajuda dos meios judiciais.
Esse Auxílio Reclusão tem uma cara de mau que me deu até medo...
ResponderExcluirkkkkkkkkkkkkkkkkkk
Hahaha ja conheci varios processos encrenqueiros, até me cortaram através de colchetes ou papéis. Mas agora só me relaciono com eles via e-Recursos, medida cautelar rs...
ResponderExcluirSão processos de má índole, é bom mesmo manter distância.........
Excluirhuahuahuauhauhauhuhuh
Kkkkkkkkkkkkkkk.... Perfeito....
ResponderExcluirKkkk As rúbricas do Auxílio Conclusão cara de mal são na verdade "tatuagens" kkkkkk.
ResponderExcluirG-E-N-I-A-L
ResponderExcluirlegal hehehe
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