A REVOLTA DE DONA CONCEIÇÃO
quinta-feira, 13 de dezembro de 2012
quinta-feira, 29 de novembro de 2012
ESPECIAL DE NATAL
Hoje vamos apresentar O CHILIQUE DE DONA CONCEIÇÃO, uma produção INSSano Movies.
Agradecemos ao ator Bruno Ganz que nos prestigiou com uma belíssima interpretação de Dona Conceição além de doar integralmente o seu cachê para o Fundo de Previdência Complementar dos Desvalidos do INSS, também conhecido por Loas-servidor.
Com o patrocínio das Pipocas Dona Conceição, que faz pular o seu coração e Riso Solto, a única água mineral com gás hilariante.
Depois que começar a ver o filme, de dois cliques para assistir em tela cheia.
sexta-feira, 23 de novembro de 2012
INSSaNews
EDUCAÇÃO
E CULTURA
ESCOLINHA DA DONA
CONCEIÇÃO
A Escolinha da Dona Conceição prepara você para
enfrentar as metas do próximo ciclo de avaliação. Saiba como conviver
tranquilamente com todas as siglas incompatíveis que infernizam a sua vida. Aprenda
como dispensar os segurados sem dar entrada nos benefícios e, com isso,
alcançar 100% no índice de resolutividade além de bater recordes de tempo
médio de atendimento, garantindo, assim, a manutenção das 30 horas. Prepare-se
para o próximo NENEM (Nunca Estive Numa Encrenca Maior).
CANTINHO
LITERÁRIO
PARÁBOLA PROFÉTICA DO PARAFUSO
No Reino das Ferramentas
existiam dois tipos de funcionários: os pregos e os parafusos. Ambos tinham a
função de perfurar e fixar duas peças de madeira; os primeiros, sem nenhuma
especialização, trabalhavam na Carpintaria Geral, eram assentados de um só golpe, muitas vezes
se entortavam durante o ato e não conseguiam cumprir a sua tarefa; outros,
com o passar do tempo, enferrujavam e se deterioravam, desfazendo a união das
partes. Os parafusos, ao contrário, eram aplicados com cuidado, espetados,
para seu maior conforto, em uma bucha, torcidos com vagar e precisão e
amparados por porcas. Eram servidores mais qualificados, exerciam funções estratégicas, trabalhavam
na Marcenaria Real, tinham alguns privilégios e ganhavam bem mais do que os
pregos.
Foi, então, criado pelo Ministério dos Instrumentos um Grupo de Trabalho para estudar a situação e promover um maior aproveitamento dos trabalhadores rosqueados e, de preferência, tirando-lhes todos as vantagens consideradas excessivas de modo a fazer por merecerem cada centavo recebido.
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Este GT, posteriormente alcunhado de Grupo de Tortura, era presidido pelo Ministro Martelo e o secretário Marreta, que nomeou um conjunto de Chaves de Fenda destinado a torcer o máximo possível cada parafuso.
De início estipularam que se
algum parafuso rangesse ao ser torcido, seriam retiradas as buchas e roscas
de todo o grupo, o que em breve alcançou o resultado almejado quando um
parafuso, não suportando a pressão exercida pela chave de fenda, rompeu a
bucha, soltando um som áspero e nervoso.
A seguir, foi determinado que,
caso não mantivessem a junção das tábuas, perderiam parte do salário e, com
afinco, continuaram as chaves de fenda a torcer suas vítimas. E tanto assim
procederam que alguns dos parafusos corroíam e atravessavam a madeira,
desmantelando o conjunto. Muitos deles percorriam ambas as tábuas e caíam no
chão, extenuados uns, doentes outros, desiludidos todos. Os que restavam,
porém, cumpriam mal e mal a sua função, entortados e combalidos, só por mero
acaso resistindo ainda.
Tudo isso aconteceu com o
consentimento da rainha Bigorna que, embora convencida pelo filósofo da corte
de que vivia no melhor dos mundos possíveis, longe de qualquer problema
econômico ou social, via com bons
olhos a economia praticada no setor de marcenaria, principalmente porque era
resultado da incompetência dos funcionários e não efeito de uma decisão
superior.
Com a falta de material competente que se seguiu à queda dos parafusos, foram convocados pregos para ocuparem os lugares vagos, apesar de sua notória incapacidade. Uns, entretanto, eram tão menores que as cavidades deixadas pelos antecessores que atravessavam, com maior ou menor facilidade, o espaço vazio e caíam no chão. Outros, ao contrário, sendo mais robustos, na primeira martelada fendiam a madeira, danificando-a definitivamente. Não obstante, bem ou mal, estavam presentes, tapavam o buraco vazio e, com essa aparência de normalidade, o trabalho prosseguiu, com péssimos resultados, é verdade, mas, desde que se fizesse economia e tivesse aparente eficiência, isso já não tinha importância.
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sexta-feira, 9 de novembro de 2012
TÉCNICAS DE SOBREVIVÊNCIA EM APS – NENEM
Enfim chegou o grande dia! Depois de
dez anos de espera e de muito trabalho, o SIBE veio à luz. Que esta data memorável jamais seja esquecida!
Agora é só esperar pelo dia em que ele funcione. E quando finalmente isso
acontecer, deveremos ainda nos lembrar do curso preparatório que fizemos ao longo
da semana e para este dia, Dona Conceição desenvolveu o recomendadíssimo Sibemorial,
um tônico que mantém sua memória em dia
até depois da aposentadoria.
***
Apesar do procedimento no SIBE ser
idêntico ao do SABI, ele traz muitas novidades
substanciais como, por exemplo, o fato de que, agora, o servidor não
abrirá exigência quando o requerente deixar de apresentar algum documento
necessário; ele irá, a partir de então, vincular uma exigência. Sinta a
evolução do termo – de abrir para vincular. Embora o resultado seja igual e a
papelada requerida seja a mesma, não se pode negar que esta alteração vocabular
traz imenso avanço para literatura previdenciária.
***
Todo
servidor do INSS pode e deve testar e aprimorar seus conhecimentos participando
do NENEM (Nem É Necessário Estudar Muito) e, para tanto, basta responder às
seguintes questões:
1) Observamos
uma certa indecisão dos realizadores do curso do SIBE no que tange à palavra
correta a ser usada em relação à renda de cada componente do grupo familiar.
Assinale a alternativa correta.
(
) renda per capta
(
) renda per capita
(
) latim pra mim é grego
(
) se deu para captar a mensagem, tá valendo
2) Quando
serão implantadas todas as funcionalidades do SIBE?
(
) No sesquicentenário da Previdência
(
) Após o Dilúvio
(
) Em 13/13/2013, bastando para isso um pequeno ajuste no calendário gregoriano
(
) Só Deus sabe
(
) Nem Deus sabe
3) Por
que o SISREF dá mensagem de erro e bagunça o nosso ponto justamente no período
em que estamos pagando o recesso?
(
) Por incompetência do administrador
(
) É pegadinha da Dataprev
(
) Tem o objetivo de testar a paciência do servidor
(
) A, B e C estão corretas
4) A
expectativa de vida da população brasileira tem aumentado constantemente.
Explique porque, na contramão da tendência, a idade mínima do requerente do
LOAS idoso vem diminuindo na mesma proporção, passando de 70 anos para 67 e
agora está em 65 anos.
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5) Atender
o público é:
(
) Um trabalho gratificante
(
) Uma tarefa enriquecedora
(
) Uma oportunidade de aprimoramento pessoal
(
) Eu quero a minha mãe!
6) Durante
o trabalho, qual a mensagem que mais se vê no monitor:
(
) Erro de certificado
(
) Socket error
(
) Área insuficiente para paginação
(
) O sistema cai sem aviso prévio
quarta-feira, 31 de outubro de 2012
sexta-feira, 26 de outubro de 2012
INSSaNewsTV
Debate do
Segundo Turno
Mediador: Hoje o INSSaNewsTV
tem o prazer de apresentar o programa mais ansiado que o final de Avenida
Brasil: o debate do segundo turno das eleições. De um lado temos o Sr. Gerente, defendendo a faixa e do outro lado, Dona Conceição, sem censura e que,
após um teste antidoping, foi
verificado encontrar-se finalmente livre das substâncias ilícitas, químicas
ou naturais de seus produtos
medicinais. Com a palavra, então, os dois oponentes.
Sr. Gerente: Dona Conceição de cara limpa...é difícil de acreditar...
Dona Conceição: E você? Vai dizer que não tem nenhum cupinzinho nesta
sua cara de pau?
Mediador: Um eleitor gostaria de saber por que foi impedido de entrar
na agência por estar em trajes de banho.
Sr. Gerente: O que seria exatamente esse ‘traje de banho’? saía ele
do banho de toalha na cintura e touca na cabeça ou voltava da praia, de
calção e chinelo? Eu odeio chinelo, principalmente aqueles velhos, de couro,
com cara de chulé.
Dona Conceição: Isso é preconceito social! No que um sapato é melhor
do que um chinelo? Meu caro eleitor, se eleita for, não farei esse tipo de
discriminação, de descalços a pelados, todos entrarão, sem exceção, na APS. A
pureza de coração é a melhor vestimenta, é o verdadeiro traje bons-costumes
completo.
Sr. Gerente: Quanta demagogia...
Dona Conceição: um a zero pra mim...
Mediador: Um eleitor pergunta o que os dois pretendem fazer em
relação às fraudes.
Sr. Gerente: Vou continuar com
minha luta contra as fraudes, como sempre tenho feito. Não há caixa de clipes ou colchetes que eu
não verifique se o conteúdo confere com a quantidade anunciada na embalagem. Esses chineses estão
sempre querendo passar a perna na gente.
Dona Conceição: O senhor não pode ser uma pessoa séria... Passa o dia
contando clipes mas me impede de fazer bloquinhos de rascunho para aproveitar o
papel desperdiçado em impressões desnecessárias . A depender do senhor, toda
a Amazônia seria desmatada.
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Sr. Gerente: A senhora, de uma hora para outra, virou ambientalista? Mas ao gastar três
copinhos de plástico por café para não queimar as pontas dos dedos, não pensa
no meio ambiente.
Dona Conceição: E o senhor pensa tanto que nem dá a descarga depois
de usar o banheiro, seja lá o que tiver feito.
Sr. Gerente: Ah! A senhora deu agora para frequentar o banheiro
masculino?
Dona Conceição: Tenho os meus contatos...
Mediador: Senhores, não esqueçam a cortesia, por favor.
Sr. Gerente: Peço perdão, Sr. Mediador, mas não aturo a língua afiada
desta minha subalterna.
Dona Conceição: Se minha língua fosse tão afiada como o senhor diz e
como eu desejava que fosse, já lhe teria perfurado a jugular com um simples beijinho
no cangote.
Mediador: Um eleitor deseja saber o que os senhores pretendem fazer
em benefício do segurado.
Sr. Gerente: Irei ampliar a
cobertura social instituindo novas modalidades de benefícios assistenciais,
sem limite de idade, como, por exemplo, o BAP - benefício assistencial do
preguiçoso.
Dona Conceição: E eu vou criar o bolsa-chapinha, para as mulheres
darem um trato nos cabelos.
Sr. Gerente: Vou instituir o auxílio-celular, para que o cidadão
nunca mais fique sem crédito.
Dona Conceição: E eu, o vale-esmalte.
Sr. Gerente: Auxílio-estádio, para que você, eleitor, possa assistir
a todos os jogos do seu time.
Os dois candidatos, de rostinho colado, em uníssono: BRASIL, UM PAÍS
DE LOAS
Mediador: Ué, não eram inimigos?
Dona Conceição: Ai!
Mediador: O que foi?
Dona Conceição: Ele me deu um tapa na bunda!
Sr. Gerente: E você me fez cosquinha...
Dona Conceição: Assanhado!
Sr. Gerente: Tolinha...
Mediador: Eita! Isso ainda vai acabar em casamento...
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sexta-feira, 5 de outubro de 2012
TÉCNICAS DE SOBREVIVÊNCIA EM APS – ENRIQUECENDO O CURRÍCULO
Todos nós sabemos
que, nos tempos atuais, é importantíssimo acumular conhecimentos gerais e específicos
ligados à nossa área de ação, para vencer a árdua concorrência e alcançar os
melhores postos no trabalho. No INSS não é diferente; quem de nós não almeja um
cargo de chefia como, por exemplo, o de supervisor e ganhar a excelente
comissão de mais de duas centenas de reais, fora os descontos, além de prazerosamente
esticar sua jornada de trabalho por mais três horas, incluindo o almoço, pois
supervisor tem direito a almoçar, coisa que o subalterno que só trabalha seis
horas, não tem? E se deliciar com longas e amistosas conversações com os mais
agradáveis cidadãos da comunidade que, no calor do prolixo embate verborrágico,
não o cumula generosamente de delicados perdigotos?
Para isso, o
dedicado e ambicioso servidor deve fazer os excelentes cursos, sejam eles à
distância ou presenciais, que são farta e gratuitamente oferecidos para o
aprimoramento das atividades cotidianas. A seguir, iremos listar alguns dos
mais concorridos cursos que estão à disposição de todos os servidores.
GUIA PRÁTICO
DE FUNCIONALIDADES DO CNIS: Neste curso o servidor irá aprender a aproveitar ao
máximo o tempo em que o sistema permanece estável e usufruir de todas as suas
informações. Aulas práticas em 245 módulos-tentativas de um minuto (se não cair
antes).
ESPERANDO O
SIBE: Este é um aprofundado estudo do mais esperado sistema da Dataprev. Nos dez
primeiros anos de expectativa, que cobre o período que vai desde as primeiras
notícias do portentoso evento até a data de hoje, se deu a etapa iogue do
curso, onde se aprendeu a controlar a ansiedade e, em serena meditação, aceitar
os defeitos dos outros sistemas, sempre tendo em mente que o SIBE, muito em
breve, seria implantado. Depois de oito ou dez anunciadas datas de inauguração,
é bem possível que ele venha, já nos próximos anos, povoar nossos dias em sua
total e exuberante forma. É a hora, então, de se dedicar à fase de profilaxia
psicológica para o caso de o SIBE apresentar alguns poucos problemas, fruto,
talvez, de sua precipitada introdução.
A
ESQUIZOFRENIA AO ALCANCE DE TODOS: É muito importante que o servidor esteja preparado
para atender pessoas de personalidade heterodoxa, popularmente conhecidos como
malucos. É preciso um pouco de prática para se fazer um atendimento resolutivo,
por exemplo, com um dois-em-um, aquele indivíduo que, embora sozinho, vem
acompanhado de um íntimo desafeto, com o qual troca agressões verbais e até físicas,
sem que o servidor consiga ver mais do que um antagonista. Necessário se faz
conhecer as técnicas de argumentação com seres impalpáveis a fim de harmonizar o
diálogo e introduzir-se na conversa em tom absolutamente natural deixando de
tal forma à vontade seus dois clientes que nenhum deles se negue a prestar informações básicas necessárias para o bom termo do atendimento.
RELEITURA DA
REALIDADE: Um importante estudo revelou que o servidor do INSS tem uma ideia deturpada
da realidade que o rodeia no imaculado santuário da Previdência que é a APS e
transfere, para o cidadão todos os seus defeitos, tanto os passageiros, como o
mau-humor quanto os definitivos, como a má fé. O segurado, ser de indubitável
perfeição, sempre afável, simpático e gentil, não é percebido em toda a
amplidão de sua pureza. Muitos servidores pensam que existem no âmbito
previdenciário pessoas arrogantes, provocadoras ou grosseiras, o que não condiz
com a realidade. Para resolver esta dicotomia conceitual, ministrado por Dona
Conceição, admirável terapeuta previdenciária, este curso se baseia em técnica de
auto-hipnose por ela desenvolvida e que leva o servidor a perceber o segurado
em toda sua gloriosa virtude.
sexta-feira, 14 de setembro de 2012
TÉCNICAS DE SOBREVIVÊNCIA EM APS – A EXONERAÇÃO
Existem dois momentos gloriosos na vida de um servidor do INSS: o de sua nomeação e o de sua exoneração a pedido. O período de tempo entre um e outro destes instantes antagônicos é preenchido pelo arrependimento em relação ao primeiro e a firme vontade de atingir o segundo. “Por que entrei? Por que não consigo sair?” são suas dúvidas mais severas.
Muitas pessoas consideram que os servidores públicos, em sua grande maioria, são insatisfeitos com o trabalho, principalmente o de atendimento ao público, por não terem conseguido se realizar em suas profissões escolhidas. Ora, ninguém entra para um serviço destes exatamente por aptidão, senão pelo salário, nem sempre dos melhores, e pela estabilidade, nem sempre tão segura.
Agora imaginemos que existisse o tão necessário curso universitário de formação de servidores da excelsa autarquia para atender à demanda daquelas pessoas que acham que sentem verdadeiro pendor para as artes do atendimento ao público, o manejo de complicados programas e tarefas burocráticas. Não bastasse ter que lutar, ao longo dos anos, com os nada funcionais sistemas utilizados, como o CNIS brincando de cair e o CNISPF se divertindo em travar, o SABI com sua ineficiência genética, o PRISMA com suas críticas sem sentido, a dezena de senhas a serem memorizadas, o portal CNIS que, quando muito é um portãozinho de beco sem saída e o parto mal resolvido do SIBE que, se tivermos sorte, nunca virá à luz, e ainda conhecer profundamente a cambiante legislação, de preferência durante sua vigência, terá ainda o aluno, se sobreviver a tudo isso, que abandonar tais teorias indecisas e práticas quase impraticáveis e se dedicar, com afinco, ao estágio. APS lotada, sistema inoperante, segurado que reclama, um monitor que cai no chão quase sozinho, uma navalha que reluz, um coquetel molotov que voa, gritos, correria, e lá se foi o futuro promissor de um dedicado servo do povo. Possa ainda estar vivo apesar dos sustos, porém, já estará destituído de sua frágil vocação.
Portanto, para o bem da entidade, é necessário que o futuro servidor guarde, junto às suas esperanças de um futuro melhor, a ignorância do que o espera. Certos conhecimentos não são só desnecessários como prejudiciais e a doce ingenuidade do neófito, que em breve há de se transformar em agonia e desespero, é muito bem vinda nesses momentos iniciais da carreira.
Entretanto, depois de alguns anos de intensa e sofrida labuta, há servidores que não resistem ao apelo da liberdade e, mesmo sem novo empreendimento à vista, pedem exoneração para se livrar da extenuante rotina. Na maioria das vezes, todavia, eles não estão emocionalmente preparados para se afastar totalmente no vicioso ambiente de trabalho. O que fazer em tal situação principalmente quando suas economias acabam?
Iremos enumerar aqui algumas possibilidades para esse novo habitante além-balcão:
2. Por outro lado, se a saúde mental não está tão abalada e o ex-servidor se sentir em condições de exercer alguma atividade, embora não longe da agência que por tanto tempo o acolheu, é sempre uma boa oportunidade experimentar a vida de um ‘assessor previdenciário’ e passar o dia todo na APS dando entrada em benefícios e fofocando com seus pares, aproveitando o meio tempo para vender Avon e Natura para segurados e servidores, fazendo do local um verdadeira extensão de sua casa, coisa que antes, devido ao rigor de seu cargo, lhe era interdito.
3. Porém, se por milagre, conseguir escapar ileso da antiga vida, o ex-servidor deve se esforçar por preservar intactas todas suas faculdades menos a memória para que, numa saudável e sutil alienação mental, quando, por acaso, encontrar algum superficial conhecido que lhe pergunte se ainda trabalha no INSS possa ele, com total sinceridade, responder com outra pergunta: - Iene o quê?
quinta-feira, 23 de agosto de 2012
TÉCNICAS DE SOBREVIVÊNCIA EM APS – MISTÉRIOS E MILAGRES
Dona Conceição
Como sabiamente filosofou nossa emérita representante acima citada, em nossa ilustre instituição ocorrem fatos muito estranhos e inexplicáveis. E não nos referimos àqueles processos sujeitos a teletransporte que somem de uma mesa e aparecem em outra, ou que se tornam invisíveis por um determinado período de tempo e depois, magicamente, reaparecem no lugar em que deveriam estar, em ambos os casos, sem que ninguém neles tivesse tocado. Falamos aqui de acontecimentos que envolvem o cidadão-segurado, tão cientificamente improváveis que ser servidor do INSS é quase um ofício religioso, repleto de dogmas de fé, nós quais devemos acreditar sem suspeição ou dúvida, em prol da presunção de boa-fé que devemos ter em relação à nossa clientela. Vejamos alguns exemplos:
Mistério da conservação do papel: Quem já não deparou com uma solicitante de pensão por morte que apresentou uma cópia, unicamente da parte da frente da certidão de casamento, e alega não ter como apresentar o documento original uma vez que este se perdeu há mais de vinte anos? É interessante notar que esta reprodução, embora tão antiga, não possua sequer um amassadinho, mancha de mofo ou cheiro de guardado, parecendo ter sido tirada naquele mesmo dia. Entretanto, sem descrer da veracidade da informação, somos obrigados a solicitar uma segunda via do documento ou a apresentação do original. Aí, muitas vezes, outro mistério se acumula ao primeiro; de tanto revirar sua bolsa, a viúva apresenta, um tanto amassado, o original da certidão, não sem fazer uma cara de susto diante da descoberta, já que o documento que julgava estar perdido estava todo esse tempo em sua bolsa. Também se espanta o servidor ao ver que o papel provém de uma bolsa que não aparenta ter, de modo algum, duas décadas de confecção. Outro mais secreto acontecimento se dá quando se lê, no verso da certidão, uma averbação de divórcio, coisa que, segundo a esposa, nunca ocorreu e que, de forma alguma, poderia estar ali gravado.
Mistério da dissolução familiar: Uma situação infeliz e estranhamente recorrente acontece nos Benefícios Assistenciais. Muitas senhorinhas idosas, de uma hora para outra, são abandonadas pelos seus maridos aposentados e pelos seus filhos solteiros e acabam por ir morar de favor em uma casa cedida por pessoas que mal a conhecem. E todo esse infortúnio ocorre no espaço de mais ou menos um mês, entre um pedido de LOAS e outro. Felizmente, tal situação de exílio não é definitiva como comprovam requerimentos de pensão por morte destas mesmas senhoras, reintegradas aos seus lares para o amparo de desvalidos e arrependidos cônjuges que, em seus abnegados braços, soltam seus últimos lamuriosos suspiros.
Milagre do CNIS redentor: Quantos não são os segurados que, tendo perdido todos os carnês, apegam-se às informações do CNIS para conseguirem se aposentar? Infelizmente, trágica coincidência, alguns deles perdem os carnês dias depois de todos os dados terem sido inseridos no sistema. Porque não estavam lá antes, não se sabe, é um enigma. Porque tais documentos foram perdidos na enchente em época de estiagem, é outro.
Para todos os casos acima citados, por mais complexos que possam ser, a solução é uma só: uma bem elaborada cartinha de exigência para que os futuros beneficiários providenciem, lá com seus santos, a complementação de seus feitos extraordinários a fim de levar a bom termo seus requerimentos.
Outro caso especialíssimo embora não totalmente incomum é a cura pela aposentadoria. Acontece quando aquele segurado, depois de perpetuar-se no auxílio doença com a ajuda de laudos médicos cada vez mais dramáticos, é contemplado com uma aposentadoria por invalidez, digamos, pelo conjunto da obra. Esse momento tão ansiosamente esperado traz-lhe tão grandes benefícios que sua coluna se desentorta, suas veias se desentopem, a depressão acaba, todos os sentidos são amplamente recuperados e, em breve já se pode ver, esses renascidos senhores ou senhoras, muito bem dispostos, fazendo aqui e acolá alguns trabalhinhos, senão propriamente filantrópicos, que lhes engrandeçam o espírito, pelo menos suficientemente rentáveis para lhes estimular os rendimentos.
sexta-feira, 10 de agosto de 2012
TÉCNICAS DE SOBREVIVÊNCIA EM APS – OS INDICADORES
Hoje nós iremos estudar as novas estratégias que serão implementadas pelos servidores do INSS que, além de fazer uma maratona de serviços para cumprir as metas institucionais e individuais para garantir o IMA, têm ainda que lidar com uma série de indicadores de desempenho.É necessária uma preparação olímpica para alcançar esses índices dificílimos de se conquistar e que não podem ser vencidos apenas pelo esforço individual. É importante uma equipe bem treinada e afinada para que o trabalho em conjunto chegue a resultado satisfatório.
Evidentemente não se pode responsabilizar apenas o servidor pelo TMEA (tempo médio de espera de atendimento) já que os segurados levam, em média, cinco minutos para encontrar a mesa onde será atendido. Também se deve levar em conta da demora do atendimento, que resulta em mais espera para os atendimentos seguintes, ao atraso do segurado em apresentar seu documento de identidade ou de expor o motivo de sua presença. Ora, se em um serviço que deve durar dez minutos, gasta-se cinco para se obter a identidade do cidadão e outros dez para se inteirar do assunto, evidentemente extrapola-se o prazo de execução.
É para melhorar o desempenho do segurado e aumentar seu índice de resolutividade (IRES) que todas as APS irão ser municiadas de um treinador de segurados designado pela Escola da Previdência, escalado especialmente para orientar os cidadãos nos procedimentos básicos como, por exemplo, reconhecimento da senha no painel de chamada (RSPC), a localização das mesas e o caminho mais curto e com menos obstáculos para alcançá-la, que reduzirá consideravelmente o TDS (tempo de deslocamento do segurado) e a apresentação da identificação concomitantemente à exposição oral de sua vontade.
Fica subentendido que apenas o conjunto segurado/servidor não é o suficiente para assegurar o bom desempenho do atendimento já que não se pode ignorar a necessidade do conveniente funcionamento dos sistemas da Dataprev. A orientação é para tentar abrir o CNIS apenas três vezes por atendimento e, se ele refugar em todas as tentativas, que se dê por finalizado o mesmo. Por tais faltas o CNIS poderá ser punido com a obrigação de permanecer em funcionamento por cinco minutos consecutivos sob pena de ser desclassificado.
Também haverá um curso preparatório para que o servidor incorpore o IRES em amplo aspecto melhorando seu índice de resolutividade no banheiro, no fumódromo e na cozinha, eliminando gestos supérfluos de desperdício de tempo. No primeiro quesito levam os homens total vantagem sobre a equipe feminina, uma vez que, quando muito, lavam a mão após o uso do sanitário, enquanto as mulheres aproveitam a oportunidade para arrumar os cabelos, passar batom, pintar as unhas e pôr cílios postiços, tudo para bem impressionar a assistência masculina, composta, sobretudo, de sedutores segurados. O servidor aprenderá também a consumir um cigarro inteiro com uma única tragada de forma a atingir seus níveis de nicotina em tempo cada vez menor. Aprenderá igualmente a tomar café sem açúcar para evitar perda de tempo na colocação e dissolução do produto e não fazer biquinho para esfriar a bebida. Como estímulo, dentre aqueles que aprimorarem a execução das tarefas acima, será selecionado o recordista do mês que será agraciado com uma medalha de honra ao mérito.
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