Com o intuito de diminuir as divergências entre os leitores deste manual a fim de evitar fuzilamentos desnecessários, especialmente da pessoa que o escreve, é que você, colega, convidado ou não a este espaço, foi compulsoriamente matriculado no Curso Básico de Formação de Leitores. Aqui você irá aprender as noções básicas imprescindíveis para o correto aproveitamento da leitura das obras clássicas e populares, da alta literatura aos manuais de auto-ajuda, como é o caso deste volume que você acompanha. Vamos aos tópicos:
Introdução à leitura: O primeiro passo para uma saudável e eficaz leitura é a distinção entre ficção e realidade. Embora possa isso parecer óbvio, e é, muitas pessoas, por variados e insondáveis motivos, não têm facilidade para esse tipo de reconhecimento. Talvez devido à inépcia intelectual é que muitas pessoas crêem ser as Memórias Póstumas de Brás Cubas o resultado de uma psicografia e não uma obra de ficção uma vez que o seu personagem principal, narrador da história, já se encontra morto ao contar sua trajetória de vida, o que faz de Machado de Assis ser, nesta oportunidade, não um escritor mas um médium.
Distinção entre o escritor e sua obra: Essa confusão entre fantasia e realidade acaba por comprometer também o entendimento da distância que há entre aquele que escreve e o que é escrito, transformando todas as obras em autobiografias. É imprescindível que se perceba que um texto não é o seu autor e não o representa, é apenas um punhado de frases esculpidas pela imaginação, criatividade e habilidade daquele que o concebe por puro lazer, como é o caso desse manual, ou com algum outro objetivo, seja ele artístico, didático, doutrinário, panfletário etc...
Distinção entre o escritor e o leitor: Deve-se igualmente ter noção exata de que o pensamento do leitor, igualmente livre como o do autor, muitas vezes altera o sentido e a intenção daquilo que foi escrito, criando uma interpretação errônea do que se quis dizer, transformando uma brincadeira, como evidentemente é o caso desse blog, em algo sério, terrível, pintando com tintas carregadas aquilo algo que é leve e para o deleite dos colegas de profissão. E por que essa diferença de interpretação, por que a maioria dos leitores deste espaço compreende exatamente o que se quer dizer enquanto outros não alcançam o sentido do que é dito? Porque uma obra não é criada unilateralmente, grande parte dela reflete o próprio leitor.
O “politicamente correto”: O que seria exatamente esse conceito tão vago quanto difundido? A própria conjunção desses termos é algo antagônica nos tempos atuais, em que a arte da política não costuma ser feita pelos meios mais idôneos e corretos. Lançado a esmo sobre uma população despreparada para o manejo das idéias, o objetivo do termo é a estagnação do raciocínio, inibindo qualquer atividade mental que não esteja em conformidade com um catálogo de pensamentos pré-determinados por uma ordem superior, que incute no povo valores fixos, introduzindo uma rigidez mental onde se tem medo até de pensar aquilo que se julga que não deve nem ser pensado. É o tipo de censura mais eficaz pois cala a idéia em seu berço a fim de abortar a palavra. Hoje, como muito facilmente se percebe, a palavra tem mais peso do que o ato em si. Se uma pessoa comete um ato ilícito mas afirma não tê-lo cometido será julgado com mais leniência do que aquele que simplesmente declara desejar cometer o mesmo ato condenável, ainda que nunca o faça, numa total inversão de valores. Mais do que a liberdade de expressão, deve-se almejar a liberdade de pensamento, que é este que mais corre risco atualmente.
Supletivo, supletivo, supletivo! rsrsrs
ResponderExcluirPois então, amigos....penso que é exatamente isso..........
ResponderExcluirTudo é uma questão de realidade x interpretação!!!
Bendita semântica....
E à autora da crônica, meu muito obrigada novamente pela jóia.
Parabéns novamente.
ResponderExcluirMuito bom deixar claro estas noções básicas já que alguns "leitores" insistem em não querer entender o texto. Qualquer semelhança com o segurado padrão do INSS não é mera coincidência.
Posta as críticas construtivas, colega!!!
ResponderExcluirTodas as críticas construtivas estão sendo postadas, colega.
ResponderExcluir"A própria conjunção desses termos é algo antagônico nos tempos atuais": brilhante! =)
ResponderExcluirColega-autor e demais leitores que tiraram 10 no curso (rsrs): como postei no último artigo, parece brincadeira um leitor falar de "politicamente correto" por aqui. Vivemos em tempos sensíveis, em que verdades são consideradas ofensas e o bom humor é tachado de desrespeito. À autora, meus parabéns pelo talento e meu obrigada por encontrar alguma fonte de alegria em um serviço tão estressante!
Hoje, como muito facilmente se percebe, a palavra tem mais peso do que o ato em si. Se uma pessoa comete um ato ilícito mas afirma não tê-lo cometido será julgado com mais leniência do que aquele que simplesmente declara desejar cometer o mesmo ato condenável, ainda que nunca o faça, numa total inversão de valores. Mais do que a liberdade de expressão, deve-se almejar a liberdade de pensamento, que é este que mais corre risco atualmente.
ResponderExcluir"assino em baixo"
Mirna Gerreyro
É pracabá né!
ResponderExcluirEstava eu conversando com mais um colega hoje, a respeito da greve dos professores em que muita gente é contra.. ai, por fim, concluímos - se as pesssoas não conseguem reconhecer a necessidade de melhorias de condição desde salários até material para que as pessoas que ensinam as crianças possam ter boas condições para dar uma educação de qualidade, imagina o que o povo pensa de nós, pobres mortais do inss, - Quem somos nós para querermos mais condições de trabalho? "scataplaft, trabalha escravo! "
acreditem colegas que eu compro todo o material que uso, canetas, marca texto, tinteiro, carimbo, tudinho....sou uma panaca mesmo! não tem nada na APS e qdo tem não presta. precisava desabafar com vcs colegas. obrigado.
ResponderExcluirGostei demais! Agora sim assino embaixo e ganhou uma fã.
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