GRUPO INSSena
APRESENTA
Cena INSSana
(Tragicomédia
em um ato)
Personagens:
Novato, o servidor já nosso
conhecido, em suas primeiras experiências no atendimento ao público.
Dr. Gravatinha, o advogado recém-formado, digamos que esteja apenas em
seu primeiro terno, tão experiente em sua profissão quanto Novato na sua.
Sete Palmos, cliente de Dr.
Gravatinha.
Novato: Bom dia, o senhor veio
dar entrada no auxilio reclusão?
Dr. Gravatinha: Bom dia. Como o
senhor se chama?
Novato: Novato.
Dr. Gravatinha: Senhor Novato,
eu estou aqui representando o meu cliente, o Sr. Sete Palmos, para fins de
recebimento do Salário Reclusão.
Novato: O senhor quis dizer
Auxílio Reclusão...
Dr. Gravatinha: Que seja.
Novato: E quem está preso,
senhor?
Dr. Gravatinha: Meu cliente, o
Sr. Sete Palmos.
Novato: E para quem é o
benefício?
Dr. Gravatinha: O Benefício
Reclusão é para o meu cliente, evidentemente.
Novato: O AUXILIO Reclusão é
devido apenas aos dependentes do segurado recolhido à prisão, não ao recluso.
Dr. Gravatinha: E onde diz
isso?
Novato: Na legislação
previdenciária, tanto no decreto 3048 de
1999 como na Instrução Normativa 45 de 2010.
Dr. Gravatinha: Li a legislação
e em artigo nenhum diz que é vedado o recebimento do Amparo Reclusão ao
prisioneiro.
Novato: AUXÍLIO, é Auxilio
Reclusão. Não diz porque uma vez que esclarece quem pode receber, deixa
evidente quem não pode receber. O senhor não leu o que diz a legislação, mas a
interpretou pelo que ela não diz.
Dr. Gravatinha: Senhor Nonato,
atenha-se ao seu serviço e deixe para mim o cuidado das leis, que esta é minha
especialidade.
Novato: Percebo, senhor, mas
meu nome é Novato e não Nonato.
Novato (após pesquisa do
CNIS): Senhor, não encontrei nenhum
vínculo ou recolhimento em nome do seu cliente. Ele não estava trabalhando ou
contribuindo para a Previdência quando foi recolhido à prisão?
Dr. Gravatinha: Não, mas não
foi por culpa dele. Vocês aqui é que se negaram a cadastrá-lo como contribuinte
individual.
Novato: Mesmo? E sob qual
alegação?
Dr. Gravatinha: Sob alegação de que profissão
dele não consta na Classificação Brasileira de Ocupações.
Novato: Ora... E qual é a
profissão dele?
Dr. Gravatinha: Matador de
aluguel.
Novato: Mas esse não é um
trabalho legalmente reconhecido. Diria mesmo que é um serviço ilícito. Não há
como se declarar assassino e ser assim cadastrado dentro das normas do CBO.
Dr. Gravatinha: Senhor Donato,
peço mais respeito com meu cliente. Em momento nenhum foi-lhe dito que meu
cliente é um assassino.
Novato: Meu nome não é Donato,
é Novato, NOVATO. E me perdoe, senhor, pela declaração imprópria. É que incorri
no erro de interpretar não pelo que me foi dito, mas pelo que não me foi e
então conclui, erroneamente, que um matador de aluguel comete assassínios. De
qualquer modo, nas duas situações, creio não seria possível cadastrá-lo de
acordo com sua ocupação, pois, em todo caso, a atividade de seu cliente não
está regulamentada talvez porque, até por um excesso de rigor, seja ainda
considerada ilícita.
Dr. Gravatinha (citando
professoralmente): “A Classificação Brasileira de Ocupações descreve e ordena
as ocupações dentro de uma estrutura hierarquizada que permite agregar as
informações referentes à força de trabalho, segundo características
ocupacionais que dizem respeito à natureza da força de trabalho (funções,
tarefas e obrigações que tipificam a ocupação) e ao conteúdo do trabalho
(conjunto de conhecimentos, habilidades, atributos pessoais e outros requisitos
exigidos para o exercício da ocupação)”.
Novato: O senhor parece mesmo
entendido do assunto.
Dr. Gravatinha (com um sorriso
de orgulho satisfeito): Então me diga, senhor Dorinato, onde consta que as
atividades pouco ortodoxas não podem ser consideradas para fins de inscrição e
contribuição previdenciária?
Novato: Em lugar nenhum,
senhor, mas meu nome não é Dorinato, é NOVATO. Agora, para prosseguirmos, eu
preciso da declaração de cárcere.
Dr. Gravatinha: Aquele
documento que diz que meu cliente está preso? Não o tenho presentemente. Na
verdade, o meu cliente encontra-se momentaneamente afastado do ambiente
carcerário no qual realizava as consequências de sua atividade laborativa.
Novato: Ele está em liberdade
condicional?
Dr. Gravatinha: Não
exatamente...
Novato: Fugiu?
Dr. Gravatinha: Eu não diria
isso. Ele foi sequestrado do presídio por pessoas que se dizem seus amigos e
que, posso garantir, não o são.
Novato: Bom, de qualquer forma,
só tem direito ao Auxilio Reclusão aquele segurado que efetivamente encontra-se
recluso em regime fechado ou semiaberto, desde que, neste último caso, não
esteja realizando trabalho remunerado.
Dr. Gravatinha: E quem pode
afirmar o contrário? Ainda que não esteja cumprindo pena na penitenciária,
certamente encontra-se encarcerado em área restrita, cercado por homens armados
que lhe impedem de voltar ao ambiente punitivo de onde foi retirado a
contragosto.
Novato: Muito louvável o apreço
de seu cliente pelo cumprimento das leis, porém, seria necessário que ele
estivesse a respeitá-la em ambiente menos informal.
Dr. Gravatinha: Sr. Deodato,
seria o caso, então, de um Beneficio Assistencial ao Detento?
Novato: Pela última vez: Meu
nome é NOVATO! NO-VA-TO! Não sei por que o senhor quis saber o meu nome tendo
uma memória recente assim tão deficitária. E não existe Benefício Assistencial
ao Detento. Existem benefícios assistenciais aos idosos e aos deficientes.
Dr. Gravatinha: Este! Este
último é o que convém ao meu cliente.
Novato: E que tipo de
incapacidade de longo prazo possui o seu cliente para pleitear o Benefício
Assistencial ao Deficiente?
Dr. Gravatinha: Um transtorno
de caráter, um desvio de conduta...
Novato (irônico): Compreendo... Algo
assim como uma escoliose moral, pois não?
Dr. Gravatinha: Exatamente.
Agora começamos a nos entender, Sr. Nosferatu.
Novato: Ah, não! Nosferatu?! Isso
é inadmissível! Agora o Sr. ultrapassou
todos os limites do equívoco cortês. Está me chamando de vampiro. Isso é uma total falta de
compostura acadêmica.
Dr. Gravatinha: As suas
críticas à minha memória estão se tornando inconvenientes. Devo adverti-lo que
meu cliente, para quem o senhor demonstrou incrível má vontade em conceder um benefício, acaba de adentrar o recinto e segue em nossa
direção.
Entra Sete Palmos, um homenzarrão barbudo e com cara de poucos amigos, um revólver em cada mão, sendo girados em torno dos dedos, malabaristicamente utilizados em demonstração perícia semelhante aos pistoleiros do velho oeste no manejo das armas.
Entra Sete Palmos, um homenzarrão barbudo e com cara de poucos amigos, um revólver em cada mão, sendo girados em torno dos dedos, malabaristicamente utilizados em demonstração perícia semelhante aos pistoleiros do velho oeste no manejo das armas.
Novato: Ai, meu Deus! (desmaia).
Dr. Gravatinha (para Sete
Palmos): Ué, conseguiu entrar com arma e tudo?
Sete Palmos: A porta até que
apitou, mas os homi tudo fugiram...
Dr. Gravatinha (rindo e
apontando Novato que jaz estirado no chão): Esse aí não fugiu, não...
Sete Palmos: É...Caiu foi é
duro....
(Cai o pano)
K kkkkkkkkk muito bom
ResponderExcluir..dr. gravatinha rsrsrsrsrs
Esse eh o auxilio detento que paga R$950 por filho do preso? Kkkkkkkkkk
ResponderExcluirNão Fabian Ries, auxilio detento que paga R$950 por filho do preso é SPAM+DESINFORMAÇÃO.
Excluir"adevogados" são uma praga, praga da previdência social!!!!!praga ruim, ruim ruim, pragas das pragas!!!!
ResponderExcluirkkkkkkkk Muito Legal, quase morro de rir! Excelente!!!
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