INSSaNews
Entrevista Exclusiva
com Dona Conceição
Ontem à noite, hackers invadiram a Dataprev e puseram o CNIS no ar, fazendo com que ele funcionasse continuamente, de meia-noite às seis da manhã, quando o ataque foi descoberto e o sistema voltou às suas intermitências normais. Entretanto, o trabalho desta equipe de invasores não foi em vão uma vez que foram revelados recônditos segredos da instituição. O mais chocante de todos é que o CNIS é um vírus e que traz na própria sigla uma mensagem subliminar. Lendo-se de trás para frente descobrimos o seu real significado: Sistema Inoperante e Nocivo ao Computador.
Foi descoberto também que esse vírus disfarçado de sistema faz parte de uma conspiração que tem o objetivo de levar ao desprovimento da razão todo servidor que dele se utiliza, transformando o mais pacato dos usuários em um ser irracional, capaz de atos de vandalismo contra o patrimônio público ou contra sua própria pessoa. Um caso exemplar é o da servidora Dona Conceição que, num típico caso de descompasso mental, subiu na mesa, diante dos segurados e começou a pular e a cantar, com voz esganiçada, Twist and shout, dos Beatles, numa interpretação | tão assustadoramente patética que se tem até a notícia de que o próprio John Lennon despertou, por um momento, de seu sono eterno, para levar as mãos aos ouvidos. Quem presenciou o fato garante que dava pena assistir a cena e ver uma senhora antes tão respeitável, de idade considerável e quilos a mais, assim exposta, de cabelos desgrenhados e semi-decomposta. Consta que até hoje ela faz visitas periódicas ao manicômio municipal devido ao episódio. Outra revelação muito preocupante feita pelos invasores é a que trata do perigo que correm os servidores ao mandarem uma mensagem de seu email institucional para o seu email particular. Está programado e não se conseguiu desativar, um ataque virtual o emblemático dia 11/11/11, ou seja, hoje, quando os computadores infestados pelos vírus replicantes do CNIS começaram apresentar as mesmas características dos computadores usados no trabalho, com todos os seus programas e sistemas, e, toda vez que o servidor, em seu dia de folga, tentar entrar no Facebook, abrir-se-á a tela do prisma; quando entrar no Orkut, aparecerá a tela do Sabi, entre outros transtornos. Um verdadeiro horror para aqueles que querem usar o fim de semana, especialmente este, transformado em feriadão, para esquecer o trabalho. E o pior de tudo é que o CNIS, passará a abrir freneticamente as suas páginas o que há de levar o servidor, acostumado ao sempre difícil acesso ao sistema, a imprimir compulsivamente essas informações que um dia lhe poderão ser úteis. Portanto, pede-se cautela no dia e principalmente que se evite entrar em sites e blogs que tenham como tema principal a Previdência Social, uma vez que estão todos contaminfwlkmtwietms,dmsl.fçdor´peorktJkjdroriq lkaerqior lkdfopriqworp çldj jaj hdirqourqurroqf afmoerqp &*)(_)#@&*&()(*)*(*&&¨¨%%$ |
Cansados de esperar pelo retorno das 30 horas semanais, os servidores do INSS resolveram fazer uma paralisação para demonstrar seu desagrado pela demora na redefinição do horário de trabalho. A gota d’água foi provocada pela declaração do Senhor Ministro que, após uma sequência de adiamentos, afirmou que a notícia tão aguardada será dada apenas no próximo dia 30 de fevereiro. O sindicato achou a data plausível já que o ano produtivo só começa mesmo depois do carnaval e, além disso, uma precipitação do governo poderia causar transtornos na atividade diária das agências, com o que não concordaram os servidores que participaram da reunião. Sem o apoio do sindicato, tampouco da chefia, que continuará trabalhando oito horas por dia, os servidores resolveram fazer uma operação tartaruga, atendendo os segurados com a mesma presteza com que vêem atendidas suas reivindicações. Assim, aquela desordem que, segundo o sindicato, poderia ser consequência da precipitação, foi causada exatamente pela falta de agilidade do órgão competente. Nossa reportagem foi até uma APS para acompanhar a atuação dos rebelados e ouvir as queixas dos segurados. Por incrível que possa parecer, o ambiente, apesar de superlotado, se encontrava, de certa forma, tranqüilo e as pessoas estavam resignadas com a espera imposta. -Eu vim, disse um deles, apenas para calcular os juros de um dia de atraso no meu carnê e, pelo visto, quando eu for atendido, terei que calcular o valor correspondente a uma semana. Ao ouvir isso, aproximou-se do segurado uma senhorita muito gentil, que se apresentou como assessora previdenciária e lhe ofereceu, pela bagatela de trinta reais, uma senha cento e oitenta e cinco números menor que a que ele portava. - Trinta reais e a garantia de ser atendido ainda hoje – afirmou ela. | O mesmo nos informou que estava dando entrada em sua aposentadoria desde as oito horas da manhã e que a servidora que lhe atendia, de nome Conceição, saiu para almoçar mas que, segundo ela, demoraria, no máximo, uma hora para retornar, deixando-lhe, gentilmente, uma banana para que ele distraísse o estômago. - É uma senhora muito atenciosa, a Dona Conceição. Ela me disse que, na volta, fará alguns acertos nos meus vínculos e que eu devo sair daqui aposentado ainda hoje, mais tardar, amanhã. Nossa atenção foi despertada pelo choro insistente de um bebê de poucos dias. Indagamos à mãe, que aguardava para dar entrada no salário maternidade, se algo estaria sendo feito para que ela fosse atendida mais rapidamente. - Avaliem os senhores: eu cheguei aqui com oito meses de gravidez – respondeu a jovem mãe, enquanto amamentava a filha, que se chamará, em homenagem ao local de nascimento, Previnalda. Um início de tumulto irrompeu-se no salão repleto quando um segurado descuidado, tropeçou num outro, adormecido no chão, perdeu o equilíbrio e acabou derrubando uma fileira de outros contribuintes que foram ao solo, em antológico efeito dominó. Houve gritos e empurrões e, a seguir, as costumeiras acusações contra os servidores e a instituição. Logo em seguida surgiram funcionários com bandejas onde, segundo eles, eram oferecidos suco de maracujá e chá de camomila e, rapidamente, o ambiente voltou àquela inesperada tranqüilidade que encontramos ao chegar. Curiosos com o poderoso efeito calmante das substâncias naturais, perguntamos a uma servidora que oferecia as bebidas se não havia nos copos e xícaras algum outro elemento não anunciado que aumentasse a potência do resultado. -Não, não, só maracujá e camomila – negou com firmeza enquanto um sorriso enigmático parecia contradizer sua assertiva. Seja como for, em pouco tempo, alguns bocejos foram ouvidos no apaziguado ambiente onde algumas pessoas, nas cadeiras e mesmo no chão, já se aconchegavam para dormir. |
Depois da trágica experiência vivida por uma equipe de servidores da Dataprev Após várias reuniões com o senhor ministro que, estranhamente, só tinha ouvido falar em CNIS no batizado de um sobrinho que recebera esse nome, disseram-lhe, em sua homenagem e que nossa reportagem apurou, posteriormente, ser a criança assim chamada por ter nascido durante o atendimento do salário maternidade enquanto o servidor que atendia a mãe tentava, em vão, colher informações do dito sistema a fim de habilitar o benefício. Justa, portanto, a homenagem ainda que não muito lisonjeira a sua intenção. Aliás, Knis, Quinis, Kinispefe e outras mais variações são tudo efeito da mesma causa elevando o inédito nome ao top 10 dos mais usados pelos recém-nascidos atualmente. Na verdade, a tal sigla anda tão em voga que os mais modernos já não morrem na fila do INSS preferindo morrer na fila do CNIS, de acordo com as manchetes dos jornais que mudam os detalhes, porém, não as notícias. Posto a par da situação, esclarecido sobre as dificuldades encontradas no trato dos benefícios, o senhor ministro transmitiu as recentíssimas informações para os andares de cima da administração com a recomendação expressa de que se tratava de salvar a reputação da Dataprev, cujos sistemas de informatização incompatíveis com a informática, iam se transformando em meros padrinhos de bebês de nomes esquisitos. | Em poucas semanas criou-se uma verdadeira força tarefa para salvaguardar a empresa e foi anunciado um mega concurso que ofereceria 10.000 vagas para especialistas em informática. Informados de que não era só a instituição que corria perigo mas também o CNIS, filho dileto do órgão e outras crias mais novas, foi acrescentado mais um zero à cifra anterior e agora serão oferecidas 100.000 vagas para contratação imediata. Para bancar o custo da portentosa operação em época de séria contenção de despesas e pela urgência e relevância do tema, foi emitida uma medida provisória criando mais um imposto para a captação dos recursos necessários. Trata-se ISDVP (Imposto Sobre Desvio de Verbas Públicas) que consistirá no desconto 1% de todo o montante surrupiado aos cofres públicos, desde o dinheiro circulante em cuecas até os valores mais higienicamente escamoteados; de simples propinas ao superfaturamento de obras públicas, o que nos leva a acreditar que a Dataprev muito lucrará com os grandiosos futuros eventos esportivos e, em poucas décadas, o CNIS poderá vir a ser tão eficiente quanto o Google. Preocupado com os rumos da democracia e, diz um comentário maldoso, com os próprios bolsos, o Congresso se reuniu para debater a atitude presidencial. Um cientista político que presenciou a urgentissima reunião, oculto por trás de uma cortina, resumiu o fato em uma significativa parábola: “Barbas e bigodes se contorcem para sair desta saia justa sem cair do salto.” Aguardemos o desenrolar dos fatos... |
![]() Os que não tiveram a sorte de deixar este mundo em momento tão crítico sofreram o tormento de enfrentar a sua criação, esse aglomerado de sistemas mal rejuntados, de interação conflituosa e comunicação hesitante, uma obra digna de um Dr. Frankenstein cibernético. Umas vezes mudos, outras, calados, sempre estupefatos, eles testemunharam as vãs tentativas dos servidores de utilizar seu mais famoso sistema, aquele que atende pelo nome de CNIS Cidadão e o resto de sua família, todos igualmente dotados da qualidade de levar ao desespero a totalidade de seus usuários, comprovando, a cada instante, a sua obsolescência e ineficácia. | Finda a semana de tortura, os sobreviventes deixaram suas opiniões e sugestões a respeito da supliciosa experiência. Um deles, que não quis se identificar – e, curiosamente, ninguém o fez – disse que o CNIS, sendo um sistema relativamente novo, não tendo ainda nem 20 anos, precisa de uns pequenos ajustes para se tornar funcional e solicitou, para isso, um prazo de uns poucos anos. Aguardemos com fé. Outro, aparentemente mais lúcido e sensato, concordou que o CNIS é aquilo mesmo que os servidores acham que é, porém, por respeito aos leitores, vamos nos resguardar de citar o pouco delicado vocábulo. Um terceiro que se pronunciou falou sobre a possibilidade de se criar um programa de milhagem em que os servidores iriam acumulando pontos a cada tentativa frustrada de utilização do CNIS e que seriam trocados por dias de folga, o que os levariam a suplantar as dificuldades do dia a dia com mais boa vontade. O último entrevistado, não se sabe se em sinal de camaradagem com os sofridos servidores da APS ou em defesa do fruto de seu trabalho, alinhou-se àqueles que desejam o retorno das 30 horas e declarou: - Não são necessárias oito horas para se fazer uma consulta ou uma atualização em nossos sistemas; seis horas são suficientes. Esperemos que, em breve, ele esteja certo. |