Todos nós
conhecemos os esforços envidados por americanos e japoneses no combate à invasão alienígena que
reiteradas vezes assolou e ainda assola o nosso já superpovoado
planeta. Discos voadores cortam os
nossos céus mais amiúde que estrelas cadentes
e pousam com maior discrição e frequência que meteoros. Sempre em surdina,
seres esquisitos e desengonçados arriscam passos protegidos por pistolas de
laser espacial e tentam capturar espécimes
nativas para travar conhecimento psíquico e anatômico de modo a facilitar a
invasão e conquista da Terra. Felizmente, pensávamos até agora, eles sempre
foram descobertos, garantindo assim nossa liberdade e integridade física e
mental.
Porém, há
países, como o Brasil, que não possuem sistema de defesa contra extraterrestres e que, dada a facilidade encontrada,
desenvolveram um sofisticado plano de ação para o seu estabelecimento em plagas
tupiniquins. Não passeiam pelas calçadas esses verdes ciclopes de antenas
estereoscópicas nem dão rasantes com
suas naves espaciais nas grandes cidades. Não! Desenvolveram eles um sistema de
captação de cobaias doadores de cérebro para que os seres alienígenas os possam
transformar , aos poucos, em um batalhão
teleguiado para agir em função de seus
escusos objetivos. Esse sistema é representado por uma entidade sem fins
lucrativos, conhecida pela sigla INSS (Intergalactic Nation of Serial Sugators,
em macarrônico inglês) e que, por meio de concurso público, procura arregimentar
grupos de pessoas esforçadas e estudiosas, interessadas em um atrativo salário,
e que para isso ultrapassam qualquer obstáculo, não poupando esforços para
chegar a seu fim, estudando horas a fio, desprezando passeios e distrações, sem
saber que esta qualidade é extremamente apreciada pelo inimigo que pretende
manipular suas vítimas.
Uma vez
empossado, o jovem servidor começa a sofrer sérios ataques dos sugadores de cérebro,
com o fim de não opor resistência às intenções dos extraplanetários.
A primeira forma
de assédio é a obrigatória utilização de programas, também conhecidos como cavalos
de tróia, que, se fazendo passar por sistemas de informática, têm como fim o
amolecimento cerebral do infeliz servidor. O pobre coitado, de tanto informar
inutilmente senhas, matrícula, CPF e outros dados mais, vai sendo mesmerizado
lentamente, invadido por fluidos
emanantes do computador e que o vão anestesiando, deixando-o suscetível a toda forma de manipulação. A
pessoa, vendo que é inútil todo o esforço, resigna-se, e repete mecanicamente
sua tarefa, já sem muita convicção ou esperança e, a todo instante, vê um
sistema cair ou, por outra, não conectar, enquanto os segurados ameaçam uma
revolta em resposta à demora no atendimento.
A seguir vêm
as cobranças de cumprimentos de metas inatingíveis e variegadas ameaças. Nada
mais está seguro. A qualquer momento podem mudar as regras do jogo, o salário e
a carga horária, ambas variáveis, deixam o servidor completamente desnorteado e
sem reação, respondendo positiva e mecanicamente a tudo o que lhe é proposto:
- TRA BA LHAR SEIS HO RAS... TRA BA LHAR SEIS HO RAS...
- TRA BA LHAR
OITO HORAS... TRA BA LHAR OITO HORAS...
- TRA BA LHAR
VIN TE HORAS... TRA BA LHAR VIN TE HORAS...
- SEM SA LÁ
RIO... SEM SA LÁ RIO...
- SEM RE VOL
TA... SEM RE VOL TA...
- DÃ... DÃ...
DÃ...
Quando chega
a esta terrível, inevitável e intransponível situação o cidadão-servidor terá
se transformado num androide de articulações endurecidas pela LER e pelo
senta-levanta contínuo para percorrer o curto
caminho entre sua mesa e a impressora, com os músculos da face enrijecidos pelo
sorriso-padrão pouco espontâneo de atendimento ao público e, pior que tudo,
pela total degeneração do raciocínio. Então terá se completado a mutação
desejada pelo inimigo e deixará de ser um humano e terá se convertido num
CNISoide SIBErnético, capaz de obedecer a todas ordens sem questionar e ser
manipulado a bel prazer das forças ocultas. Portanto, enquanto ainda há tempo,
deve-se ter muita cautela para
- MUI TA CAU
TE LA... MUI TA CAUTELA...
-
DÃ...DÃ...DÃ...