quinta-feira, 23 de maio de 2013


                           
       GRUPO  INSSena
                    APRESENTA

  UM NOVATO NO BALCÃO*


                                    (Tragicomédia em três atos)

Personagens:
Servidor novato,  sozinho em seu primeiro dia de atendimento, a princípio, entusiasmado como um animador de programa de auditório, com a cabeça plena de legislação e prática nenhuma.
Dona Maria
Dona Luzia
Dona Zuleica e oito crianças
                                                           Local: uma APS lotada
      
                      Primeiro ato– Atendimento simples

Servidor: Bom dia, Dona Maria. Em que posso lhe ser útil?

Dona Maria: Vim pegar o papel pra viagem.

Servidor (um pouco embaraçado): Que papel pra viagem, senhora?

Dona Maria: O papel que a gente precisa pegar pra viajar.

Servidor: Papel que a gente precisa pra viajar... Seria uma passagem?

Dona: Deve ser. Sempre uso ele pra viajar de ônibus pra outra cidade.

Servidor (incrédulo): A senhora costuma comprar passagens de ônibus aqui?

Dona Maria: Não pago nada, não, moço. Pego de graça.

Servidor (bastante desconfiado): Queira ter a gentileza de aguardar cinco minutos (sai em busca de informações  deixando Dona Maria a tamborilar os dedos sobre a mesa).

Servidor (animado): Pronto, Dona Maria, já estou de volta. O que a senhora deseja é um discriminativo de crédito onde consta o valor de integral de seu benefício, seus empréstimos consignados e o valor líquido que recebe a fim de garantir a gratuidade de passagens de ônibus intermunicipais e interestaduais, não é mesmo?

Dona Maria (um pouco impaciente): É, moço, deve ser isso mesmo.

Servidor (com ar de triunfo): Um minuto, um minuto  que já lhe entrego.

               Segundo ato – Pensão por morte

Servidor: Bom dia, Dona Luzia, a senhora veio dar entrada na pensão?

Dona Luzia (suspirando): Vim sim, meu filho.

Servidor: E quem foi que morreu, minha senhora?

Dona Luzia: O Berico, meu velho.

Servidor: Seu esposo?

Dona Luzia: É.

Servidor: Então eu vou precisar da certidão de casamento, de óbito e a identidade e CPF de vocês dois.

Dona Luzia (mostrando a papelada): Tá tudo aqui, ó.

Servidor (examinando a certidão de casamento): Aqui na certidão de casamento diz Luiza e não Luzia.

Dona Luzia: É,  é a Luiza, aquela sirigaita.

Servidor: Então o Seu Alberico não era casado com a senhora?

Dona Luzia: Foi também. Nós casamos em 1956, depois ele largou de mim, eu larguei dele, porque ele era muito sem-vergonha. Aí eu conheci o Albertino e fui morar com ele. Berico foi viver com a Luzineide. Daí a Luzineide morreu e eu me separei  do  Albertino e voltei a viver com o Berico. Mas ele era muito do sem-vergonha mesmo e andou de assanhamento com a Luzimara, daí eu pedi desquite, não aguentei mais aquele velho assanhado, que não podia ver  uma barra de saia. Daí eu conheci o Albino, o Alberto, o Albertone e uns outros que eu já nem me lembro mais o nome nem a ordem de chegada. Tudo isso pra esquecer o sem-vergonha do Berico. Daí o Berico se casou com a sirigaita de Luiza. Acho que fez até de propósito, por causa do nome. Aí ele ficou doente e a Luiza foi embora e eu voltei a morar com ele.

Servidor: Bom, se a senhora não estava atualmente casada com o Seu Alberico, devido à anterior separação judicial, vai ter que comprovar a união estável. O que a senhora pode apresentar para provar que estava morando com o falecido?

Dona Luzia (pondo, orgulhosamente, uma guimba de cigarro sobre a mesa): O primeiro cigarro que nós fumamos juntos, em 1955. Olha só, tem até a marca do batom.

Servidor (um tanto confuso): A senhora não tem nada mais recente?

Dona Luzia: Não. Parei de fumar desde que tive pneumonia. Começou assim com uma tosse comprida; tossia, tossia que não acabava nunca, sabe? Depois tive febre, fui parar no hospital, de lá pra cá não fumei mais. Fiquei com o  pulmão fraco.

Servidor: Não me refiro a cigarros, mas a documentos, papéis...

Dona Luzia: Cigarro é papel, ora. É só tirar o recheio que fica sendo só o papel. Nem filtro tinha naquela época; era tudo mata-rato.

Servidor: Receio, senhora, que cigarros não entrem no rol dos documentos que possam levar à convicção do fato a comprovar, qual seja, sua união estável com o seu Alberico.

Dona Luzia (esticando um papel para o servidor): Isso aqui ele me escreveu em 1962, quando nós estávamos separados e ele queria voltar. Olha com ele era romântico (lê): “Lulu, meu bem/Eu sou o seu Berico/Não me queira mal, me queira bem/ Não me trate como um penico.” Tinha alma de poeta o meu Berico (suspira).

Servidor: Dona Luzia, receio que esse documento também não sirva...

Dona Luzia (indignada, cortando a explicação do interlocutor): É papel e é mais novo que o cigarro. Por que o senhor complica tanto? Velho vocês tratam assim, né? Sem consideração nenhuma (começa a chorar). Sofri tanto na vida e agora vou ter que ir pra debaixo da ponte porque o senhor não quer me dar a pensão, que é direito meu. Como é que o senhor acha que eu vou viver recebendo só um amparo a idoso? Um salário mínimo só. E sem décimo terceiro. ( Em tom de ameaça): Não tem problema não, eu vou entrar na justiça. Vou falar com meu advogado. Ele bem que me avisou que aqui no INSS nunca dão nada pra gente, nunca reconhecem o nosso direito (gritando): Eu não vim pedir esmola, não. Eu tenho direito. Mais de 50 anos aguentando aquele velho safado, que não podia ver mulher sem correr atrás, e agora vem o senhor achando que sabe mais do que eu de minha vida. Eu vou chamar a polícia para prender o senhor. Vai todo mundo aqui pra cadeia. Eu quero falar com o chefe! Não tem chefe aqui nessa bagunça, não? Vocês são é um bando de vagabundos, que não respeitam ninguém.

Terceiro ato – LOAS

Servidor (fazendo cara de pavor ao ver se aproximarem Dona Zuleica e oito saltitantes pirralhos, um dos quais empunhando um saco de biscoito de milho, desses cujo paladar se concentra unicamente no olfato, porque tem muito cheiro e gosto nenhum).

Servidor: Boa Tarde, Dona Zuleica. A Senhora preencheu o requerimento?

Dona Zuleica: Tá tudo aqui (põe uma pilha de papéis na mesa).

Servidor (lendo, desolado, o formulário de composição do grupo familiar onde constam a requerente e onze filhos): E o pai das crianças, não mora com vocês?

Dona Zuleica: De qual delas?

Servidor: De qualquer uma.

Dona Zuleica: Não. Uns tão preso, outros não sei onde tão. Mas o senhor sabe que nunca ganhei o tal  do auxilio reclusão? Eu tenho direito e vocês nunca me deram. Agora então estou tentando isso aí porque tenho pressão alta e não posso trabalhar. (para uma das crianças): Menino, não joga meleca no chão. Que porcaria! Limpa na brusa!

Servidor (analisando as certidões de nascimento da criançada): Eu estou vendo aqui que tem umas crianças que não são seus filhos...

Dona Zuleica: Ué, tem? Quem?

Servidor: O  Deividi Uoxinton, por exemplo, é filho da Zulmira.

Dona Zuleica: Ah, Zulmira é minha mãe.

Servidor: Nesse caso ele é seu irmão. Tem que corrigir aqui no formulário. E o Maicojéquison também não é seu filho...

Dona Zuleica: Ué, não é não?

Servidor: Consta aqui que ele é filho de Lucivando e Vandalucia.

Dona Zuleica: Ah, é mesmo. Lucivando é o pai do Rolescleison, vê aí se não é.

Servidor: Correto! Do Lucivando e da senhora.

Dona Zuleica: Ué, é meu? Desse eu tinha se esquecido...

*Esta é uma obra de ficção e qualquer semelhança com a realidade terá sido mera coincidência. (Nota do autor)
















                    

sexta-feira, 10 de maio de 2013

TÉCNICAS DE SOBREVIVÊNCIA EM APS - REFORMA PREVIDENCIÁRIA


É de conhecimento de todos que a necessária reforma previdenciária seria uma medida tão drástica quanto impopular e por isso ela vai sendo sempre adiada, ainda que com prejuízo das contas públicas.
O que ninguém imagina, entretanto, que essa reformulação pode ser muito bem vinda, principalmente no período eleitoral, que atualmente dura em torno de três a quatro anos. O importante então não é fechar as contas em troca dos direitos e vantagens dos segurados e, sim, ouvir a voz do povo que, como diz o ditado, é a voz de Deus.
Uma das sugestões mais ouvidas pelo servidor é a importância de se criar novas espécies de aposentadorias como, por exemplo, a aposentadoria antes do tempo de contribuição e a aposentadoria antes da idade, em que o segurado se aposentaria precocemente e teria um desconto mensal equivalente ao valor da contribuição até ter atingindo as condições necessárias para a obtenção definitiva do benefício. Notem que avanço espetacular em termos previdenciários! O segurado continuaria a contribuir para a Previdência até mesmo depois de aposentado. Processo esse que pode evoluir até para a aposentadoria dos recém-nascidos que, mediante o benefício, contribuirão até completarem trinta anos, se mulher, ou trinta e cinco, se homem, no valor de 20% do valor de uma renda mensal a escolher, ou, até a idade mínima para a aposentadoria por idade caso optem por um desconto de apenas 11% e se contentarem em receber apenas um salário mínimo.
Uma reclamação recorrente e que deve ser levada em consideração refere-se ao excesso de burocracia na habilitação do LOAS. Se tal benefício é devido àqueles desprovidos de praticamente tudo, porque deles se exige tanto? O fato de não terem documento de identidade, certidão de casamento ou comprovante de residência atestam, por si só, a situação de penúria em que vivem. Por que questionar o momentâneo extravio de uma certidão de casamento se, no futuro, em solicitação de uma pensão por morte ela pode vir a  ser reencontrada? E acreditar que  a pessoa esteja mentindo ao dizer que não tem comprovante de residência por está morando por favor na casa de vizinhos é duvidar mesmo da generosidade do brasileiro, esse povo tão hospitaleiro, onde o cidadão tira o pão da própria boca para alimentar aquele que mal conhece. E descrer da palavra dita por tão sincera e honesta gente é negar a própria justiça de que é tão farta nossa honorável pátria.
De grande apelo popular é a autoperícia, pois quem melhor do que a própria pessoa para saber sua real condição de saúde e analisar sua incapacidade para o trabalho?  É necessário evitar transtornos  para o cidadão que, além de estar adoentado, sofrendo muitas vezes de um dolorido calo, tem ainda que ir ao médico em busca de um laudo e depois  enfrentar uma perícia, correndo o risco de ter o benefício indeferido embora o sapato lhe maltrate o pé doente. 
O ápice da evolução  legislativa previdenciária, entretanto, se dará com o advento de uma legislação sucinta,  a IN PL, econômica de ideias porém rica em direitos para os cidadãos, sem contradições nem espaços para dúvidas e questionamentos, sem entrelinhas controversas, que evita recursos e processos judiciais, além de economizar tempo, paciência e neurônios dos servidores e que possui apenas um artigo e duas palavras: “Pediu; levou”.

quinta-feira, 2 de maio de 2013

CINE INSSANO - TRILOGIA DA DONA CONCEIÇÃO

      

   
                      O CHILIQUE DE DONA CONCEIÇÃO


A REVOLTA DE DONA CONCEIÇÃO



ASCENSÃO E QUEDA DE DONA CONCEIÇÃO

sexta-feira, 26 de abril de 2013

TÉCNICA DE SOBREVIVÊNCIA EM APS - AS METAS


Hoje falaremos sobre o tema polêmico e tristemente dinâmico que é o conjunto de  metas a que estamos submetidos no interesse de conservar o salário intacto e o turno estendido em vigor e, de quebra, manter a inssanidade em níveis administráveis.
Também conhecidas sugestivamente como “mertas”, uma composição do nome original com algo que não cheira nada  bem, compreendem uma reunião de objetivos mais ou menos inalcançáveis que tendem a se tornar  cada vez mais rígidas, até a total inacessibilidade.
A finalidade declarada de todo esse procedimento é a melhoria do atendimento à população, pois as agências passaram a ficar abertas durante mais tempo, embora tendo como contraponto a duração da jornada de trabalho dos servidores que foi reduzida em duas horas. Um pouco ortodoxo cálculo matemático cujo resultado prático mais visível é o fato de que o segurado passou a ter que acordar uma hora mais cedo para ser o primeiro da fila que se forma à espera da abertura da APS, prazer este reservado a muitos aposentados que fazem de sua ida ao INSS um dos preferidos exercícios matinais.
Sabe-se, entretanto, que tais metas têm como objetivo primordial a impossibilidade de serem atingidas e costumam ser elaboradas em sádicos grupos de trabalho especialmente formados para este fim. Primeiramente criam parâmetros aleatoriamente e se exige que deles se aproxime a produção das agências. Alcançado, com grande esforço,  o efeito desejado, já se mudam os padrões e aumentam as exigências, de modo que o servidor sinta-se sempre  esmagado por um torniquete virtual, a fim de produzir cada vez mais, a despeito de todas as dificuldades.
 O que, a princípio, parece ilógico é fruto, no entanto, de um aprofundado e requintado estudo da alma humana e que pretende avaliar o grau de submissão a que pode chegar um inssano, até que ponto ele se resigna a fazer qualquer coisa para manter o salário que lhe é devido e a carga horária reduzida que antes de lhe ser tomada, lhe era de direito e que, ao ser parcialmente devolvida, vive sob constante ameaça.
O principal braço operacional desta permanente tortura é a Dataprev com seus inconstantes, inoperantes e cada vez mais numerosos sistemas que nos trazem uma nostalgia dos tempos anteriores à informatização, já que não era possível manipular remotamente uma caneta.
Um dos divertimentos prediletos da maquiavélica instituição acima citada consiste na alternância de funcionamento de sistemas; quando uns funcionam, outros estão instáveis, ou, em linguagem clara e direta, inoperantes. Quando alguns voltam a funcionar, os outros caem. Essa é uma excelente forma de inviabilizar ou, pelo menos, retardar bastante, o atendimento dos agendamentos de benefícios e levar o servidor ao desespero por ver o cumprimento das metas perigando, pois, evidentemente, atrasos e deficiências alheios à vontade e à competência do trabalhador não são levados em consideração. Outra estratégia muito divertida são aqueles variados erros no processamento da folha de pagamento que fazem triplicar a demanda espontânea normal da agência.
Só resta ao servidor, portanto, já que não tem como acompanhar a evolução alucinante das metas, tentar agilizar, como pode, o atendimento e  estabelecer procedimentos criativos de modo a diminuir a demanda. Aconselha-se o uso da hipnose condicionativa para convencer o segurado de que ele não precisa retornar à agência para pegar o ‘papel pra viagem’ nos próximos dez anos a menos que, de fato, vá ele viajar. Um bom resultado também se obtém com o uso de pó-de-mico concentrado que, polvilhado diariamente nas cadeiras, diminui muito o número de segurados na agência uma vez que muitas pessoas passam a ter necessidades mais prementes do que esperar pelo atendimento.
Aproveitamos para informar que não endossamos o uso da Solução Sono Eterno dos Laboratórios Conceição & Co., utilizável na água do bebedouro, devido a seus efeitos colaterais irreversíveis.

sexta-feira, 5 de abril de 2013

TÉCNICAS DE SOBREVIVÊNCIA EM APS - A CONSPIRAÇÃO


Todos nós conhecemos os esforços envidados por americanos e japoneses  no combate à invasão alienígena que reiteradas vezes  assolou  e ainda assola o nosso já superpovoado planeta.  Discos voadores cortam os nossos céus mais amiúde que estrelas cadentes  e pousam com maior discrição e frequência que meteoros. Sempre em surdina, seres esquisitos e desengonçados arriscam passos protegidos por pistolas de laser espacial  e tentam capturar espécimes nativas para travar conhecimento psíquico e anatômico de modo a facilitar a invasão e conquista da Terra. Felizmente, pensávamos até agora, eles sempre foram descobertos, garantindo assim nossa liberdade e integridade física e mental.
Porém, há países, como o Brasil, que não possuem sistema de defesa contra extraterrestres  e que, dada a facilidade encontrada, desenvolveram um sofisticado plano de ação para o seu estabelecimento em plagas tupiniquins. Não passeiam pelas calçadas esses verdes ciclopes de antenas estereoscópicas  nem dão rasantes com suas naves espaciais nas grandes cidades. Não! Desenvolveram eles um sistema de captação de cobaias doadores de cérebro para que os seres alienígenas os possam  transformar , aos poucos, em um batalhão teleguiado para agir em função de seus  escusos objetivos. Esse sistema é representado por uma entidade sem fins lucrativos, conhecida pela sigla INSS (Intergalactic Nation of Serial Sugators, em macarrônico inglês) e que, por meio de concurso público, procura arregimentar grupos de pessoas esforçadas e estudiosas, interessadas em um atrativo salário, e que para isso ultrapassam qualquer obstáculo, não poupando esforços para chegar a seu fim, estudando horas a fio, desprezando passeios e distrações, sem saber que esta qualidade é extremamente apreciada pelo inimigo que pretende manipular suas vítimas.
Uma vez empossado, o jovem servidor começa a sofrer sérios ataques dos sugadores de cérebro, com o fim de não opor resistência às intenções dos extraplanetários.
A primeira forma de assédio é a obrigatória utilização de programas, também conhecidos como cavalos de tróia, que, se fazendo passar por sistemas de informática, têm como fim o amolecimento cerebral do infeliz servidor. O pobre coitado, de tanto informar inutilmente senhas, matrícula, CPF e outros dados mais, vai sendo mesmerizado lentamente,  invadido por fluidos emanantes do computador e que o vão anestesiando, deixando-o  suscetível a toda forma de manipulação. A pessoa, vendo que é inútil todo o esforço, resigna-se, e repete mecanicamente sua tarefa, já sem muita convicção ou esperança e, a todo instante, vê um sistema cair ou, por outra, não conectar, enquanto os segurados ameaçam uma revolta em resposta à demora no atendimento.
A seguir vêm as cobranças de cumprimentos de metas inatingíveis e variegadas ameaças. Nada mais está seguro. A qualquer momento podem mudar as regras do jogo, o salário e a carga horária, ambas variáveis, deixam o servidor completamente desnorteado e sem reação, respondendo positiva e mecanicamente a tudo o que lhe é proposto:
- TRA BA  LHAR SEIS HO RAS... TRA BA  LHAR SEIS HO RAS...
- TRA BA LHAR OITO HORAS... TRA BA LHAR OITO HORAS...
- TRA BA LHAR VIN TE HORAS... TRA BA LHAR VIN TE HORAS...
- SEM SA LÁ RIO... SEM SA LÁ RIO...
- SEM RE VOL TA... SEM RE VOL TA...
- DÃ... DÃ... DÃ...
Quando chega a esta terrível, inevitável e intransponível situação o cidadão-servidor terá se transformado num androide de articulações endurecidas pela LER e pelo senta-levanta contínuo para percorrer  o curto caminho entre sua mesa e a impressora, com os músculos da face enrijecidos pelo sorriso-padrão pouco espontâneo de atendimento ao público e, pior que tudo, pela total degeneração do raciocínio. Então terá se completado a mutação desejada pelo inimigo e deixará de ser um humano e terá se convertido num CNISoide SIBErnético, capaz de obedecer a todas ordens sem questionar e ser manipulado a bel prazer das forças ocultas. Portanto, enquanto ainda há tempo, deve-se ter muita cautela para
- MUI TA CAU TE LA... MUI TA CAUTELA...
- DÃ...DÃ...DÃ...

sexta-feira, 15 de março de 2013

TÉCNICAS DE SOBREVIVÊNCIA EM APS - O APRIMORAMENTO


 É sempre pensando nos segurados e nos servidores que os atendem que a Previdência Social se empenha constantemente em melhorar o atendimento facilitando a vida tanto dos primeiros quanto dos segundos, criando meios remotos de agendamento ou lançando e aprimorando variados sistemas de informática, cada qual mais ágil e eficiente.
Uma das maneiras de informar o cidadão é espalhar pelas APS cartazes coloridos, todos de fácil compreensão e muito objetivos. Analisemos o mais recente informe que ilustra nossas já decoradas paredes; diz ele: Agende de graça o seu atendimento na agência da Previdência! Não é necessário ir à agência para agendar requerimentos de benefícios e serviços.
Notem que primorosa redação! O que, à primeira vista, pode ser percebido como um contrassens0 - agendar na agência sem nela comparecer – na verdade não passa de uma novidade assaz futurística e que pode ser plenamente alcançada através do uso do Elixir Telepático de Dona Conceição. Basta tomar duas colheres de sopa do formidável medicamento, mentalizar o agendamento desejado e aguardar três minutos para receber a resposta do dia e hora aprazados, pelo mesmo meio de comunicação. Caso a data agendada não convenha ao segurado, ele deverá tomar mais duas colheres da especial beberagem e repetir a operação.
Também muito útil  é a tabelinha de pagamento de benefícios emitidas todo início de ano, salvo as vezes em que a mudança da data de pagamento tenha se dado em época posterior à   distribuição do informativo,  o que pode gerar uma ligeira confusão na vida do segurado e um pequeno aumento de demanda por informações corretas na APS, fatos esses que não devem se ter em grande conta já que se deve acreditar que as vantagens causadas, em média, costumam ser superiores aos prejuízos, além de propiciar, com essas ligeiras divergências, a agradável interação entre servidor e segurado e movimentar as agências sempre tão tranquilas e sonolentas.
Quanto aos sistemas, a Dataprev se supera a cada dia; não satisfeita em criar o  SIBE, o sistema que para ser considerado perfeito basta apenas funcionar, e já está pensando em aperfeiçoá-lo ainda mais. Não necessariamente na parte funcional ou na sua interface de 800 sucessivas telas, ambos comprovadamente excelentes em rapidez e objetividade.  A novidade vindoura é a versão multilíngue, em que o segurado poderá optar por se utilizar do árabe, hebraico ou mandarim, já que a versão em português já está sendo considerada obsoleta. E estará disponível em todos os sistemas do portal CNIS!
Imagine os benefícios que não trará à mente do servidor todo esse exercício de desbravamento de novos idiomas, quantas novas sinapses neurais não fará ao brincar com alfabetos até então desconhecidos, ao escrever de baixo para cima e de trás para frente ou, a bem da verdade, da frente para trás que de trás para frente escrevemos nós ocidentais. Mero detalhe esse último, aliás, pois o importante é o aproveitamento total do cérebro, seja o seu lado direito ou esquerdo ou como, no caso em questão, o lado avesso.
E  assim, caminhando a passos largos na conquista da excelência do atendimento e do conforto tanto dos servidores quanto dos segurados, é que a Previdência Social e todos os seu setores e desdobramentos, mormente  a Dataprev, responsável por todas as facilidades fornecidas pelos seus eficientíssimos sistemas de informática, pôde encontrar um lugar especial no coração de todos os cidadãos. Pelo menos é o que sugerem os cartazes...

sexta-feira, 1 de março de 2013


INSSaNews
  ÚLTIMAS NOTÍCIAS
CONCURSO PÚBLICO


Vem aí uma excelente oportunidade de conquistar o emprego de seus sonhos. Veja a íntegra do edital do concurso da Providência Social:


DAS DISPOSIÇÕES PRELIMINARES

Concurso para suprir vagas deixadas por servidores que se aposentaram, fugiram por meio de outro concurso ou ficaram impossibilitados de exercer suas funções por longo prazo devido ao alto grau de insanidade causada pelo exercício do cargo.


DO CARGO


Técnico em INSSanidade
Habilitar e conceder benefícios, previdenciários e assistenciais (sim, LOAS – não adianta fazer cara feia); ser auxiliar de procurador fazendo cópia de documentos e ajudando a preencher formulários, inclusive corrigindo seus erros gramaticais e ortográficos; ouvir o cidadão em seus raros momentos de destempero, dar-lhe conforto e amparo em troca de palavrões e ofensas; fazer bilú-bilú em criancinhas de fraldas cheias e achar muito engraçadinho os berros constantes dos mais crescidinhos; e outras coisinhas mais que a instituição pretenda improvisar.

Regime próprio de previdência – semiaberto e fechado.

Jornada de trabalho – flexível, variando de 30 a 80 horas semanais, divididos de segunda a sexta podendo se estender pelo fim de semana, a  critério da autarquia.

Remuneração – variável, de acordo com as metas a serem alcançadas e que estão em estado de constante ampliação.

Outras vantagens – (aguardando atualização)


SIMPATIAS, PRAGAS E ESCONJUROS








Fórmula  homeopática  de Dona Conceição contra o mau-olhado, baseado no princípio da semelhança.

1 olho de peixe morto (da espécie  traíra)
1 rabo de ratazana, morta há cinco dias
5 ml de veneno de cobra
5 ml de peçonha de escorpião

Dissolver os sólidos nos líquidos;
Aspergir o resultado sobre o invejoso, que deverá também ser polvilhado com 100 g de pó de mico.
         
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Simpatia para atrair servidores para a APS em três dias:

Repita, pensando em um colega de sua escolha, sete vezes seguidas a seguinte frase: “Sai de cima e vem pra baixo, se te esconde, eu te acho”, e dê três pulinhos pra frente ao fim de cada citação.
A partir da terceira repetição, seu desafeto começará a se mover, involuntariamente, na mesma direção e sentido em que você der os seus pulos, inclusive  contornando ou saltando os obstáculos que encontrar pela frente. Desta forma, a partir do terceiro dia, você comandará totalmente seus movimentos, movendo-o para onde desejar, inclusive para a APS, apesar do horror que isso costuma causar em certos servidores habituados a ambientes menos conturbados.

Recomenda-se apenas cuidado de não direcioná-lo para uma janela, sobretudo se ele se encontrar em andares muito elevados.  











sábado, 23 de fevereiro de 2013


  INSSaNews
   EDIÇÃO EXTRA
 Após a acusação de ser a responsável pela perda do turno estendido, sendo tal afronta uma  retaliação a seus malfeitos, quando tentou usurpar o Ministério da Providência Social (vide vídeo na postagem anterior), Dona Conceição pôs os bigodes de molho e desapareceu assim que foi decretado o reinício do martírio das oito horas.
  Os repórteres deste periódico, entretanto, não descansaram enquanto não a localizaram atrás de novo par de bigodes que ela afirma ser natural e que de forma alguma tenha ali se instalado com o  intuito de disfarçar sua presença.

   







O bigode é natural, afirmou Dona Conceição

   Ao se reconhecida, no entanto, Dona Conceição não se furtou a responder os questionamentos de nossos enviados.
  Em relação à sua responsabilidade, a nobre servidora afirma não ter relação alguma com a conspiração e invasão do Ministério, nem com a queima dos processos, diz que as imagens são forjadas, que tudo não passa de um falso dossiê criado pela oposição com a ajuda da imprensa e o apoio de grandes atores do cinema alemão, com o único objetivo de denegrir sua impoluta imagem.
  Sobre o fim do turno estendido, afirma que lutará com todas as suas forças para que  ele  retorne  
ainda   mais amplo e para que as seis horas se estendam também para os sábados, domingos e feriados.
  Inquirida sobre as atitudes que pretende tomar para atingir o tão ansiado objetivo, apresentou, como resposta, uma pequena pistola extraída de seu vasto bigode, insinuando, com sugestivos gestos, que esta discreta arma não era habitante única do piloso ambiente. "Aqui cabe um arsenal”, foram suas exatas palavras.
  Confiemos em suas boas e bem aparelhadas intenções.
   Quanto ao senhor Aparecido, autor primeiro dos atuais infortúnios e que encontra-se momentaneamente desaparecido o que, pelas leis da gramática não condiz, uma vez que o que é encontrado, desaparecido não está, Dona Conceição foi assustadoramente evasiva ao falar sobre o assunto. Ao responder à objetiva pergunta sobre se o agente público encontra-se em poder das forças de restauração do turno estendido (FRTD), declarou apenas:
  - Digamos que a maior parte dele encontra-se em nosso poder.
  Esta gazeta espera sinceramente que as partes  que ainda estejam em liberdade, não lhe causem grande prejuízo à  anatomia.

quarta-feira, 13 de fevereiro de 2013



CINE INSSano

APRESENTA

ASCENSÃO E QUEDA DE DONA CONCEIÇÃO


Após dar um golpe de Estado no INSS, Dona Conceição (Bruno Ganz, em magnífica interpretação)
toma o poder e passa a comandar a instituição, entretanto, nem tudo corre como o previsto....





sexta-feira, 18 de janeiro de 2013

TÉCNICAS DE SOBREVIVÊNCIA EM APS - APOSENTADORIA POR INVALIDEZ



O objetivo último de todo trabalhador é alcançar a aposentadoria – e quanto mais cedo, melhor. Nem que para isso tenha que unir o útil ao desagradável, contrariando a máxima popular que prefere unir a vantagem ao agradável. No melhor estilo “fazer do limão uma limonada”, de preferência bem doce, muita gente se agarra com fortes tentáculos a um providencial auxílio doença com a exclusiva finalidade de conseguir uma aposentadoria por invalidez. Muitos segurados estão tão convencidos de que ainda estão incapacitados para o trabalho mesmo depois de já estarem totalmente curados que a simples lembrança de terem de retornar ao emprego já lhes trazem de volta todos os sintomas da recente doença. Ou os de uma nova, como não é raro acontecer. Não é à toa que um terço de todas as aposentadorias é dessa espécie. Mas ainda é pouco e, para aumentar esse número de beneficiários é que a “Providência Social” flexibilizará o seu leque de doenças potencialmente aposentáveis. A seguir daremos alguns exemplos destas novas enfermidades cujos laudos médicos servirão de prova plena e que podem facilmente ser encontrados nos melhores camelôs do ramo.
Espartilhose asfixiante: O uso constante de espartilho muito ajustado ao corpo promove autênticos e cinematográficos desmaios, principalmente nos dias mais quentes. Impressiona positivamente desde colegas de trabalho até médicos peritos e dá a real impressão de que algo vai muito mal com o usuário desta peça de vestuário que se sufoca e se abana com frequência.
Colarite oportunista: Um colar cervical, pomposo e exuberante,  é o suficiente para diagnosticar variados e gravíssimas patologias de coluna ou de outras quaisquer  partes da ossatura, como bico de papagaio e espinhela caída.
Gangrena filética: É uma necrose cutânea artificial originada na putrefação de um bife sobreposto a determinada parte do corpo durante o prazo de uma semana, sem tempero ou refrigeração.
Mumificação parcial: Caracterizada pelo envolvimento por ataduras de membros superiores ou inferiores ou da caixa craniana e com o segurado  movido a muletas ou cadeira de rodas e amparado por emotivos acompanhantes.
Depois de conseguir sua aposentadoria por invalidez, o próximo passo é obter a majoração de 25% devida aos aposentados que dependem de terceiros para a sua atividade diária. Também neste quesito haverá mais elementos a serem considerados tais como:
Impossibilidade de se levantar sozinho nas primeiras horas do dia sendo dependente do auxílio de terceiros para retirar as cobertas e virar a cama para que o aposentado se ponha de pé.
Falta da unha comprida do dedinho mindinho responsável pela execução da faxina dos recônditos auriculares e que resulta na utilização de outro elemento para a realização da atividade, como por exemplo, um cotonete ou a tampinha de uma caneta.