sexta-feira, 11 de novembro de 2011


INSSaNews
 Hackers invadem a Dataprev

  

  Ontem à noite, hackers  invadiram a Dataprev e puseram o CNIS no ar, fazendo com que ele funcionasse continuamente, de meia-noite às seis da manhã, quando o ataque foi descoberto e o sistema voltou às suas intermitências normais.
  Entretanto, o trabalho desta equipe de invasores não foi em vão  uma vez que foram revelados  recônditos segredos da instituição. O mais chocante de todos é que o CNIS é um vírus  e que traz na própria sigla uma mensagem subliminar. Lendo-se de trás para frente descobrimos o seu real significado: Sistema Inoperante e Nocivo ao Computador.

CNIS












  Foi descoberto também que esse vírus disfarçado de sistema faz parte de uma conspiração que tem o objetivo de levar ao desprovimento da razão todo servidor que dele se utiliza, transformando o mais pacato dos usuários em um ser irracional, capaz de atos de vandalismo contra o patrimônio público ou contra sua própria pessoa. Um caso exemplar é o da servidora Dona Conceição que, num típico caso de descompasso mental, subiu na mesa, diante dos segurados e começou a pular e a cantar, com voz esganiçada,  Twist and shout, dos Beatles, numa interpretação 
tão assustadoramente patética que se tem até a notícia de que o próprio John Lennon despertou, por um momento, de seu sono eterno, para levar as mãos aos ouvidos. Quem presenciou o fato garante que dava pena assistir a cena  e ver uma senhora antes tão respeitável, de idade considerável e quilos a mais, assim exposta, de cabelos desgrenhados e semi-decomposta. Consta que até hoje ela faz visitas periódicas ao manicômio municipal devido ao episódio.
 Outra revelação muito preocupante feita pelos invasores é a que trata do perigo que correm os servidores ao mandarem uma mensagem de seu email institucional para o seu email particular. Está programado e não se conseguiu desativar, um ataque virtual  o emblemático dia 11/11/11, ou seja, hoje, quando os computadores infestados pelos vírus replicantes do CNIS  começaram apresentar as mesmas características dos computadores usados no trabalho, com todos os seus programas e sistemas, e, toda vez que o servidor, em seu dia de folga,  tentar entrar no Facebook, abrir-se-á a tela do prisma; quando entrar no Orkut, aparecerá a tela do Sabi, entre outros transtornos. Um verdadeiro horror para aqueles que querem usar o fim de semana, especialmente este, transformado em feriadão, para esquecer o trabalho. E o pior de tudo é que o CNIS, passará a abrir freneticamente as suas páginas o que há de levar o servidor, acostumado ao sempre difícil acesso ao sistema, a imprimir compulsivamente essas informações que um dia lhe poderão ser úteis.
   Portanto, pede-se cautela no dia e principalmente que se evite entrar em sites e blogs que tenham como tema principal a Previdência Social, uma vez que estão todos contaminfwlkmtwietms,dmsl.fçdor´peorktJkjdroriq lkaerqior lkdfopriqworp çldj jaj hdirqourqurroqf afmoerqp &*)(_)#@&*&()(*)*(*&&¨¨%%$

sábado, 5 de novembro de 2011

INSSaNews

       Greve no INSS

   



                   Cansados de esperar pelo retorno das 30 horas semanais, os servidores do INSS resolveram fazer uma paralisação para demonstrar seu desagrado pela demora na redefinição do horário de trabalho.     
    A gota d’água foi provocada pela declaração do Senhor Ministro que, após uma sequência de adiamentos,    afirmou que a notícia tão aguardada será dada apenas no próximo dia 30 de fevereiro.
     O sindicato achou a data plausível já que o ano produtivo só começa mesmo depois do carnaval e, além disso, uma precipitação do governo poderia causar transtornos na atividade diária das agências, com o que não concordaram os servidores que participaram da reunião.
   Sem o apoio do sindicato, tampouco da chefia, que continuará trabalhando oito horas por dia, os servidores resolveram fazer uma operação tartaruga, atendendo os segurados com a mesma presteza com que vêem atendidas suas reivindicações.
   Assim, aquela desordem que, segundo o sindicato, poderia ser consequência da precipitação, foi causada exatamente pela falta de agilidade do órgão competente.
     Nossa reportagem foi até uma APS para acompanhar a atuação dos rebelados e ouvir as queixas dos segurados. Por incrível que possa parecer, o ambiente, apesar de superlotado, se encontrava, de certa forma, tranqüilo  e as pessoas estavam resignadas com a espera imposta.
  -Eu vim, disse um deles, apenas para calcular os juros de um dia de atraso no meu carnê e, pelo visto, quando eu for atendido, terei que calcular o valor correspondente a uma semana.
  Ao ouvir isso, aproximou-se do segurado uma senhorita muito gentil, que se apresentou como assessora previdenciária e lhe ofereceu, pela bagatela de trinta reais, uma senha cento e oitenta e cinco números menor que a que ele portava.
   - Trinta reais e a garantia de ser atendido ainda hoje – afirmou ela.
        Nossa reportagem também flagrou um senhor de meia idade comendo uma banana junto ao guichê em que supostamente estaria sendo atendido. 

  O mesmo nos informou que estava  dando entrada em sua aposentadoria desde as oito horas da manhã e  que a servidora que lhe atendia, de nome Conceição, saiu para almoçar mas que, segundo ela, demoraria, no máximo, uma hora para retornar, deixando-lhe, gentilmente, uma banana para que ele distraísse o estômago.

   - É uma senhora muito atenciosa, a Dona Conceição. Ela me disse que, na volta, fará alguns acertos nos meus vínculos e que eu devo sair daqui aposentado ainda hoje, mais tardar, amanhã.
   Nossa atenção foi despertada pelo choro insistente de um bebê de poucos dias. Indagamos à mãe, que aguardava para dar entrada no salário maternidade, se algo estaria sendo feito para que ela fosse atendida mais rapidamente.
   - Avaliem os senhores: eu cheguei aqui com oito meses de gravidez – respondeu a jovem mãe, enquanto amamentava a filha, que se chamará, em homenagem ao local de nascimento, Previnalda.
   Um início de tumulto irrompeu-se no salão repleto quando um segurado descuidado, tropeçou num outro, adormecido no chão, perdeu o equilíbrio e acabou derrubando uma fileira de outros contribuintes que foram ao solo, em antológico efeito dominó. Houve gritos e empurrões e, a seguir, as costumeiras acusações contra os servidores e a instituição.
  Logo em seguida surgiram funcionários com bandejas onde, segundo eles, eram oferecidos suco de maracujá e chá de camomila e, rapidamente, o ambiente voltou àquela inesperada tranqüilidade que encontramos ao chegar.
   Curiosos com o poderoso efeito calmante das substâncias naturais,  perguntamos a uma servidora que oferecia as bebidas se não havia nos copos e xícaras algum outro elemento não anunciado que aumentasse a potência do resultado.
   -Não, não, só maracujá e camomila – negou com firmeza enquanto um sorriso enigmático parecia contradizer sua assertiva.
   Seja como for, em pouco tempo, alguns bocejos foram ouvidos  no apaziguado ambiente onde algumas pessoas, nas cadeiras e mesmo no chão, já se aconchegavam para dormir.


sábado, 29 de outubro de 2011

TÉCNICAS DE SOBREVIVÊNCIA EM APS – A JORNADA DE TRABALHO



Evidentemente, a esta altura, os servidores do INSS situam-se entre o desânimo e o desespero diante da possibilidade do tão anunciado retorno das 30 horas semanais não acontecer. Se o fim de semana, prolongado pela ansiedade, resultar em frustração, isso irá causar grande alvoroço nas agências, com as mais diversas manifestações de desagravo e revolta. Não aconselhamos a destruição do patrimônio público nem  atividades de cunho revanchista, pelo menos não de modo ostensivo. O revoltoso deve ser sutil e discreto, persistente e constante. Não deve ser dado a arroubos passageiros mas deve ser silencioso e metódico.
Se você, colega, quiser exercitar este tipo de comportamento rebelde, daremos aqui umas dicas de como proceder sem chamar a atenção da chefia, de modo que você permaneça as oito horas regulamentares  na agência e trabalhe apenas as seis desejadas. Listaremos, a seguir, alguns passatempos que podem ser praticados isoladamente ou em duplas, não mais que isso, pois então já se configura atitude subversiva.
Pode o servidor pensar que é impossível passar o tempo sem dispor de internet, sentado ali na frente dos segurados, sob a mira de dezenas de olhos críticos acompanhando a sua atividade ou a falta dela, sempre dispostos a resmungar qualquer impropério em sua direção.
A melhor proteção que se pode ter dos olhares dos chefes e dos segurados é ter um ou mais processos diante de seu nariz, sendo que um deles deve permanecer aberto o tempo todo, sendo folheado de vez em quando. Uma pilha de processos faz uma barricada intransponível entre o servidor e os semblantes acusadores já que demonstra uma séria disposição ao trabalho. Complete a mise-en-scène espalhando carnês e carteiras profissionais sobre a mesa.
Uma boa diversão é experimentar novas combinações de cores da tela do Prisma, fugindo do tradicional azul e amarelo. Ensaie usar as cores do seu time ou de sua escola de samba preferida, intercalando com um aparentemente atento exame de uma carteira profissional. Escreva, para seu exclusivo deleite, mensagens desaforadas no protetor de tela, mas não se esqueça de apagá-las em seguida para que não comprometam sua imagem diante de seus superiores.
Outro agradável entretenimento é colecionar nomes de segurados classificando-os conforme sejam esquisitos, raros ou de gosto duvidoso. Pode-se também gastar bastante tempo criando denominações esclarecedoras para as siglas dos sistemas como, por exemplo, o CNIS - Castigo Nefasto Imposto ao Servidor.
Se o amigo estiver cansado de sua solitária diversão, poderá pegar um processo e, à guisa de pedir ajuda para análise do mesmo, aproximar-se de seu vizinho de mesa e, tendo posto uma folha de papel em branco sobre o volume aberto, jogar forca e ter o prazer de eliminar, ainda que apenas na imaginação, um a um, todos aqueles que você considera responsáveis por sua desdita profissional.
Discretamente é possível afastar as cutículas com um colchete, adiantando o trabalho da manicure; fazer confete com o furador de papel e acumular uma boa quantidade para o carnaval ou elaborar bloquinhos de papel reciclado. Agora, se você possui pretensões artísticas poderá aproveitar o tempo para fazer caricatura de algum segurado ou mesmo escrever textos virulentos sobre sua árdua experiência diária para, posteriormente, publicá-los num blog a fim de serem lidos por seus colegas de infortúnio.* ** ***



* Qualquer semelhança com este manual é mera coincidência. Ou não. Sei lá. (nota do editor).
** Cuidado com as suas observações, editor! Tenho uma reputação a zelar (nota do autor).
*** Então é assim, seu malandro? Espera só para ver a nota que vou te dar na avaliação. (nota do chefe do autor).

sábado, 22 de outubro de 2011

COMO SE DAR BEM SEM FAZER ESFORÇO – BENEFÍCIOS ASSISTENCIAIS



Como bem se sabe, grande parte daqueles que se candidatam a um benefício assistencial – LOAS – não é realmente necessitado do amparo do governo, entretanto,  como dinheiro nunca é demais, algumas pessoas acham que valem alguns sacrifícios para o acréscimo de um salário mínimo aos seus rendimentos. Caso o leitor deseje também participar dessa boquinha e faturar um troco, vamos aqui dar umas dicas.
               O primeiro passo para impressionar o servidor é chegar mancando e fazendo cara de pobre coitado, mesmo que você esteja longe de ser pobre ou coitado. Ao sentar, dê um suspiro sofrido, daqueles que guardam anos de dor e abatimento. Igualmente ajuda  ir acompanhado de uma muleta ou alguém que se passe por parente para dar a impressão de que você não pode andar por aí sozinho. Apresentar sintomas de desequilíbrio mental também é bastante convincente nesta primeira fase do processo. Certas frases podem ser repetidas várias vezes para reforçar seu estado psicológico: “Eu não estou bem hoje, não” ou “E tenho problema de cabeça”, porém, é bom prestar bastante atenção à fisionomia do atendente, pois ele  pode sofrer de verdadeiros distúrbios mentais causados por mau funcionamento do CNIS e não estar bem naquele dia e, influenciado por sua atuação,  acabar tendo um ataque por mimetismo e abandonar o atendimento pela metade caso não jogue o monitor contra a parede ou, pior ainda, contra você.
             Na avaliação social, algumas lágrimas costumam bastar para sensibilizar o receptivo coração da assistente social. O mais importante, contudo, é adequar a conduta ao falso atestado médico para ver se consegue se sair bem na perícia.
              De qualquer modo, o sistema SABI, sempre generoso, colabora muito com o requerente, fingindo não ver, por exemplo, os recolhimentos anteriores a dois meses, daquele contribuinte individual, caído repentinamente em desgraça, que deixou de recolher há pouquíssimo tempo, mesmo que o tenha feito por anos a fio e no teto. Esse é o chamado  LOASCombo, em que o cidadão pode combinar o fato de ser um pobre coitado e segurado da Previdência Social ao mesmo tempo. E ainda poderá usar o valor integral do benefício para pagar uma contribuição bem elevada e futuramente se aposentar com uma boa renda. Inclusive, a Previdência, que as estas alturas já se chamará Providência Social, estuda criar um benefício assistencial compatível com a renda  daqueles contribuintes que sempre tiveram recolhimentos altos devidos a cargos comissionados conquistados aqui e ali entre políticos amigos e que, ao final de seus dispendiosos mandatos, vêem-se desempregados e sem ânimo para prosseguir em qualquer ramo de atividade laboral. Esses nobres cidadãos, evidentemente, não poderiam manter sua qualidade de vida recebendo apenas um salário mínimo. Em reconhecimento aos serviços prestados será implantado o LOAS-Teto, cujo valor, conforme anuncia o nome, alcança o valor máximo  pago pela Previdência.
              Mas, atenção, pois nem sempre se obtém o resultado esperado, como recentemente aconteceu em uma APS em certa cidade litorânea de Goiás. O infeliz cidadão, que não possuía os dois braços, vitima de mordida dupla de tubarão, narrou sua trágica história com tamanha riqueza de detalhes, com tal envolvimento emocional que levou às lágrimas a servidora que o atendia. Ela, de tanta emoção, não se deu conta de que o rapaz, em tal estado, não teria como assinar o requerimento e lhe ofereceu o papel e caneta. Ele, tão empolgado estava por sua envolvente representação, que tirou os braços, subitamente regenerados, de dentro do paletó e com uma mão apoiou o papel na mesa e com a outra assinou o requerimento. Depois, sorriu, meio sem graça, disse um “ih, foi mal”, levantou-se e saiu, sem nem mesmo mancar...

sábado, 15 de outubro de 2011

                                        INSSaNews

Dataprev anuncia concurso
para 100.000 vagas










    Depois da trágica experiência vivida por uma equipe de servidores da Dataprev em uma APS foram tomadas providências para a melhoria dos sistemas da Previdência Social.
   Após várias reuniões com o senhor ministro que, estranhamente, só tinha ouvido falar em CNIS no batizado de um sobrinho que recebera esse nome, disseram-lhe, em sua homenagem  e que nossa reportagem apurou, posteriormente, ser a criança assim  chamada por ter nascido durante o atendimento do salário maternidade enquanto o servidor que  atendia a mãe tentava, em vão, colher informações do dito sistema a fim de habilitar o benefício. Justa, portanto, a homenagem ainda que não muito lisonjeira a sua intenção. Aliás, Knis, Quinis, Kinispefe e outras mais variações são tudo efeito da mesma causa elevando o inédito nome ao top 10 dos mais usados pelos recém-nascidos atualmente.
    Na verdade, a tal sigla anda tão em voga  que os mais modernos já não morrem na fila do INSS preferindo morrer na fila do CNIS, de acordo com as manchetes dos jornais que mudam os detalhes, porém,  não as notícias.
   Posto a par da situação, esclarecido sobre as dificuldades encontradas no trato dos benefícios, o senhor ministro transmitiu as recentíssimas informações para os andares de cima da administração com a recomendação expressa de que se tratava de salvar a reputação da Dataprev, cujos sistemas de informatização incompatíveis com a informática, iam se transformando em meros padrinhos de bebês de nomes esquisitos.

  Em poucas semanas criou-se uma verdadeira força tarefa para salvaguardar a empresa e foi anunciado um mega concurso que ofereceria 10.000 vagas para especialistas em informática.
   Informados de que não era só a instituição que corria perigo mas também o CNIS, filho dileto do órgão e outras crias mais novas, foi acrescentado mais um zero à cifra anterior e agora serão oferecidas 100.000 vagas para contratação imediata.
   Para bancar o custo da portentosa operação em época de séria contenção de despesas e pela urgência e relevância do tema, foi emitida uma medida provisória criando mais um imposto para a captação dos recursos necessários. Trata-se ISDVP (Imposto Sobre Desvio de Verbas Públicas) que consistirá no desconto 1% de todo o montante surrupiado aos cofres públicos, desde o dinheiro circulante em cuecas  até os valores mais higienicamente  escamoteados; de simples propinas ao superfaturamento de obras públicas, o que nos leva a acreditar que a Dataprev muito lucrará com os grandiosos futuros eventos esportivos e, em poucas décadas, o CNIS poderá vir a ser tão eficiente quanto o Google.
   Preocupado com os rumos da democracia e, diz um comentário maldoso, com os próprios bolsos, o Congresso se reuniu para debater a atitude presidencial. Um cientista político que presenciou a urgentissima reunião, oculto por trás de uma cortina, resumiu o fato em uma significativa parábola: “Barbas e bigodes se contorcem para sair desta saia justa sem cair do salto.” Aguardemos o desenrolar dos fatos...

         


domingo, 9 de outubro de 2011



         INSSaNews

Servidores da DATAPREV enfrentam o CNIS

    Após inesperado surto de  reclamações a respeito dos considerados eficientes serviços prestados pela DATAPREV à Previdência Social,  servidores daquele órgão foram designados para observar de perto o resultado de seus esforços informáticos participando, durante uma semana, da rotina de uma agência do INSS. Logo no primeiro dia da experiência, um deles ficou tão horrorizado com o que presenciou que saiu correndo do perímetro de teste e,  desnorteado, não prestou atenção ao trânsito e foi atropelado, tendo morte instantânea. Rezemos por sua alma.
  
    Os que não tiveram a sorte de deixar este mundo em momento tão crítico sofreram o tormento de enfrentar a sua criação, esse aglomerado de  sistemas  mal rejuntados, de interação conflituosa e comunicação hesitante, uma obra digna de um Dr. Frankenstein cibernético.
    
  Umas vezes mudos, outras, calados, sempre estupefatos, eles testemunharam as vãs tentativas dos servidores de utilizar seu mais famoso sistema, aquele que atende pelo nome de CNIS Cidadão e o resto de sua família, todos igualmente dotados da qualidade de levar ao desespero a totalidade de seus usuários, comprovando, a cada instante, a sua obsolescência e ineficácia.
   
  Finda a semana de tortura, os sobreviventes deixaram suas opiniões e sugestões a respeito da supliciosa experiência. Um deles, que não quis se identificar – e, curiosamente, ninguém o fez – disse que o CNIS, sendo um sistema relativamente novo, não tendo ainda nem 20 anos, precisa de uns pequenos ajustes para se tornar funcional e solicitou, para isso, um prazo de uns poucos anos. Aguardemos com fé.

  Outro, aparentemente mais lúcido e sensato, concordou que o CNIS é aquilo mesmo que os servidores acham que é, porém,  por respeito aos leitores, vamos nos resguardar  de citar o pouco delicado vocábulo.

   Um terceiro que se pronunciou falou sobre a possibilidade de se criar um programa de milhagem em que os servidores iriam acumulando pontos a cada tentativa frustrada de utilização do CNIS e que seriam trocados por dias de folga, o que os levariam a suplantar as dificuldades do dia a dia com mais boa vontade.

  O último entrevistado, não se sabe se em sinal de camaradagem com os sofridos servidores da APS ou em defesa do fruto de seu trabalho, alinhou-se àqueles que desejam o retorno das 30 horas e declarou: - Não são necessárias oito horas para se fazer uma consulta ou uma atualização em nossos sistemas; seis horas são suficientes. Esperemos que, em breve, ele esteja certo.
                       

domingo, 2 de outubro de 2011

MOMENTO POÉTICO - ODE AO CNIS (ou ODEIO O CNIS)



Oh! Meu odiado inimigo CNIS
Por que você faz com que eu tenha
De digitar tanta informação
Como a matrícula, a senha
E o nome do cidadão
Para então negar-se a trabalhar?
Desta vez foi por um triz,
Já ia em meio a minha pesquisa...
E lá vou eu ter de novo de digitar
Toda aquela infortunada sequencia...
Por que não dá um sinal, não avisa
Vive a testar a minha paciência
E repito de novo e de novo
Todos aqueles dados
E já se aglomera o povo,
Ansioso e apressado
E olha o que você me fez
Acabou de me deixar na mão,
Vou ter que começar tudo outra vez...
CNIS, meu terrível tormento
Que transforma num suplício
Uma simples habilitação.
Quando chegará o momento
De eu conceder esse benefício
Que dizem que sai em meia hora,
Se você teima em não funcionar?
Já tem segurado indo embora
Porque não agüenta mais esperar,
E você não está nem aí para isso...
Vê se funciona, seu desgraçado,
Não me atrapalhe mais o serviço!
Filhote maldito da Dataprev  -
Outra vez você caiu!
Eu xingo o monitor e soco o teclado -
Para nada você serve !
Eu dou  gritos, alucinada,
Sistema miserável e vil!
Você quieto, não reage,
Sorte que não sou desbocada,
Se usasse a linguagem de Bocage,
A rima seria bem menos sutil...




domingo, 25 de setembro de 2011

TÉCNICAS DE SOBREVIVÊNCIA EM APS – 135



A Previdência Social oferece ao cidadão um canal remoto para que ele obtenha informações e faça agendamentos de benefícios sem  ter de se deslocar até uma agência do INSS.
O atendimento pelo 135, cuja ligação é gratuita para todo o país, à exceção de ligações feitas por celular, que aí já é abuso e desperdício de dinheiro público, é feito por atendentes terceirizados, altamente qualificados, com grande conhecimento de legislação previdenciária adquirida em sua fugaz passagem pela instituição.
O trabalho se caracteriza também pela boa vontade dos atendentes que acatam qualquer pedido do segurado fazendo todos os tipos de agendamento principalmente  para serviços que não são mais oferecidos como, por exemplo, simulação de tempo de contribuição, feito exclusivamente pela internet. Tal dificuldade é contornada com o  agendamento de qualquer outro benefício para o que o contribuinte apresente-se à APS, na hora aprazada, para ouvir diretamente do servidor do INSS que tal serviço é feito exclusivamente pela internet. Portanto, não se espante o colega se, algum dia, ao chamar um salário maternidade, apareça em sua frente um robusto senhor de meia idade cuja semelhança com uma parturiente reduza-se a uma exuberante pança proporcionada pela abundância de cerveja.  Ele colocará em seu guichê uma pilha de carnês e outra de carteiras profissionais e ficará indignado quando o servidor perguntar se ele pretende dar entrada no salário maternidade, benefício efetivamente agendado. E cabe ao infeliz servidor, sem o anteparo do anonimato nem de nenhum telefone, esclarecer, informar e acalmar o segurado, a essa hora irritadíssimo com a sua negativa em fazer a contagem de tempo por ele desejada.
Outro bom serviço prestado por esse canal remoto diz respeito à vanguarda da legislação quando o segurado obtém aprazíveis informações a respeito de cálculo de aposentadoria que ainda não foi e muito provavelmente nunca será implementado, como, por exemplo, que a soma de 50 anos de idade mais 10 de recolhimento perfazem 60 o que dá direito à aposentadoria por idade para as mulheres. Então, bem recomendada chega a senhora, sem idade mínima nem tempo bastante, e cabe a você, colega de lida e sofrimento, dar-lhe a má noticia, ouvir sua interlocutora argumentar que não obteve tal informação de um servidorzinho qualquer mas do 135, para então apaziguar seu chilique, secar-lhe as lágrimas e abanar-lhe a fronte.
Criado e incentivado pelos atendentes do 135  o Prevdente  consiste no “antes pecar por excesso que por falta” que faz com o cidadão compareça à agência munido de todos os documentos possíveis e imagináveis menos os indispensáveis para a obtenção do benefício pleiteado, como é o caso da viúva que, pretendendo dar entrada na pensão por morte do marido aposentado, traz, como solicitado pelo 135, todas as carteiras profissionais e carnês, tanto dela quanto dele, identidade, CPF, cartão do SUS, cartão de banco, carteira de vacinação, receita médica e remédio para tosse, esquecendo-se apenas da certidão de óbito do finado, porque não fora informada da necessidade de sua apresentação, de modo que é mais fácil a requerente deixar a agência  aposentada que pensionista o que, no fim das contas, não é de todo mau, embora inusitado.
Para neutralizar essa atrapalhada solicitude e elástica interpretação da legislação previdenciária sem que seja suspenso a atendimento telefônico, está sendo planejado a terceirização globalizada do serviço que passará a ser oferecido pelo 135000, localizado na China, o que em muito barateará o custo  do serviço além de não alterar substancialmente o seu resultado, a não ser que algum segurado entenda mandarim.

sexta-feira, 9 de setembro de 2011

TÉCNICAS DE SOBREVIVÊNCIA EM APS – O ESOTERISMO


      Um servidor do INSS precisa, para manter sua inssanidade em níveis aceitáveis, sem muitas crises e abalos emocionais, passar por cursos iniciáticos de variada complexidade, formando, a reunião de todos, uma doutrina secreta dominada por poucos e sábios mestres, que transmitem seus conhecimentos herméticos a uma meia dúzia de escolhidos.
O primeiro curso a ser ministrado ao iniciante é o de karma yoga ou a yoga das ações desinteressadas. Este deve ser o princípio básico da relação do servidor do INSS com a instituição, com os segurados, a chefia e os sistemas da DATAPREV. O colega deve colocar todos os citados itens à frente do seu salário que deverá ser visto apenas como o efeito de boas causas realizadas.  Um exemplo são os sistemas com os quais trabalhamos diariamente cuja questionável funcionalidade se sofistica a cada dia sem que isso implique em correspondente melhoria de acessibilidade e manuseio. Tomemos por base o novo mimo que nos foi ofertado, o CNISPF. Este maravilhoso e conciso sistema parte do princípio de que não se deve acertar um cadastro em uma tela e 10 cliques se o pode fazer em três telas e 300 cliques, em moderníssimo e refinado estilo rococó cibernético. À primeira vista, ou seja, antes de realizado o curso de karma yoga, o servidor pode ficar um tanto irritado com toda essa frescura para se acertar um cadastro, com tantas exigências desnecessárias, entretanto, depois deste primeiro diploma, estará completamente adequado ao seu destino, sofrendo as agruras do dia a dia com absoluto desprendimento.
Outro curso bastante interessante que compõe o currículo do servidor esotérico é o de Faquirismo, através do qual ele se tornará apto a trabalhar alheio a certas premências fisiológicas que tanto incomodam certos gerentes, como a alimentação, as idas ao banheiro e os cafezinhos, podendo renunciar, assim,  ao horário de almoço e outras mais necessidades comezinhas, economizando as duas horas que o servidor costuma gastar diariamente em suas idas e vindas até suas fontes de nutrientes e alívios, ampliando, sobremaneira, a carga horária utilizada para o efetivo trabalho.
O módulo mais avançando destas experiências místicas é o de paranormalidade que inclui, entre outros aprimoramentos dos sentidos,  a telepatia e a vidência. A primeira facilita muito o relacionamento como o segurado que chega a APS sem saber explicar o que ali veio fazer uma vez que a comunicação por pensamento dispensa a relação verbal. É de enorme utilidade para o servidor que está distribuindo as senhas já que saberá exatamente para que setor encaminhar seu interlocutor mental de modo a agilizar a fila e  sem incorrer em erros de direcionamento.
Já a vidência é muito importante em atendimentos em geral onde ajudará o servidor a enxergar aquilo que só o segurado consegue ver sem aditivos paranormais como tempo de contribuição que não consta em sistema nem em CTPS, documentos não apresentados, entre outros. Ao mesmo tempo que o clarividente servidor vê o inescrutável, deixará de perceber as evidências contrárias às necessidades do cidadão como inclusões indevidas de vínculos no CNIS.
Ao fim deste último e mais valoroso curso, poderá  o ilustrado servidor se perguntar se estaria na autarquia caso tivesse desenvolvido anteriormente o dom da premonição, porém, este é um pensamento que o bom senso aliado aos conhecimentos recém-adquiridos logo afastará de sua mente.

  

sexta-feira, 2 de setembro de 2011

TÉCNICAS DE SOBREVIVÊNCIA EM APS – O CONCURSEIRO FELIZ



O felizardo concurseiro do INSS que percorreu, não sem ansiedade, o longo caminho que vai do edital até a nomeação tem toda a razão de estar em estado de graça em seus primeiros dias de trabalho, principalmente por ter se livrado, pelo menos momentaneamente, do incômodo neologismo que, em vários casos, o relacionava diretamente ao desemprego. Esse maravilhoso período se resume em uma exagerada boa vontade em relação a todo ser vivente que  circule pelo ambiente de trabalho seja ele colega, segurado ou mesmo o auto-denominado “consultor previdenciário” e dura, normalmente, até o recebimento do tão esperado primeiro salário, impiedosamente gasto em poucos dias,  momento em que ele percebe que os honorários não são assim tão bons quanto ele imaginava, não tanto pelo valor como pelo seu alto custo, constituindo esse  o seu primeiro choque com a realidade.
A partir de então, já acostumado com a rotina diária, mas ainda mantendo a alegria de servir, de onde se origina o substantivo de sua profissão, o neófito já consegue fazer certas distinções entre os colegas, a reconhecer os segurados mais assíduos e a achar um tanto cansativa a presença insistente dos tais “assessores previdenciários”, os quais já denomina, mentalmente, com adjetivos menos elaborados e não muito lisonjeiros. 
Bem sabemos que ninguém nasce com a vocação para servidor público desde as priscas eras em que o mesmo era representado em sua repartição apenas por um paletó  envolvendo o encosto da cadeira, que podia lá ficar por dias sem que se desse pela ausência de seu proprietário. Bons tempos aqueles... Hoje  os funcionários públicos, com invejáveis exceções, trabalham. E os servidores do INSS lotados nas agências trabalham em dobro uma vez que não podem ser divididos ao meio sem considerável perda de sua capacidade laborativa, o que facilitaria em muito a alocação do mesmo em mais de um setor de atendimento.
Depois de um semestre de luta contra os sistemas rebeldes que só funcionam quando e como  desejam  acrescidos às dificuldades de se lidar com uma clientela de variada complexidade e uma legislação em constante mutação, o servidor já está achando que precisa de um aumento – salarial, que o de trabalho é constante. Esse é o início da crise dos seis meses também conhecida como “as ilusões perdidas”. É nessa etapa de vida laboral que o servidor tem que se precaver para não se tornar um desiludido trabalhador e se identificar com os colegas mais antigos. Aconselha-se, então, a começar imediatamente um trabalho de recuperação da estima profissional enfrentando, com honra e galhardia, os problemas diários. Nessa fase inicial da crise abstenha-se de remédios controlados, use apenas,  e até quando for possível, calmantes fitoterápicos.
Se, ao completar um ano de serviços prestados à valorosa autarquia, ao invés de cederem, as tentações de esmurrar o computador ou, caso crítico, um segurado ou o seu equivalente representante, tenham quase se tornado irresistíveis, está na hora de procurar ajuda em algum comprimido mais eficaz. Não o arsênico, não cheguemos a tanto. Essa fase se denomina “as ilusões irremediavelmente perdidas”. É um período que se pode considerar definitivo na vida de um servidor do INSS. Ela se caracteriza, inicialmente, por consulta aos jornais de concursos públicos ou uma intensa vontade de tentar algo novo como, por exemplo,  virar camelô ou vendedor de amendoim em ponto de ônibus. Segue-se, então, um período de revolta, em que nenhum aumento salarial, nenhuma promessa amaina e o desejo de fuga e liberdade  o persegue constantemente como a um presidiário. E é esse significativo momento, em que ele passa a concordar com todos os detalhes descritos no presente manual,  o mais apropriado para dar uma reviravolta em seu destino.
Passada essa terrível fase, caso não tenha sucumbido à tentação de abandonar tudo,  o servidor já terá alcançado a estabilidade após os três anos de estágio probatório, e adentra a fase do desânimo, onde ainda se questiona, mas já com menos desespero, se vale mesmo a pena fazer outro concurso e talvez encontrar iguais dificuldades e frustrações e se teria forças para pedir uma exoneração e se aventurar por profissões mais lucrativas embora arriscadas. O servidor permanece nesta etapa por variável período de tempo, em permanente crise existencial, até passar à fase definitiva, a do marasmo absoluto, onde concorda com tudo, não discute, não questiona e não reclama tendo como objetivo unicamente a aposentadoria  e a liberdade que a acompanhará.