sexta-feira, 23 de março de 2012

                                        INSSaNews

Resolução 2035 de 23 de março de 2012
     O Grupo de Trabalho dos INSSanos (GTI), presidido pela excelentíssima servidora Dona Conceição, após minuciosos estudos e profundas análises, através da Resolução Inócua 2035 de 23-03-2012,  decide:
  1. Exonerar o SISREF e abrir licitação para a escolha de outro sistema de ponto uma vez que o atual não corresponde às necessidades básicas dos servidores como coerência, assiduidade e pontualidade, já que costuma modificar a jornada de trabalho do servidor de uma hora para outra, resultando em saldo negativo ao fim do dia; nem sempre está no ar e faz alterações aleatórias nos horários de entrada e saída, levando o servidor a uma preocupação constante com essas irresponsáveis mudanças, nunca sabendo, ao certo, se cumpriu a carga horária obrigatória.
  2. Eliminar os atendimentos de demanda espontânea fazendo com que os mesmos  sejam todos agendados. Só desta forma o segurado irá retirar no banco o extrato de rendimentos, também conhecido como “papel para viajar” ou correrá o risco de ter que pagar a passagem se o agendamento para tal serviço estiver  indisponível. Então, aprenderá também a fazer cálculo de atrasados e pegar extrato para imposto de renda pela internet. Assim, eliminando 80% dos atendimentos 
diários, sobrará tempo e servidores para se trabalhar     o      acervo, acabando com os processos represados e garantindo a GDASS integral.
  3. Criar um grupo de apoio ao segurado dependente, já que não haverá mais a possibilidade de o cidadão passar o dia inteiro na agência e, portanto, deverá ser orientado a ocupar o tempo de modo mais produtivo. O Segurados Anônimos se encarregará de fazer terapia em grupo além de criar oportunidades lúdicas e compensatórias como torneios de gamão e cursos de como dar milho aos pombos de forma econômica e eficaz.
   4.  Instituir o Plano Instantâneo de Carreira (PIC). Através do PIC os servidores aprovados no último concurso, tão logo nomeados, passarão a exercer a função de supervisor, recebendo a excelente gratificação correspondente, trabalhando amplas e agradáveis oito horas diárias enquanto os atuais ocupantes do cargo serão destituídos, perdendo, inclusive, seus atributos horários, trabalhando apenas seis horas por dia.
   Essas determinações entram em vigor a partir da data de sua publicação.






 Presidente do GTI

sexta-feira, 16 de março de 2012

TÉCNICAS DE SOBREVIVÊNCIA EM APS – OS SEGURADOS


Para uma boa e salutar execução do serviço é necessário que o servidor conheça o tipo de segurado que está atendendo com o objetivo de adaptar o atendimento ao atendido e, com isso, evitar a exposição a qualquer dano físico ou mental.  Em outras palavras, a cada qual segundo seu comportamento. Nada de esforços vãos, nenhuma perda de tempo desnecessária ou discussão inútil. Bem interpretados, os segurados perdem grande parte de sua periculosidade, assim, vejamos:
Os segurados classificam-se de acordo com variados aspectos, a saber:

1.      Quanto ao grau de tolerância à realidade:
a.       Realista – Compreende  quando o servidor lhe informa que ainda falta algum documento para a conclusão do serviço desejado e procura obter explicações a respeito do fato.
b.      Mimado – É aquele segurado que não suporta ser contrariado principalmente quando a fonte de sua informação é um veículo altamente confiável como o rádio, o jornal ou o 135. Não adianta o servidor explicar que ninguém se aposenta com apenas dois anos de contribuição se o locutor alienado de uma estação de rádio qualquer afirmou o contrário. Como essa espécie de segurado é preciso ter muito cuidado. Ele só espera um motivo para inferir que você não está respeitando seus direitos, que o está destratando ou coisa que o valha. Não discuta com ele, concorde com tudo, habilite o benefício e não esclareça mais nada. Aos ignorantes, a ignorância.
c.       Chantagista – É o tipo que começa a se lamentar tão logo é informado que não tem direito ao benefício desejado. Começa a dizer que é um infeliz, chora, reclama que tem pressão alta e, se você não o detiver, é capaz até de sofrer um enfarto na sua frente só para fazê-lo sentir-se culpado. Logo aos primeiros lamentos, mantenha-se em silêncio. Ou leve a solidariedade ao extremo, conforte-o, deplore a sua sorte, chore também. Ele não vai receber o benefício mas, pelo menos, sairá mais consolado.


2.      Quanto ao nível de impostura:
a.           Sincero – Tomemos com exemplo um LOAS idoso para ilustrar este item. A senhorinha chega acompanhada do esposo e revela que ele é aposentado. Ao tomar conhecimento de que isso é impedimento para que ela obtenha o benefício, ela aceita e desiste de dar entrada no mesmo e vai embora sem fazer drama.
b.          Loroteiro – A mesma senhorinha, quando indagada se é casada, olha para o marido, fica em dúvida do que responder e espera que o servidor prossiga para ver o que deve falar a fim de não colocar obstáculos diante de seu objetivo. Ao saber mais detalhes afirma que o acompanhante é seu vizinho, que, embora casada, não tem notícias do marido há trinta anos, informações facilmente desmentidas com uma análise mais apurada dos fatos.
c.           Mitômano – Igualmente interpelada, a senhora nega conhecer a pessoa que a acompanha, afirma, inclusive, ter vindo absolutamente só. Diante do olhar incrédulo do servidor ela afirma que aquele homem deve ser um ladrão ou um tarado visto ser a primeira vez que ela o vê na vida. Continua sua história dizendo que desde jovem é muito doente e enumera tantas e conjuntas doenças que, se verdade fosse, já há muito teria falecido; que foi abandonada pelos onze filhos, mesmo aquele que paga as suas despesas  e cujo nome ilustra a conta de luz que ela está apresentando para comprovação de domicílio; que passa fome, apesar da exuberância adiposa que exibe entre outras mais mentirinhas.


3.      Quanto ao grau de urbanidade:
a.       Civilizado – É aquele segurado que, depois de esperar duas horas para ser atendido, ainda consegue ser cortês com o atendente.
b.       Domesticado – Este cidadão é um daqueles que olha atravessado para o servidor que está há mais de um minuto sem atender ninguém, que resmunga com o companheiro do lado e que olha para o relógio a todo o momento. Ele deve ser tratado com muita cautela pois seu controle é rígido, porém, instável e qualquer imprevisto durante seu atendimento pode desencadear um crise de conseqüências imprevisíveis.
c.       Troglodita – Este delicado espécime, depois de passar horas reclamando em voz alta, gritando ao celular e chamando os servidores de vagabundos, costuma, à guisa de bom dia, gentilmente soltar uma amenidade tal como “depois vocês levam um tiro e não sabem porquê”. Com tipos assim, não perca seu tempo, exiba, você também o seu lado selvagem dê um certeiro golpe de tacape no coco do meliante. Esta atitude temerária tem três aspectos positivos: você se livra imediatamente do problema, serve de exemplo para os demais segurados e ainda consegue um afastamento para tratamento psiquiátrico.


sábado, 3 de março de 2012

TÉCNICAS DE SOBREVIVÊNCIA EM APS – OS PENSADORES

A citação de um sábio e popular filósofo nacional, não dos mais otimistas, há de se convir, nem sempre pode servir para ilustrar a vida funcional de um servidor do INSS. Mestre Tiririca, ao pronunciar seu célebre axioma - mais famoso ainda por ser o único que outro não disse e nem este a ele se deve a autoria - provavelmente não previa seu uso além dos limites do próprio interesse. Em termos de APS, pior que está sempre pode ficar. E fica. Diríamos até que, filosofando em superficiais profundezas, tal qual o judicioso acima citado, nada é tão bom que não possa ser ruim. Analisemos o tão esperado retorno à jornada de trinta horas semanais a fim de comprovar nossa proposição:
1. Se não se der conta de atender todo aquele povaréu que assoma à agência, impiedosamente estaremos condenados a voltar a trabalhar oito horas. E a matemática hesita em fechar as contas de uma regrinha de três composta em que servidores trabalhando duas horas a menos e a agência aberta duas horas a mais equilibrem a uma demanda crescente. Enquanto há porta aberta, há gente entrando. Entretanto, encaremos o fato com profunda confiança e total otimismo, afinal, segundo o Paradoxo de Murphy, “Fazer as coisas de maneira mais difícil é sempre mais fácil”.
 2. Poderia se imaginar que, uma vez diminuindo a carga horária e ampliando o período de atendimento, haveria menos tempo para se analisar os benefícios, o que sugeriria uma alteração das metas a serem cumpridas, o que não ocorreu. Evidentemente não se deve ver nisto indício de má vontade para com os servidores, apenas um sutil erro de reflexão uma vez que são mesmo tortuosos os caminhos do raciocínio. Aqui caberia citar a Máxima de Manly que diz que “A lógica é um método para chegar a uma conclusão errada com absoluta confiança”. Nada premeditado, portanto.
3. Isto posto, temos um problema. Ou vários. Já que a autarquia não costuma  ser muito pródiga em nomear novos servidores, a primeira coisa que se pensa é em repatriar aqueles colegas que pediram asilo nas dependências da gerência em total concordância com a Lei de Lynch que garante que “Quando as coisas pioram, todos vão embora”. Logicamente, todo mundo reluta em perder a tranquilidade que reina nos andares de cima. E aí se desemboca na Lei de Savareid que afirma  que “A principal causa dos problemas são as soluções”. Esperar pela boa vontade do colega para dividir o seu calvário é algo totalmente inútil. Conforme a Lei de Mencken  “Para cada problema na humanidade existe uma solução simples e clara, e está será sempre a solução errada”.    
Enquanto não se descobre a resposta mais vigorosa e eficaz para seus aflitivos e  insolúveis problemas,  o servidor contemplado com a redução da jornada se desdobra, chega mais cedo, faz serão, participa de mutirões nos fins de semana, já que, em conformidade com a Lei de Parkinson “O  trabalho expande-se de forma a preencher todo o tempo disponível para a sua conclusão”. Enfim, para garantir as 6 horas diárias ele não hesita em trabalhar 50 horas por semana, contrariando completamente o princípio da contradição de Aristóteles segundo o qual “Uma coisa não pode, a um só tempo, ser e não ser”.
De qualquer forma, aproveitemos este período sem prazo determinado de menor carga horária como se ele fosse um doce que a qualquer momento nos pode ser tirado da boca. É uma bala que deve ser chupada com o papel para que, mesmo que não experimentemos todo o seu sabor, ela nunca se acabe. 

sexta-feira, 24 de fevereiro de 2012

INSSaNews

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TROCA-TROCA *
   Se você acha que é dureza trabalhar oito horas na logística ou no RH, aproveite esta excelente oportunidade de permuta e venha trabalhar na APS por apenas 6 horas ao dia! Excelente ambiente de trabalho! Clientela selecionada! Computadores e sistemas de última geração! Amplo horário para refeições! Garanta já a sua vaga!

*Aprovado  por Dona Conceição




SERVIÇO DE CRECHE
  Senhor segurado, não deixe suas crianças ficarem correndo e gritando pelo salão enquanto aguarda sua vez de ser atendido. Tenha momentos de paz e tranqüilidade utilizando-se de nossos serviços que são oferecidos inteiramente de graça. Creche Tio Herodes - Cuidamos de seu filho como ele merece!



Urgente !
Passa-se função de supervisor. Paga-se bem.



CONCURSO PÚBLICO

 Dê um basta nessa dura vida de trabalhador. Faça o concurso para segurado e passe para o  lado de fora do balcão. Confira as vantagens:
Horário flexível (apareça quando quiser, mesmo sem  motivo algum, o importante é lotar a agência);
Liberdade de expressão (ofensas, ameaças e palavrões liberados, os servidores estão aí para ouvi-lo pois é você quem paga o salário deles);
Ambiente familiar (traga as crianças, os vizinhos e toda a parentada, o INSS é o seu segundo lar).



ARTESANATO
 Aprenda a proteger seu material de trabalho. Se você já não suporta mais ver segurado que, para fazer um requerimento, busca inspiração chupando a sua caneta como se ela fosse um pirulito, nós temos a solução. Confeccione um enfeite de lápis divertido. Pegue uma bola de isopor de três centímetros de diâmetro, faça uma pequena perfuração para adaptá-la à parte de cima da caneta e atravesse-a com uma boa quantidade de alfinetes de modo que fique semelhante a uma clava da idade média, como a ilustração ao lado. Sua caneta imediatamente deixará de ser apetitosa e você se verá livre do segurado babão.

CADEIRAS ESPECIAIS *

Mantenha o seu cliente tranqüilo e confortável na cadeira de pernas retráteis. Design exclusivo! Com controle remoto! Possui quatro graduações (estável, segurado mala, acompanhante e atravessador)!


*Temos também modelos de inspiração medieval e cadeiras elétricas de diversos tipos.

sábado, 11 de fevereiro de 2012

RECADO PARA OS CONCURSEIROS


Para todos aqueles que irão amanhã fazer o concurso do INSS, eu desejo boa sorte.  Gostaria que todos passassem para que a gente pudesse dar conta de todos os processos represados aguardando análise. Infelizmente, só muito poucos deste total é que obterão a fortuna de participar deste quadro de servidores tão entusiasmados pela profissão (principalmente em período de férias), tão reconhecidos pela sociedade (com exceção daqueles que nos ameaçam de morte mas que são raros, não passam de quatro ou cinco por mês) e com o respaldo de tão competentes sistemas, caso emblemático do CNIS.
Para aqueles que, infelizmente, não alcançarem o sucesso neste concurso, recomendo a releitura total do blog para que vejam do que escaparam. Aos felizardos recomenda-se um afastamento pontual até que, passados os tempos de beatitude, surjam os primeiros indícios de concordância com os textos aqui publicados. Esse período leva cerca de seis meses findos os quais o novo servidor começará a lembrar, espontaneamente, de uma ou outra coisa lida por aqui. Então poderá retomar sua leitura pois terá dado início à própria inssanidade.
Apesar de tudo aqui exposto, a INSS tem também muitos pontos positivos e gratificantes além do salário e da estabilidade. Ouvi isso da boca do gerente da minha GEX no dia em que tomei posse. Então, repito aqui para vocês para que, tão logo as identifiquem, me avisem quais são, pois até hoje, talvez por falta de percepção mais atenta, ainda não as localizei.
Todos aqueles que se mantiveram firmes no propósito de passar no concurso mesmo acompanhando os nocivos capítulos deste manual poderão solicitar seu certificado de conclusão de curso que substitui o laudo de sanidade mental emitido por um psiquiatra já que, ou são muito loucos para exporem assim a um futuro tão tenebroso, ou são tão sãos a ponto de não se abalarem com o que leram. De qualquer forma, tanto faz, pois, no final das contas, todos irão ficar inssanos do mesmo jeito.
Bom, agora falando sério, esse blog é totalmente ranzinza mas não é feito de má-fé, para assustar os candidatos ao concurso nem para falar mal da totalidade dos  segurados (só uma mínima parcela deles é que merece uma língua afiada); é apenas um clube onde os servidores do INSS se entretém com as peculiaridades do trabalho e para o qual vocês foram convidados pela possibilidade de fazerem parte efetiva deste grupo. Então, vamos lá! E aqueles que não conseguirem o seu intento agora, não desanimem, outros concursos virão embora em nenhuma outra instituição vocês encontrarão um blog que os represente com tanta fidelidade e azedume.  Isso eu ‘agaranto’, huahuauhauhauhahuu

BOA SORTE!

sexta-feira, 3 de fevereiro de 2012

TÉCNICAS DE SOBREVIVÊNCIA EM APS – O ACOMPANHANTE


Hoje iremos tecer algumas considerações sobre aquele espécime supérfluo que contribui para o acúmulo desnecessário de pessoas nas agências da Previdência Social que é o acompanhante do verdadeiro interessado. Vamos, portanto, desvendar o mistério da multiplicação de segurados numa APS.
1 - Existem dois tipos de acompanhantes: o sem fins lucrativos, representado por maridos, esposas, filhos, amigos e vizinhos  e o profissional, também autodenominado “assessor previdenciário”, mais conhecido como catador de papel e que sempre ouve o tilintar de cifrões diante de um possível freguês.
2 – Enquanto os segundos comparecem ao atendimento de seu cliente apenas para marcar presença e garantir o próprio lucro, os primeiros se esmeram em orientar os pupilos. Ambos se dedicam a traduzir o que o servidor diz em palavras mais simples de modo a facilitar o diálogo entre as partes. Por exemplo, quando o servidor diz: “Dona Maria, me empresta sua identidade e seu CPF” o acompanhante intervém e fala: “Dona Maria, empresta a identidade e o CPF para o moço”, evitando, assim, qualquer possível mal-entendido.
3 – O acompanhante sempre chega ao destino antes do real interessado. Como um desbravador ele percorre a agência em busca da mesa que chamou a senha  conduzindo com segurança o seu protegido até o lugar indicado. Uma vez ali, responde à todas perguntas feitas ao segurado antes mesmo que ele possa esboçar um início de resposta; acompanha, passo a passo o atendimento, oferecendo esclarecimentos absolutamente desnecessários; questiona a legislação por julgá-la injusta  e, ao final, dá permissão ao seu tutelado para assinar documentos, após análise e aprovação do texto, não sem antes pôr em dúvida algum detalhe do mesmo. Ao ir embora, dá um sorriso de triunfo imaginando que nada daquilo teria acontecido em sua ausência.
4 – Engana-se aquele que  imagina que a pessoa em questão é convidada pelo requerente a fazer-lhe companhia. Pelo contrário, ao saber que o parente, amigo do parente ou vizinho do amigo do parente vai até o INSS em busca de um benefício, ele se propõe a ajudá-lo com o magnânimo propósito de protegê-lo dos maus-tratos a que provavelmente será submetido pelos servidores da malvada autarquia que nega uma aposentadoria até mesmo para aquele que, segundo seus cálculos, já tem mais de 150 anos de contribuição.
5 – Os acompanhantes também podem vir em grupos distintos e que se classificam em  escolta e  filharada. A primeira composta, costumeiramente, de dois a cinco integrantes, acompanha um requerente que não tem direito ao benefício e o faz com a sutil intenção de intimidar o servidor a fim que ele olhe a realidade por outro ângulo nem que para isso tenha que levar um direto no queixo. O lado masculino do aparato costuma se postar à volta do cidadão, de braços cruzados sobre o peito e com cara de ‘te pego lá fora’, As mulheres, mais comunicativas, utilizam-se de uma interpretação livre da lei  adequando-a aos interesses do requerente, nem sempre no tom de voz considerado apropriado ou com vocabulário elegante.

6 -  Muitas mães, ansiosas por um benefício assistencial que provenha a si e  à prole, levam a escadinha toda entre 6 meses e 13 anos, em média, onze degraus, com a finalidade de comover o atendente. Enquanto o colega cadastra aquele monte de crianças, uns correm, outros pulam, todos gritam e o menorzinho, sem poder participar da brincadeira, expressa-se fisiologicamente, enchendo a fralda e empesteando o ambiente. Consultando o CNIS verifica-se que a requerente não teve outro trabalho a não ser o do parto mas honras lhe sejam feitas porque não é pouca coisa colaborar com tal vigor para o crescimento populacional.
7 – Para que o servidor sobreviva a todos esses contratempos é bom que ele também tenha lá um acompanhante ou uma comitiva, conforme o caso, que possa neutralizar o ataque  alheio. Sempre é bem-vindo aquele colega que se posta ao lado do companheiro e, caneta e papel na mão, começa a fazer uma sutil e insistente entrevista, perguntando o motivo de sua vinda, grau de parentesco com o segurado, o objetivo de tantas perguntas e pedindo os seus documentos para uma posterior averiguação, de forma a reverter a pressão exercida a principio pelo outro lado. Se, com essas providências  o  camarada não ir embora alegando alguma urgência, pelo menos ficará menos agitado.



sexta-feira, 20 de janeiro de 2012

INSSaNews

    Sumiço do CNIS intriga 
                servidores

   Na segunda-feira passada os servidores do INSS foram gratamente surpreendidos   com a ausência do ícone do CNIS em seus computadores. Em vão procuraram o principal apetrecho de tortura da Dataprev em sua área de trabalho e em outros locais do computador mas não o puderam localizar. Este fato, é bom que se diga, não suscitou nenhum sentimento de perda, apenas curiosidade e alívio.
O vigia não viu nada
   Na terça-feira, para delícia dos servidores das APS de todo o país, o sumiço permanecia sem solução nem pistas do que gerara o fato. Então, prontamente, o INSSaNews destacou um repórter que foi até a sede da Dataprev informar-se do acontecido. Para o seu espanto, nosso enviado adentrou a instituição sem que ao menos o visse o vigia de plantão, que dormia, com as pernas esticadas sobre uma mesa, ao lado de uma caixa de rosquinhas e algumas latas de cerveja, realizando o que parecia ser a siesta já que pouco passava das duas horas da tarde. Assim, sem mais impedimentos, foi o mesmo se encaminhando para o interior até que encontrou uma sala onde um grupo de servidores jogava carteado, acompanhado de animada torcida. Informados por nosso agente de que o CNIS estava desaparecido desde o dia anterior, alguns se assustaram, outros, menos informados, quiserem saber “quem é esse tal de CNIS?”. A questão, apenas um disse saber ao certo do que se tratava a sigla  mas como estava em vantagem no jogo, deixou os esclarecimentos para mais tarde.
  Quando, enfim, o nosso correspondente teve acesso às gravações da câmera de segurança, pôde observar que no domingo anterior    ao    sinistro,    enquanto  o vigia,
adormecido com as pernas em cima da mesa, refazia-se dos esforços da semana precedente, um vulto negro, vestido com algo semelhante a uma burca, entrou e, uma hora depois, quando o guarda ainda ressonava, saiu, carregando um embrulho debaixo do braço, caracterizando, desta forma, o sequestro do formidável sistema de cadastro.
Imagem captada pela câmera
de segurança

   Assim a que as imagens vieram a público, sem que ninguém dela suspeitasse, Dona Conceição ligou para nossa redação para informar que, apesar da semelhança física, a pessoa que usava burca não era ela. Façamos um esforço por acreditar nas palavras desta conceituada servidora.
  Como todo sequestro tem por finalidade a arrecadação de dinheiro, o do CNIS não foi diferente e recebemos diversas mensagens e telefonemas exigindo a quantia de um milhão de reais para que o famigerado sistema não retorne aos computadores. Ficamos felizes em informar que a quantia arrecadada entre os servidores já ultrapassa a requerida e o débito, em breve, será quitado.
  O roubo do sistema foi tão bem recebido entre os trabalhadores das agências da Previdência Social que já há diversos pedidos para que o seqüestrador livre-os do SISREF, de determinados assessores previdenciários, também conhecidos como catadores de papel, e de inúmeros representantes da chefia. Acompanham os pedidos, valores expressivos em cheques e papel-moeda de modo a não atrasar o serviço almejado. Participe você também desta formidável iniciativa e faça um servidor feliz.
   

domingo, 8 de janeiro de 2012

TÉCNICAS DE SOBREVIVÊNCIA EM APS – A INSSANIDADE



        Na lição de hoje iremos conhecer as fases por que passa o novo servidor do INSS até que ele se transforme num autêntico inssano, quando passa a se questionar por qual intuito foi forçado a fazer um teste de sanidade mental antes de assumir o seu posto na autarquia.
        A primeira etapa desta nova vida é a do atordoamento. O novato, imbuído das melhores intenções, de toda a boa vontade, disposto a tudo aprender e a todos obedecer, recebe, como primeira missão, a fácil tarefa de sentar-se junto a um colega de determinado setor para ir se ambientando e aprendendo a atender o público. Ele ouve a demanda dos segurados, observa o servidor abrindo ou tentando abrir uma variedade aberrante de sistemas, tem o seu primeiro contato, ainda que a uma distância segura, com o CNIS, o reconhece pela  inúmeras e infrutíferas tentativas de acesso e os resmungos do colega e não entende nada do que está se passando à sua frente. São tão variadas as solicitações, tantas telas se alternando, que, ao final do dia, tem dificuldade até de saber para que lado da cidade fica a própria casa.
Nos dias seguintes a história se repete, só que em outro setor, com outra demanda, mais confusão na cabeça do recém-empossado servidor que nada compreende e que sequer consegue fazer anotações coerentes naquela caderneta que com tanta esperança adotou para acomodar suas observações. A esses dias de aturdimento seguem-se as primeiras noites de insônia, onde ele é assombrado pelas situações vividas durante o horário do trabalho.
Bem no meio desse período desastroso em que o neófito amanhece com cara de vampiro que dormiu com a luz acesa, é que seu chefe, muito satisfeito, o informa que ele já está apto a atender o povo tendo, logicamente, um suporte que lhe ajudará em suas dúvidas, representado por seu vizinho de mesa que se ocupará dele ao mesmo tempo em que se empenhará de seus próprios atendimentos. É neste exato momento que o pobre coitado inaugura a fase do pânico, também conhecido como batismo de fogo. Costumeiramente, ele é lançado no setor supostamente mais simples, o OI (orientação e informação) – totalmente desorientado e sem bagagem alguma de informações a oferecer.
          Resignado e suando frio, o assustado servidor faz seus primeiros atendimentos, custa a entender o que o segurado deseja, quando entende a pergunta não sabe a resposta, pede socorro ao colega e só muito lentamente vai adquirindo firmeza e tranquilidade, aprendendo o serviço e tornando-se autossuficiente. Neste estágio, tendo que tomar para si a responsabilidade do que faz, começa a fazer uma e outra besteira mas só se dá conta delas no meio da noite, quando acorda assustado, lembrando daquilo que se esqueceu de fazer. Ou não. Então, adentra a fase da neura. Será que preencheu corretamente aquela certidão? Será que assinou o que não devia? Ou será que não assinou o que devia assinar? Mesmo sabendo que a quase totalidade dos erros cometidos podem ser corrigidos, a dúvida e a angústia corroem sua noite e o fazem se revirar na cama durante horas por achar ter praticado um equívoco imperdoável e essas preocupações o acompanharão por muito tempo ainda, provavelmente a vida inteira.
Esse quadro, a mais das vezes, descamba para uma fase obsessiva em que o inexperiente servidor confere inúmeras vezes o próprio trabalho para ver se não se esqueceu de nada. Num processo de aposentadoria, por exemplo, conta e reconta o tempo de contribuição umas dez vezes antes de finalizá-lo. E o pior, o faz mais algumas vezes depois de pronto pois nunca fica plenamente convencido de ter feito tudo certo e chega ao ponto de não parar de pesquisar erros até que encontre algum. Então entra em depressão achando que é incompetente, que faz tudo errado mesmo sendo o engano insignificante, não interferindo no resultado final da análise do processo.
         Outro grande causador da falência mental do servidor e elemento mais citado neste manual, são os sistemas da Dataprev, em especial o CNIS. Apenas a insistência neste tema no presente blog já comprova a influência deletéria que os mesmos exercem sobre os servidores do INSS e  que os conduz, diante de seu inevitável uso, a dois quadros igualmente perigosos: a catatonia, que leva a uma paralisação da vontade e dos sentidos, deixando o paciente inerte diante da iminência de ter que acessar o sistema, ou uma crise psicótica onde o servidor joga longe o monitor, chuta tudo o que vê pela frente e sai gritando pela agência até ser detido e encaminhado para o manicômio mais próximo. Logicamente há variações sutis e quase imperceptíveis desses ataques, com menos danos físicos, entretanto, com os mesmos efeitos mentais.
           Felizmente para o servidor e para a saúde pública em geral, a natureza busca sempre uma cura para os seus distúrbios. É evidente, no entanto, que uma pessoa acometida sucessivamente por tais assédios psicológicos não pode retornar sem algumas pequenas sequelas à vida normal. É, então, que o servidor se torna um verdadeiro inssano, um ser ligeiramente alienado, que fala sozinho, ri sem motivo, costuma ter com seu colega, vítima dos mesmos males, uma agradável, porém, desconexa conversação, e, melhor que tudo, já não se importa mais com as cobranças feitas pela chefia, pelas acusações dirigidas por certos segurados, pela inacessibilidade dos sistemas ou por qualquer outra ameaça de que seja objeto. E assim, por via um tanto canhestra, o servidor readquire o equilíbrio mental. Ou não.

sábado, 31 de dezembro de 2011

                               INSSaNews

             Previsões para 2012   


    O INSSaNews, sempre preocupado com o bem estar do servidor do INSS, enviou repórteres a diversas partes do Brasil e do mundo para saber o que dizem os mais famosos profetas em relação ao futuro dos nobres colegas.
     O tarot de Mãe Dinah revelou que a conflituosa relação dos servidores com os sistemas da Dataprev terá, no ano vindouro, momentos de estabilidade. Evidentemente mais da parte do esforçado servidor,  do que da dos programas em questão que estes permanecerão em sua instabilidade habitual. Não surgirão novidades agradáveis, finalizou Mãe Dinah, sugerindo assim que o SIBE não nos trará  satisfação em futuro próximo.
   Já os búzios de Pai Jeremias predizem um ápice de sucesso profissional que virá através de sucessivas aposentadorias e de exonerações a pedido. Em contrapartida, aqueles que insistirem em permanecer em atividade ao longo do ano, sofrerão reveses incontornáveis como aumento de trabalho, fadiga, desespero, loucura etc... Inquirido a respeito de que exatamente se compunha o tal do etc, o babalorixá negou-se a responder, o que gerou uma razoável inquietação e maior desconfiança a respeito do que vem por aí. 
  Já em terras estrangeiras, nossa reportagem  tentou  entrevistar  o  polvo  alemão    que    definiu
  

os rumos da Copa do Mundo do ano passado. Encontrou-o em estado de óbito, abraçado a duas caixas de mexilhões, uma representando o CNIS e o outro o novo brinquedinho da Datapev, o SIBE.Atormentado pela dúvida de qual dos dois causará mais dano ao servidor em 2012, faleceu o molusco profeta levando para o túmulo o fatídico segredo.
   Em nossa passagem pela Grécia, tentamos entrevistar o Oráculo de Delfos que se limitou a dizer, enigmaticamente: “Ou você SABI ou você SIBE” e mais não disse antes de exigir sua aposentadoria, muito merecida, aliás, após milênios de bons serviços prestados e as muito más condições econômicas atuais de seu país.
  Assustadora também é a profecia de Nostradamus que, em uma de suas centúrias dedicadas ao servidor, afirma: “O que nunca funcionou, jamais funcionará, e cada nova criatura do cruel criador, será pior que a anterior e ninguém se salvará”.
  Felizmente, para contrabalançar tão terríveis predições, encontramos algum conforto no México, sob os auspícios maias que revelaram que o SIBE não entrará em ação em tempo hábil uma vez que o mundo acabará no próximo 21 de dezembro. Pelo menos dessa tragédia nos livraremos e ficaremos aliviados por saber que não será esse sistema o causador do fim do mundo. O culpado será mesmo o CNIS.

domingo, 11 de dezembro de 2011

TÉCNICAS DE SOBREVIVÊNCIA EM APS – PRESENTES DE NATAL


Contrariamente ao que pensa a exemplar servidora Dona Conceição, a tecnologia não deve ser repudiada pelos servidores do INSS, ao contrário, ela pode e deve ser utilizada em seu favor, como demonstra, a seguir, a lista de presentes utilitários que você poderá pedir ao Papai Noel neste Natal.
O primeiro exemplo dos benefícios tecnológicos é o SISREF AUTOMÁTICO PRÉ-AJUSTÁVEL que permite que o servidor programe o ponto eletrônico mantendo sempre em dia sua presença e cumprindo sistematicamente os seus horários de entrada, almoço e saída, sem a necessidade de se fazer assíduo no ambiente de trabalho. Encontrado nos modelos mensal, semestral e anual, os dois últimos a disposição apenas dos servidores da gerência porque peão tem que ralar.
Um outro excelente produto é o DETECTOR DE MENTIRAS PARA LOAS E PERÍCA MÉDICA. Este incrível dispositivo analisa com rigor científico as  palavras do cidadão e de seu acompanhante, identificando as menores mentiras, mesmo as dos mais talentosos atores que costumam freqüentar as agências da Previdência Social. De acordo com a quantidade e concentração da lorotas reveladas, o sistema emite uma carta de exigência de sucinto teor – provar a veracidade das declarações – ou indefere automaticamente o pedido. De grande utilidade também para entrevistas rurais e JA.
Imprescindível em qualquer APS é a CLASSIFICADORA DE SEGURADOS. Este simples mecanismo é adaptado ao computador que fornece as senhas e, automaticamente, de acordo com a voz do segurado, o classifica em legal, chato, muito chato e insuportável, imprimindo, na própria senha, um código adequado ao seu status. O servidor, ao receber a senha, toma imediata ciência e adéqua seu atendimento ao tipo do cidadão, evitando um possível embate e seu conseqüente trauma. Não irá, por exemplo, dizer ao segurado insuportável que ele não tem tempo suficiente para se aposentar ou que já passou o período em que podia pedir revisão, entre outras coisas. Não dará nenhuma informação, embora útil, mas que seja desagradável poupando-se de ouvir broncas desnecessárias.
Em irresistível embalagem vêm as PASTILHAS TRANQUILIZANTES DE SEGURADO AGITADO oferecidas àquele contribuinte que fica fazendo uma pergunta atrás da outra enquanto o servidor tenta habilitar o benefício. Normalmente ele chega com uma lista de indagações de amigos e parentes e quer que você acabe com  todas as suas dúvidas a respeito dos mais variados temas ou fica contando os dramas da sua vida como se estivesse em um programa vespertino de televisão. A deliciosa pastilha calmante acaba de imediato com o falatório inútil pois provoca pequenos efeitos colaterais, concordantes com os sabores disponíveis que são soluço, tosse, engasgo e rouquidão. Enquanto ele se entretém com esses sintomas, que duram apenas trinta minutos e não deixam seqüelas,  o servidor pode trabalhar com tranqüilidade.
Outro instrumento de grande serventia é o APARELHO DE AUDIÇÃO MUSICAL, indicado para reuniões com a chefia, as quais, invariavelmente, se dividem em cobranças e reprimendas. Este minúsculo apetrecho sonoro que se encaixa perfeitamente no ouvido do servidor, não sendo percebido pelos colegas, permitirá que você participe das reuniões de forma inócua, ouvindo sua trilha sonora preferida, mantendo um semblante de calma e lucidez enquanto os outros discutem calorosamente. Essa pacífica participação pode render-lhe uma boa nota na avaliação individual além de lhe manter monasticamente alienado de problemas sem solução.
A novidade mais esperada, entretanto, é o GERENCIADOR DE DATAPREV. Este espetacular programa faz com que o computador se desintegre após a sétima vã tentativa seguida de consultar o CNIS ou de atualizar o cadastro no CNISPF, o que pode resultar na perda total dos computadores de uma agência em menos de duas horas e o conseqüente fechamento da mesma, por impossibilidade de atendimento, e em alguns dias de folga para o servidor.
Escolha já o seu presente de Natal e mande uma cartinha para o Papai Noel, torcendo para que ele não atenda ao pedido de seu chefe porque, então, você vai ficar sem as suas prometidas 30 horas...